Por 21 votos favoráveis, 3 contrários e uma abstenção a Câmara Municipal de Cuiabá aprovou, nesta terça-feira (5), o Projeto de Decreto Legislativo 25796/2023 que revoga o 'Título de Cidadão Cuiabano' concedido ao deputado estadual Gilberto Cattani (PL). A maioria dos pares endossou o pedido do líder do governo, Luís Cláudio (PP), que apresentou a matéria sob a justificativa que o comportamento do bolsonarista não compactuava com os valores defendidos pela Casa e sua comparação de mulheres a vacas foi misógina e preconceituosa.
O presidente do Legislativo municipal, Chico 2000, correligionário de Cattani, fez peso às falas dos pares favoráveis à anulação do título.
"O deputado é do meu partido, mas não é por isso que vou endossar ou que eu vou estar junto diante de tantas declarações infelizes feita por ele. Não é só uma, poderia númerar com facilidade umas três. Essa Casa tem que estar voltada a essa Casa, como a Assembleia sempre está voltada para a Assembleia", falou Chico 2000 após a deliberação.
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A vereadora Maysa Leão (Republicana), que processa o deputado estadual por difamação e incitação à prática de crime, pontuou que não estava sendo julgado o mérito do parlamentar que propôs a concessão do título a Cattani, mas a conduta do bolsonarista.
"A quem propôs o título nenhuma responsabilidade. A responsabilidade hoje dessa propositura é totalmente do cidadão que o recebeu no passado porque tem toda uma conduta que não representa a conduta ilibada que o peso desse título requer", disse Maysa. "A retirada desse título, simbolicamente, representa que misóginos e agressores sejam eles morais, psicológicos, de qualquer tipo de agressão direcionadas a mulheres ou a qualquer indivíduo, não passarão batido nessa casa", alfinetou a parlamentar.
Edna Sampaio (PT) lembrou que foi voto perdido quando foi apresentado na Casa o projeto para que Gilberto Cattani fosse contemplado com a honraria. A petista foi a única a não apoiar a proposição à época.
"Fui o único voto contrário nessa casa e outras situações como essa já aconteceram aqui quando, por exemplo, essa Casa aprovou uma moção de aplausos à chacina no Rio de Janeiro, no Jacarezinho, e logo após os policiais foram indiciados por crime de assassinato contra a comunidade. Também nessa Casa foi votado o 'Dia do Orgulho Hétero' e eu também fui a única vereadora a votar contra e a Casa só recuou pela repercussão nacional que teve esse Projeto de Lei", declarou Edna. "Que essa casa possa, a partir dessa 'desomenagem' a um deputado estadual, refletir mais sobre aquilo que aprova ao longo da sua trajetória", observou a petista.
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DEFESA ISOLADA
O vereador Wilson Kero Kero (Podemos) foi o único a ficar ao lado de Cattani. Em sua defesa isolada na tribuna, Kero Kero não se referiu à comparação de mulheres a vacas, como estava em discussão, mas justificou que conversou com o deputado e que o mesmo alegou que não chamou Maysa de "defensora de estupradores".
"Conversei com o Cattani e aqueles comentários não é o pensamento. Ele não falou em momento algum que todos aqueles comentários que existem são a fala dele. Retirar um título hoje com um viés ideológico, não concordo", expôs.
No entanto, o vereador ainda disse que apoia Maysa Leão a buscar justiça ao seu nome desde que sua denúncia seja direcionada aos seguidores da internet e não ao deputado, conforme foi por ela requerido.
"Agora, os comentários são maldosos. Cabem a Justiça, cabem a polícia, cabem o viés que a senhora tomou. Mas não trazer para a retirada de um 'Título de Cidadão' para um ciadadão que merece e presta serviço", avaliou Kero Kero.
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