O dia 1º de julho de 2022 marcou para sempre a vida da família Miyagawa, data em que o agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, o “Japão”, foi morto atingido por três tiros nas costas disparados pelo então vereador por Cuiabá, Tenente-coronel, Marcos Paccola (Republicanos). Em depoimento, o ex-parlamentar, cassado por envolvimento no caso, disse que a namorada da vítima estava sendo ameaçada e afirmou que agiu no "exercício da legítima defesa própria e de terceiros" quando soltou o gatilho.
A situação envolta em confusão foi destaque dos principais veículos de comunicação mato-grossenses pelo período de aproximadamente três meses, uma vez que pedido de cassação formulado pela vereadora Edna Sampaio (PT) sofreu série de adiamentos no parlamento cuiabano, tendo sua efetiva aprovação somente em 5 de outubro, quando a Câmara de Cuiabá, por 13 votos a 5, cassou o mandato do vereador, sob intensa pressão popular. Vale destacar que durante do processo na Câmara, Paccola concorria paralelamente ao cargo de deputado estadual, figurando apenas com 8.839 votos.
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Antes disso, em 20 de julho, a Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) havia concluído inquérito policial instaurado para apurar os fatos que levaram à morte de Alexandre. À época, a DHPP indiciou o vereador pelo crime de homicídio qualificado.
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No dia da oficialização da perda de seu mandato, Paccola fez a própria defesa em um período de mais de duas horas, ocasião em que leu boletim de ocorrência confeccionado no dia da morte de Japão, bem como destacou documento que comprovou que Alexandre estava alcoolizado, o que, segundo ele, teria prejudicado que o agente o escutasse quando Paccola teria verbalizado durante a ação, que culminou em três tiros. Ele ainda destacou conduta da namorada da vítima, Janaína Sá, e reafirmou que agiu em legítima defesa.
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Os argumentos não convenceram a maioria dos vereadores, que votou sim pela cassação. Revoltado com o resultado, Paccola se mostrou decepcionado com os vereadores, em especial Sargento Vidal, Rodrigo Arruda e Sá e Lilo Pinheiro, por terem votado a favor da cassação.
REAÇÃO DOS FAMILIARES
Na galeria, familiares usavam camisetas brancas com fotos de Alexandre estampadas. Como forma de protesto, acompanhavam a sessão de costas. A mãe da vítima, Elia Miyagawa, não conteve o sorriso depois de receber a notícia da cassação do vereador. "Eu não acreditava nessa justiça, mas, agora, com todos os meus amigos perto, todos os amigos do meu filho, eu estou muito feliz", declarou Elia, ao deixar a Câmara.
Em novembro, o Ministério Público Estadual (MPE) anexou, em ação penal, relatórios psicológico e social que concluíram prejuízos à saúde mental dos familiares da vítima. O estudo foi feito pela equipe de psicólogos do próprio Ministério Público com a idosa Élia Miyagawa dos Santos e Gustavo Miyagawa dos Santos, mãe e irmão da vítima, respectivamente.
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PACCOLA DIZ SOFRER DANO IRREPARÁVEL
Após o resultado, Paccola ingressou em 11 de novembro com agravo regimental no Tribunal de Justiça para rever a decisão que negou liminar para reintegrá-lo à Câmara Municipal de Cuiabá, por supostas falhas processuais no rito que culminaram em sua cassação.
Contudo, o desembargador Márcio Vidal rejeitou a liminar. O magistrado entendeu que, pela gravidade da conduta de Paccola, não seria cabível uma medida emergencial na atual fase processual para reintegrá-lo ao mandato.
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