Domingo, 16 de Fevereiro de 2025
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png
dolar R$ 5,70
euro R$ 5,99
libra R$ 5,99

00:00:00

image
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png

00:00:00

image
dolar R$ 5,70
euro R$ 5,99
libra R$ 5,99

Cuiabanália Sábado, 14 de Dezembro de 2013, 10:23 - A | A

facebook instagram twitter youtube whatsapp

Sábado, 14 de Dezembro de 2013, 10h:23 - A | A

CUIABANÁLIA

Medo faz repórteres fugirem da cobertura jornalística em Barra do Garças

Morte de padre no Araguaia ganhou destaque na imprensa nacional e mundial, principalmente na Alemanha, sua terra natal

NELSON SEVERINO







Romper da aurora de 15 de julho de 1976. Um grupo de fazendeiros, comandados por João Mineiro, invadem a Missão Salesiana Meruri, em General Carneiro, e mata o padre Rudolf Lunkenbein e o índio Simão Okóge Ekundugódu, o Simão Bororo, morrendo também no tiroteio um menino filho de um posseiro das terras pertencentes aos índios.

O fato ganhou grande destaque na imprensa nacional e internacional, principalmente na Alemanha, terra do padre Lunkenbein, e que era o diretor da missão religiosa.

Nem bem Mato Grosso tinha se recuperado do baque das três mortes e o Estado é palco de outra verdadeira tragédia: no dia 12 de outubro, o soldado Esy Ramalho Feitosa, do destacamento da PM em Ribeirão Bonito, esbofeteou e atirou na cabeça do padre João Bosco Penido Burnier, no interior da cadeia pública de Ribeirão Cascalheira. Burnier morreu poucas horas depois em um hospital de Goiânia.

O padre João Bosco tinha ido à cadeia pública em companhia de dom Pedro Casaldáliga, bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, para interceder a favor de duas agricultoras que estavam sendo torturadas naquela prisão temporária.

Lenine Martins/Secom-MT

Dom Pedro Casaldáliga, de São Félix do Araguaia, atuou sempre a favor de direitos civis, como o de acesso à terra e defesa de minorias, como índios

Sofrendo pressões de todos os lados, as autoridades de Mato Grosso trataram de apressar os processos, principalmente o que envolvia João Mineiro, que foi julgado pouco tempo depois.

Véspera do dia de julgamento de João Mineiro, que respondia ao processo em liberdade. Barra do Garças, por onde transcorreu o processo, vivia em clima de grande tensão, com a presença de muitos jornalistas de fora.

No final da tarde da véspera do julgamento, o correspondente de um jornal carioca chega ao Hotel Esplanada, onde estava hospedado todo mundo da imprensa, e depara-se com uma cena que bem caracterizava o clima de terror que imperava na cidade.

CONFRONTO FÍSICO

O padre Antonio Iasi Junior, secretário geral do Conselho Indigenista Missionário – Cimi, tentava desarmar João Mineiro, que tinha ido ao hotel para matar o jornalista Luiz Salgado Ribeiro, repórter especial do jornal O Estado de São Paulo, que tinha publicado várias matérias sobre a chacina de Meruri, como ficou conhecida a invasão a Missão Salesiana.

Depois de muito custo, João Mineiro concordou em largar o revólver, mas sem desistir de matar o jornalista, o que levou Luiz Salgado Ribeiro a fazer a cobertura do julgamento disfarçado e com muita cautela.

Duas repórteres de Brasília chegaram a Barra do Garças animadas com o trabalho jornalístico que pretendiam fazer sobre o julgamento de João Mineiro. Inclusive tinham saído pelas ruas, levantando dados sobre o município, que emancipado em 1948, chegou a ser o maior do mundo, com uma área de 273 mil km2.

RECURSOS DA SUDAM

Barra do Garças tinha ficado famosa pelo volume de recursos que a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – Sudam, havia “despejado” no município, a partir de 1967, para financiar grandes projetos de criação de gado.

Dizia-se que se os projetos não tivessem virado mansões, piscinas, aviões, indústrias, etc., Barra do Garças ia produzir bois para abastecer, sozinha, o mercado de carne brasileiro...

Pretendiam fazer, pois quando as duas jornalistas chegaram no hotel e ficaram sabendo do episódio envolvendo o padre Iasi e João Mineiro, subiram os dois pisos do hotel correndo, arrumaram as malas e se mandaram para a estação rodoviária, que ficava ali por perto, e pegaram o primeiro ônibus que saiu para Goiânia...

Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.

Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.

Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM  e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.

Comente esta notícia

Algo errado nesta matéria ?

Use este espaço apenas para a comunicação de erros