Eventos diplomáticos internacionais costumam parecer distantes de nossos afazeres cotidianos, dos boletos a pagar e dos múltiplos compromissos profissionais e familiares.
A 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP-30, que a capital paraense, Belém, acolherá nas próximas semanas de novembro de 2025, carrega, para muitos, essa aura de burocracia global, palco de discursos grandiloquentes e de promessas que nem sempre se concretizam. Mas esse é um engano fatal.
É preciso decodificar o que se passará na Amazônia brasileira. A COP-30 não é um acontecimento exótico; pelo contrário, ela é o cerne da nossa realidade imediata.
O que ministros, chefes de estado e negociadores definirem — ou, pior, deixarem de definir — sobre descarbonização, finanças climáticas e proteção de biomas não ficará restrito aos corredores refrigerados dos pavilhões. Cada linha de um acordo, ou cada meta descumprida, afetará diretamente nossas vidas.
Pense no seu dia a dia. Se não houver globalmente a redução da emissão de gases do efeito-estufa – o que implica a transição para fontes de energia renováveis e o fim do desmatamento, entre outros – as mudanças climáticas nos alcançarão, direta ou indiretamente, com seus profundos impactos econômicos, sociais e geopolíticos. Afinal, em 2024, a seca nos rios amazônicos e as inundações no Rio Grande do Sul nos mostraram, com brutalidade, que não há muros que nos separem das consequências do aquecimento global. O clima não é um assunto exclusivo para meteorologistas: ele é transversal, envolvendo infraestrutura, produção de alimentos, migrações e praticamente todas as atividades humanas.
Mas há uma perspectiva ainda mais profunda, que transcende a capacidade e a vontade dos governos e das grandes corporações que estarão presentes em Belém: a ação individual e coletiva dos cidadãos.
A dignidade humana depende também das nossas escolhas. Não podemos nos dar ao luxo de terceirizar esta responsabilidade para a esfera pública ou privada e esperar, passivamente, o resultado das negociações.
Independentemente do que for (ou não) assinado em Belém, cada um de nós detém um micropoder decisório silencioso, porém cumulativo. Adotar práticas de consumo consciente, buscar o emprego de fontes de energia mais limpas, reduzir o desperdício, valorizar a economia circular e pressionar por transparência e responsabilidade: esses são gestos e exemplos que, multiplicados por milhões, geram impactos globais. Como na fábula do beija-flor que enfrentou o incêndio da floresta carregando gotas d’água no bico: cada ação conta.
O futuro do planeta não se decide apenas nas cúpulas. Ele é construído na base: no nosso prato, no nosso transporte, na nossa lixeira. A COP-30 é, portanto, também, eu, você e a urgência de agir. É um espelho que nos convoca a ir além da curiosidade do evento e abraçar o real, o humano e o sustentável em cada microdecisão. Neste século, a (r)evolução civilizatória se expressa pela sustentabilidade cotidiana.
(*) LUIZ HENRIQUE LIMA é professor e Doutor em Planejamento Ambiental.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
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