Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png
dolar R$ 5,36
euro R$ 6,23
libra R$ 6,23

00:00:00

image
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png

00:00:00

image
dolar R$ 5,36
euro R$ 6,23
libra R$ 6,23

Artigos Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025, 08:56 - A | A

facebook instagram twitter youtube whatsapp

Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025, 08h:56 - A | A

ORLANDO MORAIS JR

A mulher só se realiza na bondade

ORLANDO MORAIS JR

Há virtudes que pertencem a todos os seres humanos, mas há virtudes que são o modo próprio de uma natureza se expressar. Assim como o fogo se realiza ao iluminar e a água ao fecundar a terra, a mulher só se realiza na bondade.

A bondade não é uma qualidade acessória, mas a própria forma divina que habita o feminino: a capacidade de sair de si sem se perder, de acolher o outro sem se dissolver, de sustentar o mundo sem precisar dominá-lo.

A bondade é, no feminino, a mais alta expressão da força. É uma força silenciosa, que não necessita ser proclamada. É a força que sustenta o lar, que compreende antes de julgar, que educa não por imposição, mas pela presença.

Vê-se isso na mãe que perdoa sem humilhar, na esposa que transforma a rotina em cuidado, na mulher que, em meio à vida pública, resiste à corrupção com serenidade. Em todas elas há uma mesma lei interior em ação: o poder de ir ao encontro dos fenômenos, como Deus, cuja Bondade tudo penetra sem violentar nada.

O feminismo, porém, ensinou a mulher a negar o que há de mais elevado em si mesma. Disse-lhe que a doçura é servidão, que o cuidado é fraqueza e que o homem é um inimigo. Propôs-lhe o ideal de competir, e não de elevar. Substituiu o mistério da diferença pela obsessão da igualdade, esquecendo que igualdade sem distinção é apenas nivelamento.

A mulher passou a imitar o modo masculino de agir, e com isso se tornou uma caricatura de uma força que não lhe pertence. Vive cansada, rígida, desconectada da fonte espiritual que lhe daria leveza e alegria. Ao invés de atrair, torna-se fonte de repulsa. Ou, o que é pior, sendo ela repulsiva, atrai apenas o que há de mais repulsivo no mundo e no outro.

Fala-se hoje em empoderamento, mas raramente em elevação. Exalta-se a mulher que conquista, mas ignora-se a que transforma. Louva-se a que enfrenta o mundo, mas despreza-se a que o cura. Contudo, a verdadeira grandeza feminina não está na imposição, mas na doação. A mulher não nasceu para competir com o homem, mas para completar o que nele é incompleto — e para recordá-lo, em meio às batalhas, que há algo mais alto que o poder.

Na ordem espiritual, como ensinam os filhos de Olavo de Carvalho, Tales e Luiz Gonzaga, a bondade é uma das quatro grandes potências divinas — junto da Força, da Beleza e da Majestade. É o movimento amoroso de Deus em direção às criaturas. Quando Cristo toca o leproso, perdoa a mulher adúltera ou chora diante da morte de Lázaro, é a Bondade que se manifesta: não como sentimentalismo, mas como poder de regenerar o que estava perdido.

A mulher é o espelho terreno dessa potência. Quando ama, ela cura; quando acolhe, ela ordena; quando perdoa, ela vence. A professora que vê no aluno rebelde uma dor e o chama pelo nome com ternura, a enfermeira que limpa as feridas de um doente sem repulsa, a esposa que, diante da fraqueza do marido, responde com oração silenciosa em vez de desprezo — todas participam, sem o saber, da mesma virtude que sustenta o mundo.

A mulher verdadeiramente boa não é passiva nem ingênua. É firme e mansa ao mesmo tempo. Sabe perdoar sem perder a justiça e servir sem abdicar da dignidade. Sua presença ordena, ilumina e dá sentido. Onde há uma mulher boa, há sempre um núcleo de paz.

Na tradição cristã, Maria é o arquétipo da mulher plenamente realizada. Sua força não está em dominar, mas em consentir: “Faça-se em mim segundo a tua vontade.” Nela, a Bondade se fez carne e tornou-se caminho de salvação. Em todas as tradições, o princípio feminino é o que reconcilia, cura e reordena o mundo: Deméter, que devolve a fertilidade à terra; Ísis, que recompõe o corpo de Osíris; Sofia, que reflete a Sabedoria divina. O mistério é sempre o mesmo — o poder de restaurar o que foi rompido.

A beleza da mulher não está na aparência, mas no modo como ela faz existir o que ama. A bondade é a beleza em ato — a transparência de uma alma que nada deseja senão o bem do outro. Uma mulher verdadeiramente boa ilumina o que é feio, pacifica o que é hostil e dá sentido até ao sofrimento.

A mulher só se realiza na bondade porque é nela que se torna inteira, fecunda e luminosa. Toda vez que é boa, ela volta a ser o que era no princípio: reflexo da Bondade que tudo criou.

*ORLANDO MORAIS JR é filósofo e jornalista

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.

Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.

Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM  e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.

Comente esta notícia

Algo errado nesta matéria ?

Use este espaço apenas para a comunicação de erros