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Cuiabanália Domingo, 27 de Outubro de 2013, 10:51 - A | A

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Domingo, 27 de Outubro de 2013, 10h:51 - A | A

ENTREVISTA DA SEMANA

Com 32 anos de mando no futebol, Orione vê com otimismo a Copa em Cuiabá

Texto traz história da eleição de Júlio Campos para federação, onde ficou 5 dias e a intervenção e o reinado do atual presidente

NELSON SEVERINO






Maio de 1976: o desconhecido engenheiro agrônomo Júlio José de Campos dá um golpe de mestre na eleição da Federação Mato-grossense de Desportos, atual FMF, para escolha do novo presidente, votando nele mesmo várias vezes, através de procurações de clubes e ligas amadoras, conquistando uma surpreendente vitória.

O candidato derrotado, Levy Prado, que havia assumido a presidência da entidade no lugar do licenciado Agripino Bonilha Filho, apelou para o famoso advogado do mundo esportivo Valed Perry, do Rio de Janeiro, que entrou com uma ação de nulidade no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e conseguiu anular o pleito.

A briga foi parar na Confederação Brasileira de Desportos da época, antecessora da atual CBF, que enfrentava também alguns problemas de ordem legal. O presidente da CBD, João Havelange, havia sido eleito presidente da Fifa, sem ter renunciado ao cargo na entidade máter do futebol brasileiro. O governo militar decidiu, então, intervir numa área privada, nomeando o almirante reformado Heleno Nunes como interventor na CBD.

Imediatamente, a CBD nomeou o procurador do Estado de Mato Grosso, Carlos Orione, interventor da FMD. Ele tomou posse dia 31 de maio de 1976, apeando do cargo Júlio José de Campos, que ficou na presidência apenas cinco dias.

Marcos Lopes/HiperNotícias

Primeiro mandato de Orione, como interventor, começou em 31 de maio de 1976 na federação

A intervenção de Orione na FMD durou cinco anos. Nesse período, antes da divisão do Estado, ele criou a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, em 1978, e em 1979 presidiu a Assembleia Geral Extraordinária de criação da Federação Mato-grossense de Futebol, em substituição à FMD, e a transformação dos departamentos da entidade nas atuais federações.

Com o fim da intervenção de Orione, foi eleito para presidente o deputado estadual João da Silva Torres, que cumpriu dois mandatos. Em 86, Orione foi eleito para a presidência da FMF e não saiu mais do cargo.

Contado o período de intervenção, são 32 anos de Orione no comando do futebol profissional de Mato Grosso. Aos críticos do seu longo “reinado”, ele tem um argumento: à época das eleições, como determina os estatutos da entidade, é aberta inscrição para os candidatos interessados em disputar o pleito.

Mas, geralmente, não aparece ninguém e ele vai sendo aclamado presidente pelos clubes e ligas amadoras com direito a voto. E se aparece, desiste logo, porque sabe que é perda de tempo: com os votos que tem nas mãos, o eterno presidente da FMF é imbatível.

Orione está animado com a realização de uma das fases da Copa do Mundo de 2014 em Cuiabá no ano que vem. Ele acha que o maior ganho que Cuiabá e Mato Grosso vão ter é a divulgação no mundo inteiro.

Ele defende a construção da Arena Pantanal, cujo conforto e segurança deverão atrair para o estádio os torcedores de Cuiabá que vão sentar em cadeiras de R$ 340,00, segundo último acordo de aquisição, ao invés de "acomodar o bumbum no concreto duro do Dutrinha". “A cidade vai ganhar muito em vários aspectos com a Copa do Mundo aqui”, garante Carlos Orione.

HiperNotícias – Como presidente da principal entidade do futebol de Mato Grosso há mais de 30 anos, quais são suas perspectivas em relação à realização de uma fase da Copa do Mundo de 2014 em Cuiabá?

