A juíza da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, classificou a denúncia feita pelo cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Correia Junior, de que a magistrada teria inventando uma "estória cobertura" de um atentado como "absurdas".
"É um absurdo essas declarações porque realmente houve uma denúncia de atentado contra a minha vida. Houve uma denúncia de que uma pessoa próxima ao Riva que disse que eu 'cheirava defunto'. Agora nunca houve um caso de denúncia envolvendo o Riva e o Sival juntos. E muito menos me lembro de ter conversado com esse cabo", disse a magistrada ao HiperNoticias.
De acordo com Selma Arruda, após conversar com seus assessores, ninguém afirmou que tenha conversado com o cabo Gerson. "Eu contactei os meus assessores e ninguém conversou com o Cabo Gerson não. Isso nunca existiu", complementou.
A magistrada ainda informou que não teve acesso ao depoimento e por isso não poderia falar mais sobre o assunto.
José Riva
Já o ex-deputado estadual José Riva disse que jamais ameaçou ninguém. "Quem me conhece sabe que jamais ameaçaria qualquer pessoa, seja juíza ou quem quer que seja. Sou cristão e não admito isso", afirmou Riva.
"E quero lembrar que quando recebi uma mensagem de uma pessoa que se propôs a explodir o Tribunal de Justiça e a Vara dela, eu fui o primeiro a ir no Ministério Público e denunciar", complementou.
O ex-parlamentar também disse que, se realmente a magistrada foi ameaçada, que ela venha a público e fale o nome da pessoa. "A juíza
tem que falar quem é essa pessoa próxima a mim que ameaçou ela. Porque só podemos acusar algo se temos prova e que se fale a verdade", disse.
Porém, Riva acredita que Selma Arruda jamais inventaria uma estória para grampeá-lo. "Eu não acredito nessa história. Ainda mais vindo de uma juíza séria. Porque isso feriria mortalmente o princípio democrático das instituições. Mas espero que ela fale o nome de quem a ameaçou", concluiu.
Silval
A nossa reportagem entrou em contato com a defesa do ex-governador Silval Barbosa, mas ninguém quis comentar sobre o assunto.
DEPOIMENTO
O cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Correia Junior, afirmou em seu depoimento aos delegados Ana Cristina Feldner e Flávio henrique Stringueta que o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), sob o comando do então promotor de Justiça Marco Aurélio Castro, teria inventado uma "estória cobertura" para realizar interceptações telefônicas em uma investigação contra o ex-governador Sival Barbosa (PMDB) e o ex-presidente da Assembleia Legislativa (ALMT), José Geraldo Riva.
Para "validar" os grampos ilegais, foi criada, segundo Gerson, uma trama de atentado contra a vida da juíza da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda.
"Revelação de uma irregularidade ocorrida em investigação promovida pelo GAECO/MT com anuência do então coordenador, promotor de Justiça Marco Aurélio Castro, quando este determinou ao interrogado Gerson Correa, que criasse uma estória cobertura para dar início a uma interceptação de pessoas suspeitas de tramarem a morte da Drª Selma Arruda, juíza de Direito Titular da 7ª Vara Criminal desta Comarca", diz trecho do depoimento do Cabo da PM.
Ainda de acorco Gerson a magistrada participou do repasse das informações para a estória cobertura.
"Segundo o interrogado Gerson Correa, a Drª Selma Arruda foi quem lhe passou as informações sobre essa trama, as quais lhe foram levadas por uma assessora de outra vara desta Comarca, cujo suspeitos eram o ex-governador Silval Barbosa e o ex-deputado estadual José Riva; para poupá-la de ser implicada como a fonte da informação, houve a montagem dessa estória cobertura com o conhecimento dela", revelou Correa.
O depoimento de Gerson ocorreu no Complexo Miranda Reis da Polícia Civil na última segunda-feira (16)e antes da notificação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) chegasse oficialmente aos delegados, o que ocorreu somente às 20 horas no mesmo dia.
O ministro Mauro Campbell solicitou que todos os processos de investigação dos grampos telefônicos fossem remetidos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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