Quem estava na Praça 8 de Abril naquele dia 31 de maio de 2009, exatamente às 14h30, quando foram anunciadas as 12 cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014, com quase quinze minutos de queima de fogos, blocos de escolas de samba, gente vibrando, chorando e ajoelhada agradecendo a Deus a confirmação de Cuiabá como uma das sedes, não imaginaria que sete anos depois daquela festa, a Arena Pantanal fosse se tornar um estádio inacabado, “quase” inativo e com pouco aproveitamento.
Alan Cosme/HiperNoticias

Diretoria da Agecopa já sabia que a Arena Pantanal não se manteria com futebol
Após dois anos exatos do início do Mundial (12 junho de 2014), a Arena Pantanal ainda não foi concluída em sua totalidade. Com capacidade de receber 41 mil pessoas, o estádio mato-grossense tem uma média de público de 5.904 pessoas, ou seja, menos de 13% da sua ocupação total.
Para o ex-diretor de Infraestrutura da extinta Agência Estadual de Execução dos Projetos da Copa do Mundo (Agecopa), Carlos Brito, o projeto da Arena Pantanal havia levado em consideração a realidade do futebol local, que tem pouca participação de torcedores, mas seria compensado com grandes eventos, já que a Arena seria multiuso.
“Nós sabíamos da realidade do futebol local e que a Arena Pantanal não se manteria com os recursos advindos dos campeonatos locais e regional. Por isso ela foi pensada como uma Arena Multiuso. Para receber eventos, shows e atividades que não fossem apenas os jogos de futebol”, disse Brito, lembrando que a concepção de multiuso ainda é pouco desenvolvida no futebol brasileiro.
“Para que isso funcionasse, nós tínhamos pensado, naquela época, que seria necessário fazer uma concessão para uma operadora de serviço, que administraria a Arena Pantanal para a utilização da estrutura do estádio para outros eventos. Ele foi feito com essa concepção, as paredes são móveis. Mas não sei por que motivo isso foi abandonado e se focou apenas nos jogos da Copa do Mundo”, explicou.
Marcos Lopes/HiperNotícias

Ex-diretor da Agecopa, Carlos brito conta que o projeto da Arena era previsto para ser multiuso desde o início, com os jogos regionais sendo direcionados aos COTs
Brito explicou ainda que os Centros Oficiais de Treinamentos (COTs) foram projetados para atender a demanda do futebol local, recebendo jogos e deixando a Arena Pantanal apenas para grandes eventos.
“Nós analisamos tudo e, por isso, os dois COTs foram pensados e planejados no Padrão FIFA e da CBF para poder receber os jogos do campeonato estadual. O COT do Pari mesmo foi pensado para seis mil pessoas, mas depois da Copa seria ampliado para 10 mil lugares, que atenderia a exigência da CBF para jogos oficiais. Mas infelizmente os COTs não ficaram prontos até hoje e não se contratou uma empresa para administrar a Arena”.
Já o ex-diretor de Comunicação da Agecopa, Roberto França, avalia que o conceito multiuso da Arena Pantanal ainda não está sendo levado em sua totalidade.
“Quando pensamos o estádio, primeiro foi para atender os requisitos da FIFA e para receber os jogos da Copa do Mundo. Mas depois ele seria Multiuso para receber grandes eventos, festivais, shows. E é possível fazer isso, só olharmos os jogos do Campeonato Brasileiro da Série A que tivemos. Tivemos jogos com 39 mil, 30 mil pessoas. Só precisamos apostar nesse modelo multiuso”, explicou.
Atualmente a as obras da Arena Pantanal se encontram paralisadas, já que a empresa Mendes Júnior não aceitou retomar as obras e o contrato está sendo contestado na Justiça.
Marcos Lopes/HiperNotícias

Elefante branco da Copa custou cerca de R$ 700 milhões e consome meio milhão por mês para ser mantido
O atraso pode afetar ainda mais os cofres públicos já que ainda falta concluir os requisitos para a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), atestado do selo ambiental e sustentável do estádio, que custou cerca de R$ 700 milhões. Dentre as cláusulas previstas no contrato com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financiou R$ 400 milhões, está a de inadimplência de obrigações não financeiras, na qual a certificação LEED está inclusa. Caso o reconhecimento socioambiental não seja finalizado, o Estado fica sujeito ao pagamento de multa de 1% ao ano em relação ao saldo devedor. E esse prazo termina dia 31 de dezembro.
Segundo o secretário de Estado de Cidades Eduardo Chilleto, as obras só serão retomadas após a decisão da Justiça. “Se ela decidir que a Mendes Junior terá que concluir as obras, nós vamos solicitar a imediata retomada dessas obras. Caso a Justiça decida pelo rompimento do contrato, nós vamos abrir uma nova licitação para contratar outra empresa para concluir as obras. Espero que até o dia 31 de dezembro o Estádio esteja 100% em funcionamento”, disse Chilleto.
Os problemas na Arena Pantanal já impediram a realização de jogos da série A do Brasileirão deste ano em Cuiabá. Sem laudo técnico por conta dos problemas de acabamento nas partes elétrica, hidráulica, na limpeza e até no gramado, a CBF vetou a realização de grandes jogos em Cuiabá.
Mesmo sem a conclusão total das obras, o estádio já recebeu mais de 150 jogos desde o dia 13 de junho de 2014, quando Chile x Austrália rolaram a primeira bola da Copa do Mundo em Cuiabá.
A construção da Arena Pantanal teve um custo de cerca de R$ 700 milhões. Já a manutenção do estádio custa ao governo do Estado cerca de R$ 500 mil por mês.
COT SEM JOGOS
Outra duas obras que eram fundamentais para que a terra de Dom Aquino recebesse os jogos do Mundial eram os Centros Oficiais de Treinamento (COT) da UFMT e do Pari. Nenhuma das duas saiu do papel.
CGcom-MT

