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Artigos Terça-feira, 14 de Junho de 2011, 23:54 - A | A

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Terça-feira, 14 de Junho de 2011, 23h:54 - A | A

A blogueira lésbica síria

Certo estava Tomé, tido como um dos apóstolos de Jesus Cristo. Duvidando da reencarnação de seu mestre ele preferiu ver para crer. Segundo reza a lenda, Tomé pôde se encontrar com o Cristo ressurgido após a crucificação. Mas só acreditou depois de vê-lo

ROMUALDO PESSOA

Arquivo Pessoal

Dubitando ad veritatem parvenimus
(Cícero, pensador romano, 106-43 a.C.)

O caso da “blogueira lésbica síria” deve ser um motivo para refletirmos sobre essa ferramenta importante que temos em mãos. A internet e as redes sociais tornaram-se nos dias de hoje um fenômeno irresistível e instrumento de mobilização, principalmente da juventude, em defesa de várias causas. Sem dúvida uma arma moderna a facilitar contatos e comunicações.

Mas, como diz o ditado, é uma arma de dois gumes. Sabe-se perfeitamente que pela internet cometem-se vários crimes, e tanto mais ela se popularize e alcance um número maior de pessoas, maior o número de ocorrência dos chamados “crimes cibernéticos”. E aí é extremamente diversificado, como na vida real, o tipo de delito que vai sendo inventado. O objetivo, claro, é iludir, enganar, se aproveitar da boa vontade das pessoas.

As novas gerações são praticamente dependentes dessas novas tecnologias. Mas são tão importantes para elas hoje, como foi no século XIX para aquelas outras o surgimento do telégrafo e do telefone. São instrumentos que contribuem para aproximar as pessoas, e as rápidas transformações tecnológicas aceleram as mudanças e possibilitam um incremento espetacular nas novidades, modificando e atualizando essas ferramentas, de tal forma que passam a ser praticamente imprescindíveis.

Mas pode ser uma arma para aquelas pessoas que se aproveitam das ingenuidades comuns à juventude, ou mesmo da desinformação que, paradoxalmente, atinge a maioria das pessoas, não só nessa fase da vida. Como gostava de dizer o geógrafo Milton Santos, vivemos uma época marcada pelas transformações técnico-científico-informacional, mas a mesma mídia que nos traz a notícia é ela mesma uma central de boatos e desinformações. São tanto manipulações propositadas, como falsas verdades, ditas muitas vezes no afã de se conseguir um furo jornalístico que possa elevar o “ibope” de um determinado meio de comunicação.

Mas, no caso de uma guerra, ou de disputa de interesses poderosíssimos, como vemos atualmente nos levantes que ocorrem no Oriente Médio, a internet e as redes sociais servem a esse jogo de contradições. Possibilita uma monumental mobilização popular, mas torna-se também um elemento a mais a criar confusões entre as pessoas mediante a exploração de informações falsas. Notícias retumbantes, imediatamente transportadas pelas redes sociais de forma célere, tornam-se verdades inquestionáveis, muito embora jamais sejam comprovadas, até porque em alguns casos são falsas.

Isso acontece porque nos dias de hoje a versão tornou-se mais importante do que o fato. Não há nenhuma preocupação em se averiguar se aquilo que está sendo dito, e até mesmo reproduzido, passado adiante, é real ou não. O que implica em dizer que tal prática está se constituindo em crimes com muitos inocentes cúmplices (ou inocentes úteis).

Muitas vezes as repercussões disso causam estragos nas vidas de algumas pessoas, direta ou indiretamente atingidas, sem que se possa corrigir depois, deixando traumas para o resto da vida.

Além, claro, de nos casos específicos de disputas de grandes interesses geopolíticos, servir às canalhices institucionalizadas pelas máquinas de guerras e pelas disputas rapaces por recursos minerais.

Assim é o caso da “blogueira lésbica síria”, uma espécie de heroína virtual, aclamada por dezenas de milhares de seguidores e que tinha nome e família: Amina Abdallah Arraf al Omari!

O blog, “A Gay Girl in Damascus”, relatava as agruras de uma mulher lésbica na Síria, e passou a se constituir em um símbolo contra a ditadura naquele país, envolto em um levante popular, assim como ocorre em outros países árabes. No começo deste mês, uma prima, também virtual, relatou o seqüestro de Amina, com detalhes típicos de um roteiro holywoodiano. A propósito, Amina não passou de uma criação de um cidadão estadunidense, por nome Tom MacMaster. Pode-se acessar o link seguinte, para mais informações clique aqui.

Os seguidores do blog no facebook, claro, foram tomados de uma profunda indignação. E contam-se às dezenas de milhares. Não se sabe se a ira decorre da ilusão por uma heroína ter-se esfumaçado, ou pelo papel de tolos a que foram submetidos. D. Quixote de La Mancha certamente estará tendo convulsões de risos em seu túmulo. Afinal, que diferença há em se acreditar que moinhos de ventos são cavaleiros gigantes?

Bem certo estava Tomé, tido como um dos apóstolos de Jesus Cristo. Duvidando da reencarnação de seu mestre ele preferiu ver para crer. Segundo reza a lenda, Tomé pôde se encontrar com o Cristo ressurgido após a crucificação. Mas só acreditou depois de vê-lo e tocar nas feridas em suas mãos.

Eu sigo duvidando...

"Dubium sapientiae initium”

(*) ROMUALDO PESSOA CAMPOS FILHO é professor de Geopolítica no Instituto de Estudos Sócioambientais da Universidade Federal de Goiás (IESA-UFG); Secretário Regional - SBPC/GO; e matém o blog Gramática do Mundo

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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