O ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), repassou cerca de R$ 899 mil ao então chefe de gabinete Rodrigo Falcão entre março de 2020 e dezembro de 2023. Segundo apuração do UOL, os valores foram transferidos mensalmente, sob a justificativa de que Falcão era responsável por realizar pagamentos pessoais do ministro — atividade que, segundo Og, fazia parte das atribuições do cargo.
Falcão, no entanto, é investigado pela Polícia Federal (PF) por suspeita de integrar um esquema de venda de decisões dentro do STJ. A investigação aponta que ele teria vazado ao lobista mato-grossense Andreson Gonçalves uma minuta de decisão sigilosa assinada por Og Fernandes, relativa à Operação Faroeste — que apura corrupção no Tribunal de Justiça da Bahia. A PF confirmou, por meio de perícia, que o documento havia sido editado por Falcão antes de circular fora do tribunal.
Andreson, preso em Brasília, é apontado como o principal operador do esquema de venda de sentenças. Nas mensagens interceptadas, ele aparece repassando informações sigilosas a advogados interessados em influenciar julgamentos. Segundo a PF, Falcão seria o elo entre o gabinete do ministro e o grupo criminoso.
Durante buscas na casa do ex-servidor, os investigadores encontraram um pen drive com documentos e dados bancários do ministro e de sua esposa, além de caixas com relógios de luxo. A análise do material revelou que Falcão atuava como uma espécie de assessor pessoal de Og Fernandes, com acesso amplo à vida financeira do ministro, inclusive cartões de crédito e informes de rendimentos.
Além do salário de R$ 14 mil pagos pelo STJ, Falcão recebia entre R$ 15 mil e R$ 30 mil mensais diretamente do ministro. Embora a PF afirme que os repasses não configuram, por ora, um indício direto de crime por parte de Og Fernandes, o relatório destaca que a relação entre os dois “transcendia os limites da formalidade profissional”.
A Operação Sisamnes, da Polícia Federal, apura o vazamento de informações por servidores de gabinetes de quatro ministros do STJ: Og Fernandes, Nancy Andrighi, Paulo de Moura Ribeiro e Isabel Gallotti. Nenhum ministro é formalmente investigado. Em nota, Og Fernandes afirmou que todos os repasses a Falcão respeitaram as normas internas do tribunal e que qualquer responsabilidade por ilegalidades deve recair exclusivamente sobre o ex-chefe de gabinete.
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