A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, ofereceu nesta quinta-feira a primeira recompensa a Mianmar pelas recentes reformas democratizantes, ao prometer que os EUA apoiarão a concessão de ajuda econômica e estudarão a hipótese de instalar novamente um embaixador no país.
Durante uma visita história a Mianmar, Hillary disse ter mantido uma conversa "franca e produtiva" com o presidente Thein Sein e com ministros birmaneses, aos quais anunciou a intenção de apoiar novas reformas e eventualmente suspender sanções.
A primeira viagem de uma secretária de Estado dos EUA ao país desde 1955 é uma tentativa de reaproximação do país asiático depois de mais de 50 anos de distanciamento do Ocidente.
A ex-Birmânia passou décadas sob um regime militar que isolou o país, mas recentemente os generais libertaram parte dos presos políticos e fizeram a transição para um governo nominalmente civil.
A secretária usou a visita também para pedir a libertação dos demais presos políticos e pressionar o governo local a romper seus contatos secretos com a Coreia do Norte.
O presidente birmanês Thein Sein saudou a visita de Hillary Clinton, que, segundo ele, constitui um novo capítulo nas relações bilaterais.
"Sua visita é a primeira em cinco décadas. Sua visita é histórica e será um novo capítulo nas relações entre ambos países", declarou o presidente durante um encontro com Hillary em Naypyidaw.
O chefe de Estado de Mianmar é também líder do Partido do Desenvolvimento e Solidariedade da União, declarado ganhador das eleições legislativas realizadas em novembro do ano passado e capitaneado por ex-generais ligados ao antigo regime.
Ainda nesta quinta-feira, Hillary viaja para Yangun, maior cidade de Mianmar, onde terá dois encontros com a dirigente oposicionista Aung San Suu Kyi.
EMBAIXADA
Após as reuniões em Naypyitaw, Hillary anunciou várias medidas de reaproximação, inclusive a possibilidade de reinstalar um embaixador, após duas décadas de ausência.
Depois da brutal repressão militar a protestos em 1988, e da anulação de eleições vencidas pelo partido de Suu Kyi, em 1990, os EUA rebaixaram o status da sua representação diplomática em Mianmar, que passou a ser comandada por um encarregado de negócios, e não mais por um embaixador.
A restauração do status anterior, disse a secretária, "pode se tornar um canal importante para expressarmos preocupações, para monitorar e apoiar o progresso, para construir confiança. Esses são passos iniciais, e estamos preparados para ir mais longe se as reformas mantiverem o seu ímpeto".
Hillary disse ainda que os EUA apoiarão as novas missões de avaliação do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, destinadas a impulsionar a frágil economia birmanesa. Ela citou também programas de cooperação da ONU para a promoção da saúde e combate aos entorpecentes.
Mas a secretária de Estado negou que a reaproximação seja uma forma de se contrapor à influência da China no país, e disse que Washington sempre consultará Pequim a respeito da sua presença na Ásia. "Não estamos aqui para nos opor a nenhum país. Estamos para apoiar este país."
Entidades de direitos humanos e alguns parlamentares dos EUA temem que o governo de Barack Obama esteja se apressando em dar seu aval à nova liderança birmanesa, mas Hillary deixou claro que ainda espera ver mais progressos.
SANÇÕES
A secretária de Estado disse que os Estados Unidos considerariam amenizar as sanções contra Mianmar se o país asiático promover reformas concretas, mas não apenas com base em promessas.
Mas Hillary afirmou que compromissos teóricos ou retóricos não seriam suficientes, e mudanças significativas eram necessárias antes que as sanções pudessem ser amenizadas.
"Eu disse à liderança que certamente iríamos considerar a redução e a eliminação das sanções à medida que estivermos avançando nesse processo juntos", afirmou a jornalistas após reunião com o presidente Thein Sein.
"É necessário que não seja teórico ou retórico, mas muito real, concreto, que possa ser avaliado. Mas estamos abertos para isso e buscaremos muitos caminhos diferentes para demonstrar nosso apoio nesse processo de reforma."
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