O Brasil, por força daqueles que já estavam à época no poder, tornou-se um país de período eleitoral curto. Na verdade, curtíssimo. Os tais 45 dias permitem muito pouco ou quase nada. Isso mesmo. E eu estou falando pra você, que está entrando no jogo agora e que vai concorrer com todos aqueles que se beneficiaram de já estarem no cargo e que transferiram milhões e milhões de reais para as suas bases, entenda-se prefeituras ou mesmo vereanças de oposição, quando não têm o prefeito daquela cidade.
O jogo é sempre bruto! Muito, mas muito bruto!
Em determinados estados, com menor número de cadeiras para deputado federal, estadual e distrital – e este artigo é escrito especificamente para quem vai disputar estes cargos em todo o país –, ainda existe uma certa rotatividade, muitas vezes fruto da dança de cadeiras: sou estadual e vou pra federal nesta eleição, sou federal e vou pro Senado ou pra governador, fora queles que se elegeram em 2022 e que se tornaram prefeitos em 2024.
Mas a troca no voto é relativamente pequena. Claro, há exceções, mas que apenas servem para justificar a regra. “Tá. Já entendi. Minha vida não vai ser fácil. Mas o que eu devo fazer para ter chances?” É isso que pretendo conversar com você neste artigo. A tal da pré-campanha. Um instrumento que passou a ter grande valor, caso seja utilizado da forma correta e no tempo correto.
Sim. Você está atrasado. Mas ainda tem salvação.
Lembra do intertítulo, lá na parte de cima deste artigo. Pois é. Vamos dar uma revisitada nele. Já gastamos quase metade do mês de novembro só pensando em partido – e sem definir ainda pra onde ir –, já começamos a fazer, de uma forma bem amadora, um trabalho com as redes sociais, iniciamos contatos com grupos políticos em algumas cidades e achamos que tudo está caminhando muito bem.
É. Mas não está. Gastar novembro e dezembro de 2025 com isso é perder tempo precioso para agir de forma profissional e conquistar espaços importantes. Então, seguem algumas perguntas importantes:
1 - Em algum momento foi realizado um diagnóstico da sua presença digital?
2 - Você fez algum planejamento, que envolve de recursos financeiros até comunicação, passando por mapa de votos, mapa territorial e tantas outras informações necessárias?
Não? Pois é. O tempo vai correr, novembro vai te engolir, dezembro vai chegar com todas as festas, que já começam a partir do dia 10 nas diversas organizações. Aí, do dia 24 de dezembro de 2025 até 1º de janeiro de 2026, o mundo não existe. No janeirão não tem professores, não tem boa parte dos servidores públicos, não tem espaços institucionais da política funcionando, em todos os Poderes da República, enfim, no Brasil, janeiro não existe pra política.
Da mesma forma, chega fevereiro. Com ele o Carnaval. Sexta já é chamada de “sexta de Carnaval”. Então, esquece. E aí a coisa rola até o outro domingo, porque não tem esse papo de que a folia termina na quarta de cinzas. Estamos falando de zero expectativa de contatos entre 13 e 22 de fevereiro. Pois é. Sua pré-campanha vai começar em março.
O que eu ganho começando agora?
Pois bem. Ganha os meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro. “Não entendi. E as festas de fim de ano, as férias, o Carnaval... como é que fica?” Bom. Vamos entender como a coisa funciona. Em novembro e dezembro você precisa fazer:
1- Diagnóstico (virtual e entrevistas em profundidade);
2- Planejamento (incluindo análise SWOT, território, base social, mapa de votos e mais uma penca de coisas);
3- Diamante, aquela entrevista longa com o(a) pré-candidato(a), que vira material pro YouTube e um tanto de recortes para as redes sociais.
Já deu pra ver que é muita coisa. E que são coisas fundamentais. Como a primeira fase da comunicação de uma campanha envolve um trabalho focado na pessoa, porque até aqui ninguém está minimamente interessado em eleições, não haverá uma grande fuga de pessoas em relação ao material sobre você que vai ser divulgado nas redes.
Fazendo um bom mapeamento do território e publicações segmentadas e direcionadas para os seus públicos de interesse, a chance de que funcione é grande. Primeiro, no chamado público orgânico. Em seguida, ampliando as ações e o tráfego pago. Sim. Tráfego pago é essencial.
Desta forma, você ocupa o janeiro e o fevereiro, além de aproveitar aquelas raras oportunidades de contato com as pessoas, que já terão algum conhecimento sobre você, sua família, suas crenças, suas preferências, sua relação com questões como religião, cultura, saúde, educação, segurança, sem ainda, claro, entrar no campo das propostas.
