É comemorada no dia 26 de agosto a importante data. Com a aprovação da 19ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos, em 1920, foi garantido o direito ao voto feminino. A data se expandiu, sendo de reflexão em diversas partes do mundo.
O dia, simbologicamente, deve ser de luta para exercer direitos que deveriam ser inerentes à democracia. O voto, a título de participação, a igualdade salarial, e o enfrentamento à violência de gênero são pontos que integram a busca pela dignidade humana. Não se trata apenas de assegurar direitos às mulheres, mas de repensar toda uma estrutura social que perpetua desigualdades. A luta pela igualdade feminina é, em última análise, uma busca pela democracia, pela pluralidade, e pela valorização do ser humano em sua totalidade.
É inegável que houve progresso. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 reconheceu a igualdade de direitos entre homens e mulheres como um princípio fundamental. A participação feminina na vida acadêmica, no mercado de trabalho e em cargos de liderança cresceu de forma significativa nas últimas décadas. Movimentos sociais e legislações específicas, como a Lei Maria da Penha, reforçam a importância de políticas públicas voltadas à proteção e valorização da mulher.
Esse avanço, contudo, não pode ser confundido com vitória definitiva. A presença feminina em espaços do poder político e econômico ainda é minoritária. Dados recentes mostram que mulheres recebem salários menores do que homens em funções idênticas e enfrentam mais obstáculos para ascender a cargos de chefia. Além disso, a violência doméstica e o feminicídio revelam que a igualdade formal ainda não se traduziu em igualdade real.
O grande desafio atual talvez seja superar as barreiras invisíveis, muitas vezes legitimadas pela cultura e pela tradição. As limitações impostas às mulheres externam a persistência de desigualdades estruturais. Soma-se a isso a dupla e tripla jornada de trabalho, a sobrecarga mental, e a responsabilização quase exclusiva das mulheres pelo cuidado da família e da casa.
Outro ponto que merece destaque é a sub-representação feminina na política. Apesar de constituírem a maioria do eleitorado, elas ocupam uma minoria das cadeiras no Congresso Nacional e nos parlamentos estaduais e municipais. Essa ausência tem efeitos concretos: quando as mulheres não participam das instâncias de decisão, suas pautas tendem a ser secundarizadas ou invisibilizadas.
É necessário que governos, empresas e a sociedade civil reconheçam a urgência de implementar políticas que garantam oportunidades iguais. A equidade de gênero não é uma concessão, mas um requisito de justiça social e de desenvolvimento humano.
Existe, sem dúvida, uma longa trajetória de lutas, conquistas e resistências travadas por mulheres pelo mundo, em busca de um espaço igualitário. No entanto, embora muito já tenha sido conquistado, ainda estamos distantes de uma realidade em que a igualdade de gênero seja plenamente efetivada.
A igualdade, ao que tudo indica, até mesmo pelas estatísticas de violência de gênero, ainda é um projeto em construção. Celebrar as conquistas é fundamental, mas não podemos ignorar que as provocações devem existir. O primordial sentido da data está em assumir o compromisso de continuar avançando, para que futuras gerações possam, enfim, viver em uma sociedade em que gênero não determine privilégios, silenciamentos ou exclusões.
Nos fica o convite: a persistência na construção de um mundo mais justo, plural e igualitário.
(*) ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é Defensora Pública Estadual, mestra em Sociologia pela UFMT, do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso – IHGMT -, membra da Academia Mato-Grossense de Direito – AMD - Cadeira nº 29.
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