Silval completa um ano ou 100 dias de governo?

SECOM/MT

Silval Barbosa toma posse como governador de MT: vale 31/03/2010 ou 01/01/2011?

O mês de abril marcará uma data simbólica importante para o governador Silval Barbosa (PMDB), porém permeada por uma grande dúvida: afinal, Silval estará completando um ano ou 100 dias de governo?

Do ponto de vista cronológico, Silval completa no dia 1º de abril um ano que tomou posse no cargo de governador. Isso é indiscutível. Ocorre, todavia, que ano passado ele assumiu o cargo para terminar o governo iniciado, ainda em 2003, por Blairo Maggi (PR), quando este renunciou para disputar uma das vagas de Senador nas eleições passadas. Reeleito em outubro passado, todavia, Silval assumiu o cargo como governador eleito apenas no dia 1º de janeiro deste ano. Logo, no dia 10 de abril ele atingirá a marca de 100 dias dessa gestão totalmente sua. O que também é indiscutível.

Este texto já se enrolou por conta dessa dúvida: afinal, se Silval não foi eleito antes, como pôde ter sido reeleito em outubro passado?

A dúvida que gera inquietação nos bastidores políticos, contudo, é qual data corresponde mais ao desempenho do governador do Estado. Mais que uma conta matemática, o que se discute, na prática, é se Silval já deveria ter criado marcas de seu governo atual, ou se ainda terá mais tolerância da sociedade e da opinião pública para fazê-lo.

Seus opositores trabalham com a perspectiva de um ano. E isso permite questionarem o desempenho do governador, cobrando-lhe resultados mais satisfatórios para questões como saúde e segurança pública, obras de infra-estrutura, etc. Alegam que Silval não teria a desculpa clássica dos novos mandatários, de necessitar de um tempo para conhecer o funcionamento da máquina, afinal, já está no cargo há tempo suficiente para isso.

Já seus defensores vão comemorar os 100 dias. Alegam, basicamente, que mesmo tendo sido efetivado no dia 1º de abril do ano passado, Silval tinha que executar um plano de vôo desenhado pelo antecessor Blairo, e que mesmo assim não teve muito tempo para mostrar seu potencial em função das eleições, que o engessaram sete dos nove meses de mandato de 2010.

Independente dos argumentos prós e contra, o fato é que já se nota uma certa inquietação da opinião pública com o estilo Silval de governar. Talvez sua maior dificuldade, como acreditam alguns de seus aliados, seja “ter que fazer um governo novo, mesmo sendo um governo de continuidade”. Ou, colocado de outra forma: renovar a si mesmo!

O que se verifica no modelo de gestão apresentado até agora pelo governador Silval Barbosa, dizem representantes da oposição, nada mais é do que a continuidade do governo Maggi, encerrado no fim de março de 2010.

Assim opina o senador Pedro Taques [PDT], para quem não há mudança que aponte até o momento um novo rumo para a gestão estadual.

Mayke Toscano/Hipernotícias

"São oito anos e 100 dias da mesma coisa”, afirma o senador Taques, apontando que ainda há a urgência de se melhorar a saúde e a educação do Estado.

Pedro Taques é contra, por exemplo, a proposta da Secretaria de Estado de Saúde de instalar a as chamadas Organizações Sociais, medida que segundo ele é “absurda” e não resolverá os problemas do setor em Mato Grosso.

O governo Silval Babosa começou mesmo 1° de abril de 2010, conforme a presidente regional do PSDB, uma das poucas siglas de oposição à atual gestão, Thelma de Oliveira.

“Ele [Silval] já fazia parte do governo Maggi; ele era vice e também tinha responsabilidade nas ações, até porque chegou a assumir o cargo de governador por algumas vezes”, aponta a líder tucana, sinalizando que houve muitos problemas na gestão anterior e que continuam acentuados sob o comando do peemedebista. “Exemplo claro é a Saúde, que passou recentemente por uma audiência pública onde se viu a preocupação das pessoas ligadas ao setor, com o que vem acontecendo em Mato Grosso”, completa.

A reeleição de Silval Barbosa é a prova de que ele foi competente na gestão herdada de Blairo Maggi. A opinião é do presidente da Assembléia Legislativa José Riva, para quem ainda é muito cedo para se fazer uma avaliação mais detalhada da atual gestão.

Para Riva, o que deve ser considerado para avaliação é o período a partir do último dia primeiro de janeiro, pois até 31 de dezembro “Silval cumpriu um mandato que não era dele”.

De acordo com o presidente da Assembléia, há, porém, que se fazer umas considerações verificadas nesses primeiros meses do governo Silval.

“Nesses 100 dias, confesso que esperava uma equipe de governo mais coesa; há muitas secretarias que podem melhorar, pois há que se deixar o discurso de lado e tomar efetivamente decisões em alguns casos, como o da Agecopa”, sugeriu.

Riva reforça, entretanto, que do início do ano até agora não houve tempo suficiente para se formar opinião geral sobre a gestão Silval “porque mal assentou a poeira, ainda tem secretário assumindo pasta no governo e outros que acabaram de assumir”, aponta.

Mayke Toscano/Hipernotícias

Já o oposicionista Percival Muniz [PPS], deputado estadual, trata-se de dois governos, sendo que o atual, nascido em janeiro, é bem diferente daquele exercido até a posse do governador.

“Há muitos partidos na base do governo e por isso o Silval precisa ficar atento para não pegar a ‘sindrome do Murilo’”, opina, ao fazer comparação à gestão do prefeito de Várzea Grande Murilo Domingos [PR] , afastado do cargo para ser investigado por supostas irregularidades na gestão municipal.

Percival segue argumentando que há muita disputa interna no governo Silval. “Eu já até aconselhei o governador a tomar o governo para si, porque senão daqui a pouco todo mundo vai mandar e o governo está de um jeito em que oposição não está precisando trabalhar”, emenda.

O deputado republicano Emanuel Pinheiro defende um tempo maior para que a população e o próprio meio político possam fazer avaliação e cobrança do governo Silval Babosa.

“Na gestão do ano passado ele foi obrigado a cumprir acordos políticos daquela ocasião, e já a partir de 1° de janeiro ele colocou seu DNA e, por isso, precisa de pelo menos seis meses para implementar as políticas de seu plano de governo” diz.

Já o petista Ademir Bruneto opina que só se pode avaliar o governo Silval pelos 100 dias de trabalho desse ano, também creditando o desempenho de 2010 aos acordos feitos pelo governo Maggi.

“Era sequência de governo em 2010, por isso não pode ter autonomia. Agora podemos avaliar em cima desses 100 dias, mas ainda não houve abertura de orçamento, por isso não podemos dizer que o governo teve condições de fazer o que precisa fazer pelo Estado de Mato Grosso”, finaliza Bruneto, sugerindo o transcorrer de pelo menos um ano para analisar os trabalhos do governador.

Como se vê, na política também prevalece a máxima de darwiniana, de que a visão de cada um depende do seu ponto de referência. Neste caso, de que lado da briga cada político está: se na vidraça ou no monte de pedras.

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