Com dívidas de R$ 47,3 milhões, o grupo Konzen entrou em recuperação judicial. Decisão que autorizou a RJ do grupo foi assinada pela juíza Gioavana Pascoal de Mello, da 4ª Vara Cível de Sinop (487 km de Cuiabá), no dia 19 de dezembro. No pedido, o grupo alegou que tem sofrido abalos financeiros em virtude de empréstimos, bem como condições climáticas que prejudicaram a lavoura e a pandemia de covid-19.
A decisão que autorizou a recuperação judicial 'congela' pelo prazo de 180 dias todas as ações de execuções contra o grupo. Além disso, a determinação da magistrada 'blindou' duas colheitadeiras, um trator, uma plantadeira, uma plataforma de milho e 50% da Fazenda São Carlos, registrada no cartório de Tabaporã. Os bens não poderão ser alvos de medidas expropriatórias porque foram considerados essenciais ao soerguimento do grupo.
A defesa do Grupo Konzen ainda recebeu prazo improrrogável de 60 dias para apresentar o plano de recuperação, sob pena de convolação em falência.
HISTÓRICO
O Grupo Konzen teve início em 1988 a partir do relacionamento entre João Adelar Konzen, que migrou do Paraná para Mato Grosso em busca de melhores opotunidades, e Helena Konzen, filha de sitiantes japoneses pioneiros em Sinop. Os dois uniram seus bens e conseguiram fundar o primeiro empreendimento do casal JN Madeiras Ltda em sociedade com o irmão de João Adelar, Nelson Konzen, no ano de 1990.
Nos anos seguintes, a parceria foi considerada um triunfo garantindo estabilidade e melhores condições à família. A empresa chegou a enfrentar dificuldades pela concorrência no setor em Sinop, o que fez com que a família adquirisse a área denoninada Fazenda Pintassilgo, no intuito de extrair a madeira nativa e vender como madeira serrada industrializada. A estratégia deu certo e a JN Madeiras Ltda se tornou referência com menos de 10 anos de atividade, empregando mais de 30 pessoas diretamente.
Em 1999, a família decidiu investir no pujante cultivo de grãos, uma vez que possuíam imóveis aptos para transformar em lavoura. Em 2002, João, Helena e os filhos deixaram Sinop e foram morar na fazenda que tinham, em Tabaporã, com o objetivo de se tornarem produtores rurais.
O sucesso da safra de arroz em 2002 permitiu que o casal adquirisse a Fazenda Pintassilgo II e desse investisse na construção da agro vila Americana do Norte.
CRISE
A primeira crise veio em 2005 com a crise do arroz na região de Tabaporã. Logo depois, João Adelar decidiu investir numa usina de etanol que não deu retorno, prejudicando o fluxo de caixa da família.
A crise provocada pelo investimento equivocado no setor usineiro continuou a provocar prejuízos até que em 2016 a família precisou fechar a madeireira, utilizada para cobrir os 'rombos' causados pela usina de etanol.
Diante desse cenário, João e Helena voltaram à agricultura. O casal apostou no cultivo de soja, mas desde a primeira safra precisaram negociar a 'soja verde' - a promessa de entrega de soja em troca de crédito - para honrar os R$ 300 mil em débitos trabalhistas da madeireira, além de custear os insumos necessários para a preparação da lavoura.
A família também precisou financiar a compra de equipamentos adequados para o plantio e a colheita, a correção do solo, construção de barracões e a abertura de estradas.
Até 2020 a situação da família continuou se agravando. A pandemia de covid-19 impactou ainda mais o planejamento da família. Em 2022, com a queda das commodities de soja e milho, o grupo teve um prejuízo de mais de R$ 10 milhões em faturamento. Para suprir o déficit, o grupo contraiu mais empréstimos.
Em consequência do endividamento, mesmo que o resultado da safra 2022/2023 tenha sido lucrativo, o prejuízo acumulado com juros e compromissos de pagamento dos imóveis adquiridos ultrapassaram a receita total do grupo.
Agora, com as ondas de calor e perspectiva de excesso de chuvas em Tabaporã, o grupo se preocupa com a colheita da soja e a preparação da área para safrinha do milho.
Toda crise enfrentada ao longo de décadas rendeu ao grupo um passivo concursal de R$ 47.305.894,64 e extraconcursal de R$ 46.162.981,48. A situação levou ao pedido de recuperação judicial sob a perspectiva de que o processo permitirá a reorganização das dívidas para liquidação total dos débitos do Grupo konzen, mantendo a atividade rural do grupo.
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