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Desde que o tema veio à baila, há cerca de dois anos, aproximadamente, vem suscitando uma das maiores controvérsias políticas e discussões técnicas, ou não, da história recente de Mato Grosso. Refiro-me ao VLT e nele também embarco, dando os meus pitacos. De leigo no assunto, obviamente, mas não de desinformado.
Inicialmente, assim como muita gente, tinha o pé atrás com relação à necessidade, ao menos na linha das prioridades de uma cidade do porte de Cuiabá e Várzea Grande, de se fazer um vultoso investimento de cerca 1,4 bilhão para esse tipo de modal de transportes, reconhecidamente moderno enquanto meio de locomoção de massa. Achava que a dinheirama poderia ser melhor aplicada em setores mais essenciais, como saúde, educação e até na área de transportes. Isso com a construção de novas vias para desafogar o que já era o caótico trânsito de Cuiabá, ou seja, mesmo antes da abertura de diversas obras de mobilidade urbana com vistas à Copa de 2014, e que piorou agora com as interdições de vários trechos de ruas a avenidas.
Posteriormente, informado de que o empréstimo para a implantação do VLT era específico e não poderia ser destinado a outros fins e o financiamento só estava sendo viabilizado em função do advento da Copa (um momento ímpar) na vida da cidade e da qual, como sabemos, Cuiabá é uma das subsedes, passei a entender a validade do Veículo Leve sobre Trilhos, o tal VLT, que ligará o CPA, passando pelo centro da Capital, ao aeroporto de Várzea Grande, e com um ramal indo até o Trevo do Tijucal. Se há recursos disponíveis para esse tipo de obra, por que não usá-los? Principalmente quando se sabe que, para ser quitado, existe o prazo de 20 anos. Um período suficientemente longo para não impactar as finanças públicas do Estado, especialmente porque Mato Grosso está numa fase virtuosa de desenvolvimento econômico.
Entre o BRT, bem mais barato, e o VLT, mais caro, entre outras vantagens pela opção por este cito a de que não é movido por combustíveis fósseis e poluidores, por não lançar na atmosfera o venenoso dióxido de carbono. Cuiabá e Várzea Grande, em contínua e acelerada metropolização, não precisam mais ser poluídas do que já estão. Só por este aspecto, o VLT vale a pena ser implantado!
Quanto ao argumento de que se trata de obra que envolve alto custo financeiro, brandido pelas pessoas e instituições que discordam da necessidade desse modal e questionam o montante a ser investido, entre as quais se encontram os ministérios públicos Estadual e o Federal, imagino que, com a extensão de 22,5 quilômetros de trilhos cruzando área urbana e valorizada, não seja mesmo barata a sua execução.
Já com referência ao argumento de que, após ser construído e entrar efetivamente em circulação, não se terá demanda suficiente de passageiros que justifique os investimentos exigidos na sua construção, é possível que sim, pelo menos nessa fase inicial. Porém, nem por isso é lícito se ficar contra o VLT, uma obra estruturante e de perspectiva não-imediatista, sob pena de se estar contra a modernidade. Em suma, contra providências antecipadas que o poder público está tomando desde agora no sentido de preparar a área metropolitana, no setor de transportes coletivos, a fim de que suporte o impacto previsível de seu crescimento demográfico e urbano.
Nesse sentido, lembro que a atual e ainda com arquitetura arrojada Estação Rodoviária de Cuiabá, à época em que foi construída, há cerca de 32 anos, também foi duramente criticada, inclusive por setores da Imprensa, que a consideravam um “elefante branco” – um neologismo que identifica obras e serviços desnecessários.
Assim como o VLT de hoje, naquele tempo, realmente, se tratava de uma construção dimensionada não para a Cuiabá de antanho, mas prevendo a demanda da metrópole da atualidade. E cuja Rodoviária, aliás, passadas três décadas, continua cumprindo com suas finalidades, precisando, talvez, de reformas e uma ou outra ampliação.
Salvo melhor juízo, penso que é, exatamente, com esta visão que todos devem enxergar o metrô de superfície, o tão questionado VLT.
Assim como o metrô de superfície hoje, a Estação Rodoviária de Cuiabá já foi chamada,no passado, de “elefante branco”.
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Marcelo Mattos 15/08/2012
Senhor Mario Marques de Almeida. Respeito muito como não poderia deixar de ser a sua abalizada análise sobre a necessidade da implantação do VLT para Cuiabá, que no momento seria consequência das obras de mobilidade para a copa do mundo de futebol. Porém o que se discute em nível de do MPF, MPE e Justiça Federal, é a forma como foi efetuada a troca de modais do BRT (previsto desde o inicio) para o VLT (que ninguém é do contra) que realmente vai ter recurso especifico, porém quatro vezes maior que o orçamento inicial e um prazo de construção incompatível entre o cronograma das obras e o inicio da copa, alerta ignorado pelas autoridades no parecer inicial e que por meio de um parecer fraudado no Ministério das Cidades, aprovou, utilizou o Regime Diferenciado de Contratação como se emergencial fosse e iniciou as obrsa sem nenhuma transparência necessária. Realmente o recurso é “carimbado” para utilização direcionada para as obras da copa e por isso mesmo se o cronograma da obra não for cumprido até o inicio do torneio, corre-se o risco de, além de não receber mais nenhuma liberação, ainda ter que devolver o que foi mal utilizado por ser um recurso específico para a copa. Porém estou inteiramente de acordo com a necessidade de se implantar um modal tipo VLT, decente e definitivo para a mobilidade do povo cuiabano e várzea-grandense que merecem e cuja construção deveria ser muito bem planejada e não na correria como está sendo feito com sérios riscos de ter que parar no meio do caminho, sem ligar nada com coisa alguma e ainda por cima ter que devolver o dinheiro mal utilizado já que presumivelmente não terminará nesses 22 meses restantes para o início da Copa.
Fernando 14/08/2012
Sr. MÁRIO MARQUES DE ALMEIDA, o senhor está de parabéns pelas sábias palavras tão oportunamente colocadas nessa coluna. Assim como o senhor me lembro muito bem, apesar de ainda ser uma criança à época, o quanto a obra da nova rodoviária foi duramente criticada, imagine hoje a rodoviária de Cuiabá funcionando ainda ali na Rua Miranda Reis o caos que seria! Penso, assim como muitos, que uma cidade que possui um nível de crescimento como Cuiabá, não pode se ater à projetos de curto prazo, temos que pensar no nosso trânsito daqui a 15 ou 20 anos, outro detalha, se toda vez que for feito algum projeto a população pensar no quanto seria importante a aplicação daquele recurso na saúde, educação ou segurança pública, nós nunca iremos investir em outra coisa a não ser isso. Vale ressaltar que a administração pública não se resume unicamente a saúde ou à educação e segurança pública, mas em administrar os impostos que pagamos em projetos que beneficiem a sociedade como um todo.
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