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Artigos Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025, 13:23 - A | A

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Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025, 13h:23 - A | A

GABRIEL SCARPELLINI

Entre ilusionistas de palanque e feiticeiros de gabinete

Por que continuamos elegendo quem faz mágica de fumaça. E, como reconhecer quem pratica política que permanece

GABRIEL SCARPELLINI

O universo da comunicação governamental virou picadeiro sem intervalo. A cada ciclo eleitoral brota uma nova safra de "gurus da nova política" prometendo transformar cidade ou país em Vale do Silício em quatro anos, ou dois, se o cronograma couber num Reels de trinta segundos. Vestem-se de duas maneiras: ternos impecáveis para o horário nobre ou jaquetas "raiz" para selfies na feira. Ambos empunham jargões reluzentes como varinhas de condão: "cidades inteligentes", "gestão 5.0", "parceria público-privada de impacto exponencial".

O truque é antigo: muita arte bonita, falar que tudo é possível, usar frases de efeito e zero disposição para cavar esgoto, arrumar UBS ou revisar contrato de merenda. E o espantoso, o público aplaude. Afinal, é indolor acreditar que basta votar num mágico eloquente para a rua ficar sem buraco e o dinheiro aparecer na esquina, porque emprego, ninguém quer ir procurar.

Ilusionistas x Feiticeiros

O Ilusionista de Palanque

● Uniforme: terno slim, bandeirinha na lapela, sorriso treinado.

● Arma secreta: slogan de três palavras, uma carreta de outdoor e um exército de robôs ou bobos mesmo (pagos), no digital.

● Trama padrão: promete zerar fila de creche, duplicar avenida e "digitalizar a burocracia", claro,  tudo antes do carnaval.

● Saída de emergência: na hora H, culpa "legislativo travado", "mídia hostil" ou "herança maldita". …. Daqui 4 anos novas promessas requentadas virão.

O Feiticeiro de Gabinete

● Roupa: camisa já amarelada de tanto rodar secretaria, sapato que conhece cada buraco de rua e até chama de irmão.

● Ferramentas: planilha de orçamento real, dados do IBGE, mapa de prioridades feito com vizinho de conselho comunitário.

● Roteiro: começa tapando goteira na escola, renegocia contrato de lixo, treina servidor para atendimento humanizado. Quase não aparece em live. Vive em obra e audiência pública.

● Resultado: devagar, mas consistente. Há estatística que prova. E não some: quando dá ruim, chama coletiva, assume e corrige.

Por que elegemos ilusionistas?

1. Ilusão é entretenimento. Campanha é o único momento em que política parece show. O eleitor cansado do ônibus lotado quer catarse, não planilha de custeio.

2. Prazo curto. Resultado estrutural demora. Ilusionista oferece GIF instantâneo; feiticeiro fala em ciclo orçamentário, que é um papo chato.

3. Cultura do atalho. O mesmo país que vende "emagreça dormindo" compra "governe sem cortar na carne".

Checklist – Como detectar um Ilusionista antes de apertar "Confirmar"

● Metérica de vaidade: posta print do alcance da live, mas não fala de quantas crianças receberam vacina.

● Buzzword-roulette: cada debate traz "inovação disruptiva", "data-driven", "blockchain do serviço público". Sai do tema quando perguntam sobre saneamento.

● Plano sem tabela: promete "investir bilhões" sem mostrar de onde sai o dinheiro.

● Culpa terceirizada: toda crítica é "narrativa criada pela oposição", nunca falha própria. 

Manual do Feiticeiro – Sinais de política que dura

● Orçamento na mesa: apresenta fonte de recurso, corte necessário e cronograma de execução.

● Métrica-mãe: escolhe dois indicadores (ex.: cobertura de ESF e taxa de evasão escolar) e martela neles o mandato inteiro.

● Transparência impopular: admite limite, explica fila, publica contrato.

● Presença de chão: você encontra esse sujeito às 22 h visitando UPA, não só em inauguração de selfie-stick. 

Quando o show acabaNa primeira enchente, o Ilusionista grava vídeo com drone, abraça idoso desabrigado e pede "união de todos". O Feiticeiro já tinha dragado vala seis meses antes, reduzindo metade dos alagamentos. Agora libera contingente da defesa civil antes do Jornal Nacional. 

Se você percebeu que elegeu um Ilusionista, ainda há conserto:

1. Troque palco por planilha: cobre metas específicas em audiências públicas.

2. Abra o microfone: participação popular sistemática expõe falastrão.

3. Prazos curtos: peça entregas de 90 dias com prestação de contas digital. Truque sem plateia perde graça. 

Nem todo Ilusionista é vilão; nem todo Feiticeiro acerta sempre

Existe hora para inspiração: discursos podem mover voluntários, destravar voto indeciso. O problema é confundir trailer com filme. O Feiticeiro falha, claro, mas falha em praça pública e ajusta rota. O Ilusionista troca figurino e grava novo slogan. 

Resumo para levar para a plenária, fórum ou grupo de WhatsApp:

● Promessa sem orçamento é espuma.

● Seguidor não vira merenda; like não vira leito de UTI.

● Estatística chata sustenta obra; storytelling vazio sustenta ego.

● Política de verdade cheira a tinta fresca, barro de obra e papel protocolado.

● Vote em quem suporta lama, não só flash. 

A luz voltou, o confete dorme no chão. Quem permanece em cena: o Ilusionista, procurando próximo palco, ou o Feiticeiro, suado, conferindo se a obra pegou? Você escolhe no botão verde.

(*) GABRIEL SCARPELLINI é membro fundador da Alcateia Política, é publicitário e especialista em Marketing Político e Comunicação Governamental pelo IDP. É também membro do CAMP - Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político. Possui MBA em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral e Empreendedorismo pela PUCMinas. ÉSócio da GAS 360, agência de publicidade, e atua também como consultor em marketing político.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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