E, fora dos stories, você está bem? Essa foi uma trend que circulou há uns meses e buscava incentivar as pessoas a refletirem sobre a saúde mental em meio a redes sociais. Entre a performance de uma vida perfeita, sexy e de muita ostentação e a vida real e de viés há muita coisa, muita coisa mesmo. E quando se fala com perfis de autoridades do meio político, a vida além dos stories e reels pode ser muito diferente e onde queres o sim e o não, encontra-se muito talvez.
Posso dizer que tudo que sei sobre o último divórcio de famosos que mostravam uma vida perfeita nas suas redes sociais foi contra a minha vontade. Mas o exemplo é mais um clichê da pergunta que iniciou o texto: e fora dos stories, estavam bem?
No TikTok ou Instagram é traição, dancinha e receitas milagrosas para emagrecer disputando espaço com os conteúdos políticos e a sedução é tão grande que vivemos uma epidemia de políticos adotando esse ritmo nas postagens, como se estivessem em um reality show.
O perfil bomba, as visualizações e comentários fervem, mas fora do story, com o cidadão, com a democracia, ele está bem?
Entre esquetes forçadas e roteiros bem duvidosos, o que era para ser a arena do debate público virou, em muitos casos, palco de pastelões. Mas política, diferente de pastelaria, não é feita para agradar todos os gostos nem se baseia apenas em receitas prontas para viralizar. A política é, antes de tudo, o exercício da representação, da negociação institucional e da construção coletiva. A comunicação política precisa, sim, ser acessível, criativa e dialogar com os formatos atuais. Mas isso não significa abrir mão da responsabilidade com a informação, com o aprofundamento dos temas e com o respeito ao eleitor.
Esquetes podem até chamar atenção, mas o que sustenta a confiança pública é a CREDIBILIDADE. Sei que alguns fatos podem parecer me desmentir, até porque não faz muito tempo que o deputado federal com maior votação foi justamente um palhaço, profissão que tem toda a minha admiração e respeito, no circo, no teatro.
O que quero defender aqui é que a lógica do "vale-tudo por engajamento" mina a credibilidade da política e aprofunda o abismo entre representantes e representados. Ou seja, afasta ainda mais os cidadãos da política, pois transforma o debate público em uma caricatura. Se política fosse pastelaria, bastava agradar o paladar do momento e garantir a próxima venda.
Mas ela exige mais: visão de longo prazo, responsabilidade, respeito às regras do jogo e, acima de tudo, compromisso com o bem comum.
A democracia não pode ser reduzida a um meme. E, por mais que o pastel da esquina tenha seu valor, a política precisa continuar sendo o prato principal da cidadania.
(*) ANDHRESSA BARBOZA é jornalista e cientista social.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.