O resultado -nada menos que 18 mil tipos de artrópodes em apenas meio hectare de mata- é a estimativa mais precisa já obtida a respeito da diversidade desses seres, que correspondem a mais de 80% dos animais da Terra.
"Até onde sabemos, conseguimos amostrar todos os habitats, do solo da floresta ao alto das árvores, e todos os principais grupos de artrópodes", diz o brasileiro Sérvio Pontes Ribeiro, da Universidade Federal de Ouro Preto, coautor do estudo na edição de hoje da revista "Science".
Ribeiro é especialista na diversidade de bichos no chamado dossel superior, a área mais alta da floresta.
Paradoxalmente, diz ele, o ambiente nessa região lembra o do cerrado: muita luz solar, pouca umidade e nutrientes mais escassos.
As condições especiais favoreceram a evolução de insetos que põem seus ovos dentro das folhas e formam uma espécie de tumor vegetal nelas -um abrigo mais úmido e nutritivo para elas.
Mapeando esse e outros ambientes com vários tipos de armadilhas e redes, os cientistas estimam que, em toda a floresta de San Lorenzo, com seus 6.000 hectares, há cerca de 25 mil espécies.
Curiosamente, um único hectare é suficiente para abrigar dois terços desse total.
"Essa é a grande mudança trazida pelo nosso estudo", afirma Ribeiro.
"Achava-se que a maioria das espécies de artrópodes existia em espaços muito pequenos. O que nós estamos vendo é que elas ocorrem em áreas amplas e provavelmente precisam de territórios grandes."
A equipe está replicando a metodologia em outros lugares, como a Austrália e Vanuatu, na Polinésia.
Com mais dados, a expectativa é que seja possível ter uma ideia mais clara sobre outro número misterioso: quantas espécies, no total, existem na Terra toda.
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