Quando o assunto é trabalho, Quem cuida de quem empreende?
Setembro Amarelo nos lembra, todos os anos, da importância de falarmos sobre saúde mental. Contudo, o debate costuma se voltar quase exclusivamente a profissionais e colaboradores. E surge a pergunta: e como ficam os empreendedores?
O empresário e a empresária carregam responsabilidades que vão além do que é visível. Eles assumem riscos, garantem empregos e enfrentam a instabilidade política, a instabilidade do mercado, muitas vezes, colocando-se como agentes de sustento e apoio entre o mercado e os colaboradores de suas empresas.
Ocorre que mesmo no deleite do poder de transbordar ganhos e crescimento na vida de muitas pessoas, existe um peso silencioso: o da solidão. Liderar é frequentemente visto como sinal de força em todos os sentidos, mas por trás dessa imagem está um lugar estigmatizado, onde não há espaço para erros, dúvidas ou fragilidades. O líder é colocado em um pedestal que, na prática, o isola. E esse isolamento adoece.
A ideia de acordar para matar um leão por dia, criou grandes empresários ao mesmo tempo em que retirou a permissão de fracassar, de errar, de mudar de ideia, tornando-se por muitas vezes, uma grande prisão. Estar preso sendo exemplo para muitos.
Empresários frequentemente sacrificam o convívio familiar, sua saúde física, seu sono e outras necessidades fisiológicas, sua paz para manter o império ou a ideia promissora. O sustento e, com a atualização da NR1, não podemo correr o risco de reforçarmos esta posição solitária olhando para os empresários como agentes de saúde psicossocial para os colaboradores, sem olhar para as suas próprias necessidades.
É preciso lembrar: não existe empresa saudável com empresários adoecidos. Quando um líder perde a saúde emocional, toda a estrutura ao redor se fragiliza — colaboradores, famílias, comunidades.
O empreendedorismo feminino reforça ainda mais essa realidade. Mulheres que empreendem acumulam funções, enfrentam jornadas duplas ou triplas, e, muitas vezes, mesmo cercadas de pessoas, vivem a solidão de não poder demonstrar cansaço.
Empreender exige coragem, mas coragem não é sinônimo de ausência de vulnerabilidade. Empreender sem saúde mental é uma exclusão silenciosa.
E aqui fica a questão essencial: quais os preparos e ações que estamos adotando para que empresários e empresárias também encontrem espaço de apoio, escuta e cuidado, com a nova alteração da NR1? A resposta a essa pergunta é o passo que falta para que a pauta da saúde mental, neste Setembro Amarelo, seja realmente completa.
(*) CAROLINA AMORIM é Mentora Corporativa em Comunicação Não Violenta | Psicoterapeuta de Jovens e Famílias | Especialista em Desenvolvimento de Equipes e Cultura Organizacional.
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