Conta uma fábula oriental que em uma tempestade um sapo, ao ver um escorpião se afogando, resolveu ajudar e portanto o colocou em suas costas para leva-lo ao outro lado do lago a salvo. Ao fim da travessia, o escorpião cravou o seu ferrão mortal no sapo e saltou ileso em terra firme. Atingido pelo veneno e já começando a afundar, o sapo, desesperado, quis saber o porquê de tamanha crueldade. E o escorpião respondeu friamente: - Porque essa é a minha natureza! Esse é o PMDB.
Durante o processo de impeachment, seja na Câmara ou no Senado, tudo o que vimos foram dois blocos: pró-Dilma e pró-Temer. Mas no dia mais importante, que era a votação do afastamento em definitivo da presidente Dilma, cujo beneficiário é o ex-vice e agora atual presidente Michel Temer, o PMDB, seu partido, se refez e pregou uma peça: votou pelo impeachment. Mas ao conceder, em segunda votação, os direitos políticos a ex-presidente, deu um recado a Temer: se quiser governar, tem que negociar com a gente.
Na história mais recente do Brasil, o PMDB tem se caracterizado por aquele que não ganha mas que ao final fica com o poder. Foi assim com o ex-presidente José Sarney, com FHC, com Lula, com Dilma e agora com Temer. Como existem vários PMDB, cabe aqui fazer justiça; não é todo o PMDB, é uma parte dele, a sua maior parte. A folga para votação foi para o ralo e o modelo político brasileiro, que parecia que iria ser derrotado no Senado, continua mais viva do que nunca. Quem perdeu? Perdeu Dilma, porque o resto, inclusive seu partido, continua como antes.
Em Mato Grosso, o PMDB também se valeu do prestigio do ex-governador e senador licenciado, atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para chegar ao poder. E quando ocupou todos viram no que deu. Pelos outros estados brasileiros estão cheios destes exemplos, ele (o PMDB) não é o único, mas é mestre e dono da patente escorpiônica de fazer política moldes.
Pobre Dilma, pobre Temer, pobre povo brasileiro. Com Dilma no poder a esperança já era morta, agora que a efetivação do Impeachment levou Temer ao poder, o PMDB assassinou as reformas, agora para governar será necessário uma aliança com o escorpião, o mesmo que acaba de picar mortamente o Brasil. Os próximos dois anos não há futuro, apenas negociação com a turma do veneno.
O dia 31 de agosto de 2016 não será esquecido tão fácil. Como falou Pablo Meneghel Martinez, “não te julgues mais sabido que eu, pois, um escorpião não tece teias ou cria armadilhas, mas a sua astúcia é mortal”. Não te julgues esperto politicamente. O PMDB é muito mais e o Brasil que se dane.
*JOÃO EDISOM é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso e colaborador do HiperNotícias
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