O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, condenou quatro membros de uma quadrilha que veio de São Paulo para aplicar golpes na Grande Cuiabá. Breno Boadas da Silva, Emerson Campos Costa, Juliano Silva Paula e Vinícius Aparecido Ribeiro dos Santos foram condenados, cada um, a oito anos de reclusão, sendo oito anos por estelionato e três anos por organização criminosa. A decisão é desta terça-feira (6).
Entre 25 e 30 de maio de 2023, a Delegacia Especializada em Crimes de Estelionato de Cuiabá registrou 12 denúncias de um esquema de estelionato envolvendo entregas falsas de cestas de chocolates e kits de presente. Os golpistas, que se deslocaram de São Paulo, usavam o WhatsApp com DDD local para informar às vítimas que haviam ganhado um brinde. O único custo seria o pagamento de uma taxa de entrega a ser paga por cartão de crédito.
Os criminosos, então, faziam várias tentativas de cobrança, alegando problemas nas máquinas, e depois saíam sem entregar o brinde. Os pagamentos, muitas vezes muito superiores à taxa prometida, eram efetivados em nome dos réus.
Em um dos casos descritos na ação, no dia do seu aniversário, uma vítima recebeu uma mensagem pelo WhatsApp de uma mulher que se identificava como “Jane”, informando que ela havia ganhado uma cesta de presentes da Cacau Show, mediante o pagamento da taxa de entrega no valor de R$ 5,99. Como era seu aniversário e o valor da taxa era baixo, a vítima não desconfiou.
Quando o entregador chegou em sua casa, ela tentou fazer várias tentativas de pagamento da taxa pelo cartão de um banco. Sem sucesso, tentou pelo cartão de outro banco. O entregador informou que iria verificar o erro e retornaria depois. Logo após o ocorrido, a vítima descobriu que foram realizados três pagamentos nos dois cartões, totalizando R$ 12 mil.
“A gravidade do crime se reflete não apenas no valor elevado do prejuízo financeiro causado, mas também na complexidade da organização criminosa, que veio de outro estado da federação apenas para obter vantagem ilícita, possuindo dados pessoais das vítimas, tais como data de nascimento e contato telefônico, além da pretensão de se evadirem da cidade após o sucesso da empreitada criminosa, já tendo enviado a motocicleta utilizada, evidenciando o grande risco que o esquema representa para a sociedade”, explicou a vítima.
Os suspeitos foram reconhecidos por nove vítimas em audiências, e as provas, incluindo imagens de câmeras de segurança, corroboraram as denúncias.
Além da condenação, o Ministério Público pediu a condenação dos réus ao pagamento de indenizações pelos danos materiais causados pelos estelionatos. Durante a instrução, as vítimas e testemunhas foram ouvidas sobre os valores subtraídos, permitindo aos réus discutir o montante a ser reparado, que ultrapassa os R$ 126 mil.
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