CARLOS ORIONE – É um privilégio não só para a Federação Mato-grossense de Futebol, mas para todos os segmentos esportivos do Estado de Mato Grosso. A Copa do Mundo é a maior competição esportiva do mundo inteiro. De forma que é um privilégio muito grande sua realização aqui. Por isso, temos que aplaudir e dar todo apoio aos organizadores para que tudo ocorra dentro da maior normalidade e que todos que passarem por aqui durante o certame levem de Cuiabá a melhor imagem possível.

HiperNotícias – Em sua opinião, quais benefícios essa Copa do Mundo vai trazer para Cuiabá?

CARLOS ORIONE – Além da divulgação do nome de Mato Grosso e de Cuiabá no mundo inteiro, logicamente tem também a parte esportiva, com a presença na capital mato-grossense de treinadores, dirigentes de entidades ligadas ao futebol e presidentes de clubes do Brasil inteiro. E com a empolgação da Copa do Mundo, vamos lutar para que o Brasil seja campeão dessa magna competição.

Marcos Lopes/HiperNotícias

Presidente Orione fala sobre o conforto e impacto que Arena Pantanal vai trazer para o torcedor

HiperNotÍcias – Quais os legados que a Copa do Mundo vai deixar para a capital mato-grossense?

CARLOS ORIONE – Tem os legados de ordem política, de ordem administrativa, de ordem geográfica, mas, principalmente a divulgação de Mato Grosso para conhecimento do mundo. Muitas vezes o que se observa na imprensa internacional é querer saber onde fica Mato Grosso, a que país pertence. São coisas que todo mundo desconhece. Agora não! Com a Copa do Mundo todo mundo vai ficar sabendo que Cuiabá é capital de Mato Grosso, que é um Estado muito importante do Brasil.

RETOMADA DO FUTEBOL

HiperNotícias – O senhor acha que depois da Copa do Mundo em Cuiabá o futebol mato-grossense pode retomar a trajetória que o levou à elite do futebol brasileiro na década de 70, com o Mixto disputando o Campeonato Nacional?

CARLOS ORIONE – Nós estamos adiantados em relação à década de 70. Na a época, a década de 70 era fantástica. Mas hoje não representa quase nada em função do dinamismo de novos e maiores acontecimentos. Vamos dar um exemplo: a interiorização do futebol de Mato Grosso não existia. Hoje, as equipes mais organizadas do futebol de Mato Grosso são do interior do Estado.

HiperNotícias – Os atuais clubes de Mato Grosso, nas condições financeiras em que se encontram, vão ter condições de jogar na Arena Pantanal, onde os custos para realização de jogos são muito superiores aos do Dutrinha e suas arrecadações são insuficientes para cobrir as despesas do agora estádio municipal da cidade?

CARLOS ORIONE – Uma coisa é o Dutrinha acanhado, antigo, com mais de 50 anos; outra é a Arena Pantanal, um estádio moderno, bonito, que vai oferecer conforto e segurança aos espectadores. Então, o torcedor irá ao estádio para desfrutar do conforto e também para assistir jogos. Há uma grande diferença entre o torcedor sentar numa poltrona que vale quatrocentos reais e você botar o bumbum no concreto do Dutrinha.

Mayke Toscano/Hipernoticias

Carlos Orione discorda das críticas que tem recebido da Imprensa e de simpatizantes do futebol mato-grossense

HiperNotícias – O senhor sempre disse que nem jogo da Seleção Brasileira de Futebol lotaria o Verdão com seus 38 mil lugares como nos tempos dos clássicos entre Dom Bosco, Mixto e Operário. Por que então construir um estádio tão grandioso com capacidade para 43 mil pessoas?

CARLOS ORIONE – Quando o Verdão foi construído [iniciado no governo de José Fragelli e concluído em 76 com Garcia Neto], Cuiabá tinha 150 mil habitantes. Hoje, Cuiabá e Várzea Grande têm quase 1 milhão de pessoas. Então, a diferença começa por aí. Por isso, a população dos dois municípios exerceu grande influência sobre a capacidade de público da Arena Pantanal.

CONCORRÊNCIA E DESGASTE DO FUTEBOL


HiperNotícias – A que o senhor atribui a vertiginosa queda do futebol de Mato Grosso: decepção dos torcedores com o baixo nível técnico do futebol estadual, pois além de pagar ingresso, a ainda tem despesa com transporte? Surgimento de novas opções de lazer? Concorrência da televisão, que transmite ao vivo clássicos brasileiros e mundiais?

