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Cidades Quinta-feira, 17 de Outubro de 2019, 19:22 - A | A

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Quinta-feira, 17 de Outubro de 2019, 19h:22 - A | A

EVENTO DA AABB

Jogadoras de vôlei desistem de campeonato por conta de atleta transexual

KHAYO RIBEIRO

A presença de uma atleta trans no campeonato de vôlei de praia da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), em Cuiabá, está despertando o descontentamento de outras jogadoras. Ao todo, quatro competidoras já cancelaram suas inscrições no evento, que será realizado neste final de semana, por conta de se verem em desvantagem física na competição.

Divulgação

Marcela Leite da Silva

 Jogadora Marcela Leite da Silva, 32 anos

Dentre os argumentos utilizados pelas atletas está o fato de que a jogadora Marcela Leite da Silva, 32 anos, supostamente apresenta um porte físico associado à figura masculina. Contudo, ao HNT/HiperNotícias, a atleta trans encara com espanto a reação negativa, uma vez que, conforme documentação apresentada à coordenação do campeonato, ela está dentro dos padrões hormonais permitidos para a competição.

“Fisiologicamente, ela tem o biotipo de um homem. Na hora de atacar, vai ser mais forte. Não a conheço, mas é o esporte mesmo, não é transfobia”, contou uma das jogadoras desistentes, que preferiu não se identificar.

À reportagem, a atleta admite nunca ter visto a jogadora Marcela pessoalmente, mas acredita no fato de que poderia ser prejudicada por conta do porte físico da adversária e por isso desistiu.  

Apesar de levantar desconfiança em algumas jogadoras, a presença de Marcela não intimidou a todas as atletas. A jogadora Priscila Corrêa conta que segue firme no torneio.

“A atleta [Marcela] está vindo com toda a documentação necessária. Elas [outras jogadoras] falam que é injusta, porque a Marcela teria vantagens por conta da força. Mas eu vou continuar”, comenta Priscila.

O torneio deste sábado ofereçe quatro premiações às ganhadoras. O primeiro lugar leva para casa um prêmio de R$ 1 mil, o segundo ganha o valor de R$ 500, o terceiro R$ 250 e o quarto R$ 100.

A reportagem ouviu também a coordenadora do evento, Marilea Lopes, 50 anos, que também é atleta. “A gente já esperava essa reação. Não é questão de ser trans, não sei a idade dela, mas é porque ela jogava vôlei na categoria masculina. O que é questionado pelas meninas é a formação do corpo e a força dela, que poderia ser de homem. A gente não sabe se ela joga bem”, pontou.

A coordenadora aponta que participaria do evento, caso não estivesse afastada das quadras por problemas médicos. “Eu participaria. Para mim, não é impedimento, mas eu vejo que as meninas sentem que poderiam ser prejudicadas”, disse.

Marcela Leite assegurou seu direito a participar no evento por meio de diversas documentações que endossam sua condição física favorável à competição.

Divulgação

Marcela Leite da Silva

 Marcela Leia, à esquerda, e sua parceira na competição, Jaqueline Cabanhas, à direita

“Minha testosterona é muito baixa, tenho mais hormônios femininos do que masculinos. O médico me disse que minha taxa é 8.0. Esse valor está abaixo do que a própria Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) recomenda, que é 9.5”, argumentou Marcela.

Contrariamente ao cenário de desconfiança em relação ao porte da jogadora, a atleta que faz dupla com Marcela, Jaqueline Cabanhas, 48 anos, faz coro ao dizer que sua parceira na competição preenche todos os requerimentos legais para participar do torneio.

“Eu vejo a Marcela como pessoa. Vejo muita potência nela, por ela ser uma boa jogadora de quadra. Eu tenho 24 anos de vôlei de praia e já vi de tudo. Vejo discriminação em todos os segmentos. Porque essas meninas nem conhecem a Marcela e, por suposição, já a discriminaram”, comentou a jogadora.

Jaqueline Cabanhas aponta que as pessoas precisam se adaptar à nova realidade do esporte. Com 311 títulos e reconhecida como a jogadora mais premiada de Mato Grosso do Sul, Cabanhas quer treinar Marcela para que a parceira alcance o potencial máximo na modalidade.

“Eu sugiro que as meninas que estão com medo mirem em mim, porque a Marcela só vai levantar. Elas julgaram um ser humano sem conhecer. Elas precisam buscar o amor de Deus e conhecimento, porque a gente tem toda a documentação legal para participar”, disse à reportagem.

Marcela contou que não esperava esse tipo de reação, uma vez que joga há 10 anos e nunca sofreu qualquer sanção no mundo do esporte. “Para mim, com 32 anos, essa é a primeira vez que sofro com isso. Elas se amedrontaram".

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