O incêndio que destruiu todo o Shopping Popular, conhecido como “camelô”, em Cuiabá, irá completar 15 dias e, até o momento, os cerca de 600 lojistas não têm um novo local de trabalho. Por esta razão, atualmente, os comerciantes ocupam trecho da avenida Carmindo de Campos, próximo de onde ficava o centro comercial. Neste semana, o Ministério Público barrou a transferência dos lojistas para o Complexo Dom Aquino e os empresários seguem sem um local de realocação. A limpeza dos escombros deve ser feita na próxima semana para, em seguida, a gestão municipal buscar soluções para reconstrução do prédio.
De forma improvisada, os lojistas ocupam toda calçada, que pega do estacionamento do camelô até as imediações do Complexo Esportivo Dom Aquino Corrêa, e parte da avenida Carmindo de Campos. No trecho da avenida em que o tráfego ocorre em um único sentido, a passagem de veículos está ocorrendo em apenas uma faixa devido à ocupação dos vendedores. A Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) informou que não está acompanhando a situação.
A reportagem do HiperNotícias esteve no local e conversou com a vendedora Cleide Mabaços Pereira, de 57 anos. Casada e camelô há 30 anos, ele relatou a situação difícil que tem enfrentado atualmente, mas em nenhum momento demonstrou tristeza. Disse estar contente por poder estar trabalhando de volta.
“Ganhei essas coisas [peças íntimas] e outras consegui com um fornecedor para voltar a trabalhar de novo. A gente vai renascer das cinzas”, contou Cleide que mora no bairro Cidade de Deus, em Várzea Grande. Ela ainda relatou que, com a solidariedade de outro empresário, tem deixado seus produtos num comércio localizado em frente ao antigo shopping, para não precisar transportar os itens todos os dias para casa no transporte coletivo.
Cleide é uma das 600 lojistas que trabalhavam no local e que perdeu tudo para o fogo. Indagada se acredita na reconstrução do local, ela afirmou que acredita que “se houver dinheiro” os empreendedores logo terão um novo prédio para trabalhar. A comerciante ainda criticou a posição do Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) que barrou a transferência dos comerciantes para o Complexo Dom Aquino, o que levou os lojistas a ocuparem a calçada e parte da avenida.
MP MANTÉM POSIÇÃO
Após o incêndio que destruiu toda estrutura do Shopping Popular, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB) autorizou que os lojistas fossem transferidos para o Complexo Dom Aquino e montassem as bancas dentro do local.
Contudo, o MP emitiu posicionamento contrário e alegou que a ocupação dos empresários no Complexo não atenderia aos fins de interesse e coletividade, em contrariedade ao que determina a legislação para os bens de uso comum.
A reportagem procurou o MP nesta semana e foi informada que representantes do Ministério Público receberam, na quinta-feira (25), o prefeito e o procurador-geral do município, Benedicto Miguel Calix Filho. O órgão ministerial reafirmou o posicionamento de não realocar os lojistas no complexo Dom Aquino, no campo de futebol e nem na pista de atletismo.
Misael Galvão, presidente da Associação do Shopping Popular, havia dito que protocolaria novos documentos para convencer o MP da liberação. O HNT também tentou contato com ele, mas não obteve retorno.
AÇÕES DO PODER PÚBLICO
A Prefeitura de Cuiabá anunciou nesta semana uma linha de crédito exclusiva de R$ 25 mil para os lojistas.
Já o governador Mauro Mendes pediu “cautela” no tratamento do assunto, em razão do shopping popular ser de propriedade privada. Por outro lado, garantiu que a Agência de Fomento (Desenvolve-MT) também está finalizando uma linha de crédito para os empresários.
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Conforme também já reportado pelo HiperNotícias, o governo federal anunciou que irá ajudar os comerciantes. O deputado federal e vice-líder do governo Lula, Emanuel Pinheiro Neto (MDB), disse que o presidente aguarda as medidas tanto do governo estadual quanto municipal para poder também enviar recursos.
RECONSTRUÇÃO
Com relação à reconstrução do prédio, o vice-prefeito de Cuiabá, José Roberto Stopa, declarou que a prefeitura irá fazer a limpeza do local nos próximos dias para depois buscar soluções para reconstrução do prédio.
“Esse é um processo um pouco demorado, as pessoas têm que ter esse entendimento. Mas, tudo está avançando no seu devido tempo. A prefeitura vai acelerar nos próximo dias a limpeza da área para que o projeto possa ser concluído e se busque linha de crédito no sentido da reconstrução”, explicou ao HNT.
O INCÊNDIO
Na madrugada do dia 15 de julho, o incêndio destruiu todo o Shopping Popular. Pela manhã, o local ainda estava em chamas. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas não conseguiu controlar o fogo antes da destruição total. A Polícia Civil apontou como possível causa uma falha no sistema elétrico. As investigações ainda estão em andamento.
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