Marcos Lopes/HiperNotícias |
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Cabe refletir se isto é resultado de maior ocorrência de demissões. Ou estaria acontecendo a migração de trabalhadores da indústria para outras áreas, como a de serviços, em busca de melhores condições de trabalho ou de um negócio próprio.
Sabemos que as condições de trabalho oferecidas por este setor ainda precisam melhorar muito, pois a chamada ‘modernização de processos’ parece não atingir o setor de gestão de pessoas. Recorrendo à terceirização, ‘quarteirização’ e afins, grandes empresas do ramo delegam a prestadores de serviços a responsabilidade pelo cumprimento da legislação trabalhista, o que na maioria das vezes não acontece. Investir em qualidade de vida ainda é ‘gasto’.
Também é de conhecimento de todos que a indústria ocupa os primeiros lugares nas estatísticas de acidentes e doenças do trabalho, sendo responsável por 47,1% deles entre os anos de 2007 e 2011, segundo o balanço mais recente do TRT-MT. E, apesar de sua pujança e modernidade, mantém a prática arcaica do trabalho escravo e análogo.
Esta migração dos trabalhadores pode estar sendo fortalecida pela maior oferta de qualificação para os trabalhadores, em especial no Ensino Superior. A grande massa, que é formada de pessoas pouco qualificadas, estaria galgando novos patamares do emprego por meio do estudo acadêmico e técnico. Não estaria a indústria perdendo a oportunidade de qualificar estes trabalhadores para mantê-los no setor?
Ou seja, estaria a indústria perdendo trabalhadores por não valorizá-los?
Para o empresariado industrial, este quadro parece não estar trazendo prejuízos. Uma pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria - referente a setembro - mostrou que, mesmo com produção estável em 50,3 pontos - o “índice de satisfação com as margens de lucro” passou de 42,2 pontos em junho para 45,7 pontos em setembro, o mais alto desde o final de 2011.
A indústria parece estar saindo da ‘crise’ financeira. Mas persistem as visões equivocadas sobre o que é mais importante no negócio. A humanização deste processo – com oferecimento de melhores condições de vida a quem trabalha - parece ser utopia. Mas é a única solução possível para que os trabalhadores e a comunidade não sofram as conseqüências.
*RONEI DE LIMA é presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Mato Grosso e vice-presidente da Nova Central Sindical de Mato Grosso (NCST-MT).
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