CARLOS ORIONE – Olhe, eu discordo da pergunta. O futebol de Mato Grosso não está em queda. Pelo contrário, nosso futebol nunca esteve como está hoje. Nós temos futebol de janeiro a 10 de dezembro [quando começa o período de recesso obrigatório da bola], com muitas competições esportivas, com muitos torcedores, com muito entusiasmo da própria imprensa. Eu discordo do pensamento do repórter.

HiperNotícias – O futebol mato-grossense tem futuro se continuar com essa política de contratar jogadores de outros centros, deixando de investir nas divisões de base?

CARLOS ORIONE – Esta pergunta deve ser dirigida aos clubes. A FMF não administra clubes. Ela é uma entidade que congrega clubes. De forma que qualquer coisa que acontecer referente a clubes, a pergunta deve ser feita a eles e não à federação.

HiperNotícias – O senhor não acha que a verba que o Governo do Estado repassa todos os anos aos clubes profissionais seria melhor aproveitada se parte dela fosse investida em escolinhas para formação de futuro jogadores?

CARLOS ORIONE – Teria utilidade para formação de jogadores e outras coisas. Mas a colaboração do Estado é muito pouca e já faz uns dois ou três anos que o governo estadual não colabora conosco. A verba ajuda, mas não é a principal receita do nosso futebol.

HiperNotícias – Torcedores saudosistas acham que o que está faltando no futebol mato-grossense são dirigentes da estirpe de Rubens dos Santos, Joaquim de Assis, Lino Miranda, Henrique Gori. O senhor concorda com quem pensa assim?

ESPORTE DE ONTEM E HOJE

CARLOS ORIONE – Não questiono esses cidadãos e desportistas que trabalharam comigo quando eu era interventor da federação, como delegado da CBF e também como participantes internos do nosso futebol. São de fatos pessoas importantes que ajudaram muito o futebol mato-grossense. Alguns deles [Lino Miranda e Joaquim de Assis], infelizmente, já partiram. Mas tudo é relativo. Uma coisa era o futebol dos anos 50, 60, 70, que eles viveram. Outra, é o futebol de hoje, completamente diferente.

HiperNotícias – Em seus mais de 30 anos no comando do futebol de Mato Grosso teve algum momento em que o senhor pensou em desistir? E se teve, por que?

CARLOS ORIONE – Eu fui nomeado interventor da Federação Mato-grossense de Futebol e fiquei cinco anos no cargo. Depois, eleito presidente, fui sendo aclamado e estou no cargo até hoje. Não tenho do que reclamar.

HiperNotícias – Torcedores, dirigentes de clubes e até parte da Imprensa sustentam que seu longo “reinado” na federação tem prejudicado o futebol profissional, porque a entidade nunca apresenta propostas e projetos para a melhoria desse esporte. O que o senhor acha dessas opiniões?

CARLOS ORIONE – Esta pergunta não tem nem resposta, de tão ingênua e inverídica. Eu não estou no cargo porque me nomeei. Quem me nomeia são os clubes, sou eleito por unanimidade. Temos hoje mais de 70 clubes e ligas filiados à federação. É com eles, e não comigo, que esse pessoal tem que se ver. Eu sou eleito, não sou indicado. E não estou invadindo área de ninguém.

HiperNotícias – Acusam também [as mesmas pessoas] que os dirigentes das federações estaduais de futebol têm grande apego ao cargo por causa da mordomias que a CBF proporciona aos mandatários das entidades, incluindo viagens para assistirem jogos da Copa do Mundo. O que tem de verdade nessas acusações?

CARLOS ORIONE – A pergunta é muito ofensiva, não merece resposta...

NOTA DA REDAÇÃO

A entrevista foi feita através de perguntas encaminhadas previamente ao presidente Carlos Orione, daí porque muitos questionamentos, com base em suas respostas, deixaram de ser feitos.

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Marcos Lopes/HiperNotícias

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