Com foco em provar que é possível conciliar produção e conservação no Pantanal, o projeto Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS) foi apresentado nesta quarta-feira (12) no painel “AgriTalks”, na Agrizone, a área dedicada ao agro na COP30. Desenvolvida pela Embrapa Pantanal em parceria com o Senar-MT e a Famato, a iniciativa busca elevar a produtividade e a rentabilidade da pecuária sem abrir mão da sustentabilidade.
O analista de pecuária da Famato, Marcos Carvalho, destacou que o projeto dá visibilidade a quem realmente está na linha de frente da preservação. “O Fazenda Pantaneira Sustentável dá voz pra quem realmente produz e conserva dentro do Pantanal”, afirmou.
No dia 12 de novembro é celebrado o Dia do Pantanal, dia escolhido para o anúncio de R$ 20 milhões de reais a serem aplicados até 2030 no projeto. A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso (Seciteci) investirá R$ 3,5 milhões em pesquisas e ações voltadas à criação da Base Ativa de Germoplasma (BAG) de pastagens nativas, uma etapa essencial para o melhoramento genético e o manejo sustentável das pastagens do Pantanal.
“Hoje, o Pantanal tem 83% do seu bioma conservado e 95% do território é formado por áreas nativas. Esse dado mostra a responsabilidade que o produtor tem com a terra. A pecuária pantaneira é parte da identidade local e uma atividade que mantém o bioma vivo. O objetivo do projeto é reconhecer esse serviço ambiental, valorizar quem preserva e estimular que a produção sustentável seja cada vez mais recompensada”, explicou Carvalho.
A proposta do FPS é usar a tecnologia como aliada na gestão das fazendas. Um software com inteligência artificial analisa 56 indicadores técnicos e científicos, ambientais, sociais e econômicos, para elaborar um diagnóstico detalhado de cada propriedade e propor melhorias. Com base nesses dados, técnicos do Senar-MT visitam mensalmente as fazendas participantes e acompanham a implementação das recomendações, que vão desde o manejo rotacionado de pastagens até a recuperação de nascentes.
O chefe de Transferência de Tecnologias da Embrapa Pantanal, Tiago Coppola, explicou que o projeto é resultado de anos de pesquisa e representa um novo momento para a pecuária de Mato Grosso. “Começamos a desenvolver desde 2006 o processo de boas práticas agropecuárias, buscando tecnologias que pudessem auxiliar o padrão rural dentro dos parâmetros de sustentabilidade. O Fazenda Pantaneira Sustentável é o amadurecimento disso: um sistema que faz uma leitura ambiental, social e econômica da propriedade, gerando um verdadeiro raio-X da fazenda”, afirmou.
Segundo ele, a proposta não é apenas avaliar, mas também orientar o produtor com base na ciência. “O que nós buscamos hoje é produzir de forma sustentável e confirmar isso com dados científicos. A partir do diagnóstico, conseguimos apontar caminhos para que o produtor aumente sua produtividade, reduza custos e, ao mesmo tempo, fortaleça a conservação. É um modelo que mostra que a pecuária pode ser parte da solução climática e não do problema”, completou.
O FPS também atua na formulação de políticas públicas voltadas ao Pantanal. Marcos Carvalho explicou que o projeto foi fundamental para embasar a revisão da Lei do Pantanal, de 2008, alterada em 2022, e tem contribuído com o debate sobre novas formas de remuneração pela conservação. “Estamos discutindo mecanismos como o pagamento por serviços ambientais, para que o produtor pantaneiro que mantém a vegetação e a água de pé também tenha um retorno econômico por isso. Essa é uma maneira de manter as famílias no campo e garantir que o Pantanal continue vivo e produtivo”, destacou.
Atualmente, o Fazenda Pantaneira Sustentável reúne mais de 80 propriedades participantes, representando mais de 100 mil cabeças de gado distribuídas em milhares de hectares de área preservada. Durante a COP30, o projeto foi citado como uma das principais experiências brasileiras de integração entre pecuária, tecnologia e conservação ambiental, reforçando o papel de Mato Grosso como referência na agenda de sustentabilidade rural.
Para Tiago Coppola, a presença do projeto em um evento global como a COP é um reconhecimento do trabalho desenvolvido pelos pantaneiros. “É importante mostrar que o produtor rural do Pantanal está comprometido com a sustentabilidade. Quando a gente traz esse debate pra um espaço internacional, mostramos que o Brasil tem experiências reais, com base científica, que podem inspirar outras regiões do mundo”, afirmou.
Encerrando a apresentação, Marcos Carvalho reforçou que o grande desafio do setor é encontrar meios de manter a produção aliada à preservação. “O ambiente da COP é ideal para termos esse tipo de discussão: como fazer com que as famílias permaneçam no território, gerem renda e continuem cuidando do bioma? A resposta está em iniciativas como essa, que unem ciência, gestão e compromisso ambiental”, concluiu.
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