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Artigos Segunda-feira, 27 de Janeiro de 2014, 11:00 - A | A

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Segunda-feira, 27 de Janeiro de 2014, 11h:00 - A | A

Tá no ‘rolé’ ou no ‘rolê’?

Essa massa barulhenta e cínica recebe o novato com desprezo e hostilidade que lhe mostram, desde logo, a necessidade de obedecer para não sucumbir

GONÇALO DE BARROS NETO





Divulgação

Continua chamando muita atenção os chamados ‘rolezinhos’. Uns ideologizam o movimento, teorizando-o como luta de classes, seria a periferia contestando o símbolo do capitalismo moderno, o ‘shopping’ e sua clientela nada barata. Outros, o caminho da criminalização do movimento. E há os que preferem ridicularizá-lo como ‘bagunça’, ‘falta do que fazer’, e por aí vai.


Não sei exatamente o que querem os adultos, mas os jovens de hoje, ao que parece, estão cobrando a conta, vindo à desforra como quem busca algo aceso no tempo, um tanto abstrato, não muito real, mas transformador. É um círculo vicioso; primeiro foram ensinados a gostar de marca, de coisa ‘bacana’, tênis caro e bonés ‘chiques’. Roupas de ‘grife’. Aprenderam, e muito bem. Assimilaram como ode à felicidade. As sandálias que protegiam os pés do pedregulho já não servem ao propósito da própria criação. A ideia é outra. A axiologia substituiu o pragmatismo. Se não for da marca, da moda, do momento, nada feito. É tempo de por em prática os valores, a cultura recebida. E onde estão os promissores professores? Num lapso de memória, fecham as portas e se afastam da contabilidade, o débito assusta. A polícia lhes faz a defesa e saldará a despesa. Justin Bieber que os responda, preso por dirigir um carrão possante em alta velocidade. Tudo na maré. Vítima de si ou dos costumes? A História o absolverá, ou talvez a Sociologia, o que parece lógico.

Relendo um artigo do filósofo Olavo de Carvalho (ora, aquilo que chamam de direita também tem seus heróis) intitulado ‘O Imbecil Juvenil’, publicado no Jornal da Tarde em 1998, me fez crer na necessidade de se aprofundar na análise desses novos fenômenos sociais. Logo no primeiro parágrafo, a advertência: ‘desde cedo me impressionaram muito fundo, na conduta de meus companheiros de geração, o espírito de rebanho, o temor do isolamento, a subserviência à voz corrente, a ânsia de sentir-se iguais e aceitos pela maioria cínica e autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo prostituir em troca de uma vaguinha de neófito no grupo dos sujeitos bacanas’. E a seguir: ‘Muito diferente é a situação do jovem ante os da sua geração, que não têm para com ele as complacências do paternalismo.

Longe de protegê-lo, essa massa barulhenta e cínica recebe o novato com desprezo e hostilidade que lhe mostram, desde logo, a necessidade de obedecer para não sucumbir. É dos companheiros de geração que ele obtém a primeira experiência de um confronto com o poder, sem a mediação daquela diferença de idade que dá direito a descontos e atenuações’.

Na semana passada alertávamos neste espaço para a busca da compreensão do fenômeno ‘rolezinhos’. Os governantes o trata como algo passageiro e sem muita significação. Estão enganados, absolutamente enganados. A onda cresce e precisa ser tratada com seriedade. Só mudará de nome e prática. A intolerância e os confrontos logo aparecerão. Há inclusive princípios jurídicos em jogo, de um lado, a livre manifestação do pensamento e direito de ir e vir, e, de outro, os interesses privados, econômicos, todos do tabuleiro constitucional.

E assim caminha a humanidade. Vivendo e aprendendo na roda que sempre roda, na cultura que se devora, na consciência de agora. É por aí.


*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO é juiz de direito e escreve aos domingos em A Gazeta (e-mail: [email protected])

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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Zé da Silva 28/01/2014

Rolezinho é coisa de gente incompetente para o estudo e para o trabalho, tradicionalmente frustrada e que vive de bolsas esmolas, cotas e outras assistências dos governos. Logo, nunca esses jovens serão alguém na vida, pois não sabem pensar, aí também nunca vão estudar, nem votar, muito menos aprender a trabalhar. Infelizmente essa é a realidade de grande parte da população brasileira.

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Joaquim Pinto da Silva 28/01/2014

GOSTARIA DE VER ESSES DESOCUPADOS FAZENDO ROLEZINHO NO SHOPPING CHINA LÁ DO PARAGUAY, ONDE OS SEGURANÇAS TEM NAS MÃOS UMAS ESCOPETAS 12. SERÁ QUE TERIAM CORAGEM? PAGO PARA VER.

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Lauro Portela 27/01/2014

Interessante as palavras deste artigo. Algumas ressalvas - se me permitir. Bom, não é que a esquerda (tomo a liberdade para assim interpretar) tome os "rolezinhos" como "luta de classes" (este conceito caro aos marxianos e marxistas). A questão é como foi dita: a conta está sendo cobrada e é contraditório que, estes jovens ensinados a endeusar ícones da cultura pop ou do esporte, querem sua parcela. E a pergunta da esquerda é: E por que não? Por que eles foram barrados? Ora, cumpriram os preceitos do liberalismo: trabalharam duro, pagaram as contas e agora querem consumir. Ao apontar o dedo para o que está sendo negado, aponta-se o dedo para o que sempre se disse, à esquerda: o capitalismo não distribui seja renda, seja capital simbólico, seja capital social; capitalismo apenas concentra. Aos que sempre afirmaram que o capitalismo é o livre mercado somente, é preciso lembrar que o livre mercado já existiu sem capitalismo e existe: nele trocam-se símbolos, ideias, mulheres (no sentido de trocas de Lévi-Strauss), presentes. Capitalismo é fundamentalmente um modo de produção cujos meios de produção são privados e visam o lucro. Tão somente isso. Capitalismo não tem nada que ver com liberdade e democracia (fosse assim, o Chile de Pinochet não existiria), tampouco se refere à justiça social. Também não faço aqui um ode à URSS - que espero esteja morta e enterrada -, tampouco ao regime dos irmãos Castro. Mas a dicotomia construída durante décadas cai por terra aqui com os rolezinhos: capitalismo-liberdade; socialismo-ditadura. PS: Olavo de Carvalho não é filósofo. Nunca concluiu o curso dele. Hoje tá mais para astrólogo (pois afirma de pé-junto que o Sol gira em torno da Terra)

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3 comentários

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