Projetados para os treinamentos das seleções estrangeiras, gramados dos COTs nunca viram uma bola rolar
O COT da UFMT aguarda a conclusão da pista de atletismo para os Jogos Estudantis Brasileiros, que ocorrerá em novembro. A responsabilidade do projeto é da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
"Nós dividimos esta obra em três partes. A do campo e de toda sua estrutura está quase pronta. Já a pista de atletismo estamos aguardando a UFMT concluir, por conta dos Jogos Estudantis. O atraso se deu por conta dos projetos, que a antiga gestão entregou com problemas. Então tivemos readequar os projetos para dar continuidade nas obras, e a UFMT está responsável por essa readequação", explicou Chilleto.
Já o COT do Pari será transformado em um Centro Paraolímpico, buscando recursos do Ministério dos Esportes.
"Tivemos um primeiro contato com o Ministério dos Esportes e ventilamos essa possibilidade, porque o Cot do Pari não tinha recursos federais. Transformando em um Centro Paraolímpico teríamos esses recursos. Então, como ele não serviu para a Copa, que sirva para a população, sendo um centro de referência ao esporte paraolímpico".
VEÍCULO LEVE SOBRE TRILHOS (VLT)
O tão sonhado transporte público moderno, que colocaria Cuiabá como uma das poucas cidades na América do Sul a possuir o VLT, cruzando as duas principais avenidas da Capital, se transformou em um pesadelo para a população e para os gestores públicos. Além dos problemas judiciais e financeiros, o VLT se tornou um problema estético para Cuiabá.
O que deveria ser uma obra para o desenvolvimento se tornou uma feia cicratiz que entristece quem passa pelas ruas de Cuiabá e Várzea Grande. Segundo Chilleto, para a conclusão da obra seria preciso mais R$ 600 milhões, fazendo o custo total do VLT chegar a R$ 1,6 bilhão.
Já o Consórcio VLT, diz que será preciso mais R$ 1,3 bilhão, ou seja, quase o mesmo valor do orçamento original da obra, que era de R$ 1,4 bilhão.
Outro problema que o governo tenta resolver é de como operar o VLT quando ele finalmente for concluído. Segundo o secretário de Cidades, uma Parceria Público Privado (PPP) é a principal aposta do Executivo.
"Já estamos analisando a possibilidade de uma PPP para fazer com que o VLT funcione. Mas, mesmo assim, teria um gasto de R$ 39 milhões por ano para o governo. Ou seja, é um modal quase que inviável", explicou.
Dois anos depois, as obras inacabadas continuam presente no dia-a-dia do cuiabano. O que sobrou realmente foi o reconhecimento como a mais simpática e acolhedora Copa de todos os tempos.
Os chilenos se foram, os alemães levaram a taça e o "Mineiraço" ainda dói em nossos corações. O que ficou claro para todos nós é que o futebol brasileiro, como um todo, terá que se reinventar se quiser reviver no futuro os velhos tempos de glória. Assim como nossos gestores, que precisarão se reinventar para ganhar novamente a confiança do povo.
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Carlos Nunes 13/06/2016
Enquanto isso...o Jornal Nacional mostrou que as duas raposas da FIFA (o ex-presidente e ex-secretário, ambos expulsos) receberam, por debaixo do pano, 240 Milhões de propina na Copa 2014 - Ih! se esses corruptos receberam tudo isso, quanto será que faturaram os corruptores. Bilhões? Copa 2014 foi o marketing político, o Circo, que fracassou; aliás nem era para ter vindo pró Brasil, pois o que torraram, para ter só um mês e meio da futebol, dava para melhorar a beça a Saúde, por exemplo. Agora as Olimpíadas vão no mesmo caminho; para ter 17 dias apenas de Olimpíadas torraram BILHÕES no Rio de Janeiro. O Jornal da Record fez 5 matérias, intituladas RIO DE JANEIRO NA LAMA, onde denuncia corrupção e até aponta alguns suspeitos. Tem os mesmos problemas que a Copa, obras de péssima qualidade - uma ciclovia já até despencou e matou gente. Enquanto isso...no Rio de Janeiro não tem dinheiro prá Saúde, nem para pagar aposentados e funcionários públicos; mas para 17 dias de Olimpíadas apareceu dinheiro aúfa. Em Cuiabá, para terminar as obras da Copa, a Arena Pantanal, os COTs, e o fantasma do VLT, vai precisar de BILHÕES DE REAIS. Ah! O VLT...ainda vão fazer, depois que o ex-secretário da Secopa, Maurício Guimarães, em seu depoimento, já disse que VLT DÁ PREJUIZO - falou que: o VLT do Porto em Portugal, que inspirou o VLT daqui, dá anualmente ao governo português um prejuízo de 1 Bilhão de Reais. Aqui em Cuiabá, que não tem ainda demanda suficiente, vai dar mais prejuízo, e nós vamos ter que pagar "os custos e os prejuízos" NA MARRA, senão o negócio não vai andar. Além de ficar na mão dos espanhóis eternamente, pois só eles tem a tecnologia, o Know-how, a assistência técnica, e as peças de reposição.
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