E as chuvas de marçovêm fechando o verão
Cumprida a primeira fase da pré-campanha, aquela em que você será, aos poucos, apresentado ao eleitor, de forma humanizada, sem entrar na política e sem ser candidato ainda – de preferência –, chega a hora de começar a tocar na ferida e dar as primeiras demonstrações de que você está no jogo e que veio para jogar firme.
A partir de março é o momento em que os governos estaduais e o governo federal dão as últimas cartadas pensando no pleito que se aproxima. É a sua oportunidade de entrar na pauta, estabelecer seu foco mais preciso – já definido lá atrás, no Diagnóstico e Planejamento –, mostrar conhecimento por aqueles três assuntos que você definiu, junto com seu grupo, que serão as suas prioridades em um possível mandato, jogar pesado nas redes, conquistar novos públicos e formar reputação digital.
Domina a narrativaquem domina a pauta
Sem pauta não tem narrativa. Não tem discurso. Não tem posicionamento. Não tem diálogo com o cidadão/eleitor. Bora partir pra cima em março e abril e preparar o caminho para entrar na terceira fase da campanha, mobilizando o máximo de pessoas, criando sua equipe de embaixadores, de defensores de suas ideias, que precisam ser transformadas em ideias do eleitor.
Já ouviram aquela história de que “o eleitor vota em si mesmo”. Muita gente reivindica a autoria, mas vai saber quem usou pela primeira vez. O importante é que, ao ouvir a sua narrativa, o seu discurso nas redes e em reuniões, o cidadão/eleitor pense: “Ele pensa como eu penso. Nós temos as mesmas causas”. É isso. A reação tem que vir de lá para cá. Conseguido isso, é meio caminho andado.
Agora, o eleitoral precisaentrar em campo de vez
Já fiz o trabalho de base. Aumentei significativamente o número de cidadãos/eleitores que me conhecem. Já consegui puxar muita gente pra defender as minhas causas, que cada um deles reconhece como suas. Agora é partir de vez para a política eleitoral. “Mas eu não assumi que sou candidato ainda?” Já, mas para públicos mais restritos, aqueles com os quais tive contato direto e aqueles que conquistei como embaixadores pelas redes.
Então, maio e junho, com uma beirada de julho são os meses em que eu vou jogar pesado na política. Um posicionamento mais claro, mostrar que tenho lado. Apontar soluções para os problemas discutidos nos níveis estadual e federal e que estarão no auge. É preciso estar muito atento para as oportunidades.
Nunca é tarde para reforçar: este artigo está sendo escrito para aqueles que vão entrar pela primeira vez na disputa eleitoral. Aqueles que já têm cargo eletivo estão em outra conversa.
Bora pra cima, queé hora de Convenção!
Final de julho e início de agosto é a hora da verdade. Chegam as Convenções Partidárias e com elas as escolhas daqueles que disputarão as vagas eleitorais. Você precisa estar consolidado aqui. O partido ou Federação precisa entender que você está preparado e que tem viabilidade eleitoral ou, no mínimo, condição de contribuir de forma significativa para a chapa.
Passado este momento, é corrida de 100 metros rasos. Tudo se intensifica, multiplica. É preciso ter foco. Saber estabelecer o Território para não se perder. Ter a Estratégia Digital de Campanha correta. Ter o Planejamento correto. Ter o Posicionamento correto. Entender como funciona a Operação de Campanha. Fazer os investimentos certos, de recursos financeiros normalmente escassos.
E você pode percorrer todo esse caminho de forma orientada. O passo certo de uma candidatura é a profissionalização. O Imersão Total 360 vai ocorrer em São Paulo, dia 19 de novembro, de 8 às 18 horas. Marcello Natale, Juarez Guedes, Rodrigo Mendes e eu vamos detalhar os passos certos para o seu projeto político.
Não seja mais um a compor o meio da tabela. Vamos pra cima!
(*) JOAÕ HENRIQUE FARIA é Jornalista. Professor Universitário. Consultor Político. Proprietário da Fator Inteligência e Marketing, empresa com 21 anos de atuação no mercado. Foi estrategista e/ou coordenador em mais de 100 campanhas eleitorais, em diversos estados brasileiros, para os mais variados cargos no Legislativo e Executivo. Associado ao CAMP (Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político). Membro Fundador do Coletivo de Estrategistas Alcateia Política. Palestrante do COMPOL Brasil e do RenovaBR. Professor universitário desde 1991, criou e coordenou a primeira Pós-Graduação em “Marketing Político” do Brasil, ministrada na Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. É professor da Pós-Graduação em “Comunicação Pública e Governamental” da PUC-Minas, na disciplina Comunicação e Marketing Político - Eleitoral e Governamental.
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