No segundo dia de audiências da Operação Sodoma, na Vara de Combate ao Crime Organizado no Fórum de Cuiabá, o primeiro depoente é o empresário Júlio Minoru Tisuji, proprietário da Web Tech Softwares e Serviços. Ele também é um dos delatores do suposto esquema de lavagem de dinheiro, concussão, extorsão, tentativa de fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, fraude processual e organização criminosa que, segundo o Minsitério Público Estadual, foi comandada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e os ex-secretários Pedro Nadaf e Marcel de Cursi.
Questionado pela promotora Ana Cristina Bardusco, responsável pela denúncia da Sodoma, Júio Tisuji disse que tinha contrato com o Estado desde 2011 e que estava negociando a renovação. Por isso, pagava 15% de propina, porém o valor subiu para 20% de todo crédito de seu contrato. Para ter uma tranquilidade de que teria o contrato renovado, ele permaneceu com o pagamento de propina e ainda contou com José Jesus Nunes Cordeiro, ex secretário adjunto de Administração de governo, para intermediar que ele vencesse a licitação sem nenhuma concorrência.
"Fui orientado por Cordeiro para que eu procurasse o também secretário César Zílio para negociar os pagamentos", comentou. Ainda, segundo o delator, esse dinheiro era pago em cédulas, no gabinete do secretario Zilio. O dinheiro era pago em espécie, apenas uma vez que fiz o pagamento em um posto de combustíveis e em dois momentos em cheque, sendo o primeiro valor em R$ 35 mil e outro em valor de R$ 50 mil", comentou Júlio.
O empresario também afirmou o que já havia sido interposto pelo próprio Ministério Público, que quando o secretário Zilio deixou o cargo, o dinheiro da propina continuou sendo pago ao gabinete, porém, dessa vez ao então secretário Pedro Elias, que assumiu a pasta.
"A última propina paga a Pedro Elias foi de R$ 280 mil, divididos em 14 cheques de valores menores, que nao chegaram a ser descontados", disse o delator, sem informar a data.
Conforme o colaborador, em 2014, quando negociou a propina com zilio, foram cobradas e aumentadas sob a alegação de que seria utilizada para despesas de campanha.
Durante os anos em que houve os repasses. Júlio disse que foi procurado por Cordeiro que diretamente o pressionou para o pagamento em dia. "Olha, tem empresa querendo tomar seu contrato" dizia Cordeiro, que seria o braço armado do governador.
Questionado pela promotora sobre contato com o fiscal de contratos, Bruno Saldanha, Júlio disse que foi procurado por ele e que passou no total, R$ 25 mil.
"Os pagamentos não eram fixos, eles ocorriam conforme os créditos recebidos pela empresa. Ao todo foi pago R$ 600 mil para Cezar Zilio e 700 mil para Pedro Elias, durante seu contrato", comentou o delator, confirmando que em quatro anos ele recebeu R$ 4 milhões de contrato com a Secretaria de Administração.
Questionado pela defesa de Francisco de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, se havia alguma vez passado dinheiro para ele, Júlio negou. Também negou que manteve contato com o ex-governador ao ser perguntado pelo advogado do réu
No fim, Júlio comentou que pagou cerca de R$ 1,3 milhões de propina, o que não inclui os R$ 280 mil de cheques não foram descontados.
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