Trigo, centeio, cevada e malte poderiam se tornar um pesadelo na vida da jornalista Márcia Raquel de Oliveira. Porém, ela ‘aproveitou’ que é celíaca para criar uma marca de produtos na intenção de melhorar a alimentação. A novidade não parou por aí. Os experimentos, aliada a afinidade e a habilidade da arte cozinhar, geram uma renda extra.
Alan Cosme/HiperNoticias
A doença celíaca é uma intolerância radical ao glúten. Segundo a medicina, a patologia causa uma inflamação grave do intestino e leva à desnutrição por má absorção de nutrientes.
No caso, o paciente nasce com o gene de intolerância ao glúten que pode se manifestar na infância entre o primeiro e terceiro ano de vida. Porém, muitos descobrem somente na vida adulta.
Isso foi o que aconteceu com Márcia quando ainda tinha 38 anos.
O diagnóstico da doença veio quando o filho mais novo de Márcia estava com 45 dias de vida. Ele contou à reportagem do HiperNotícias que sentia muitas dores nas costas.
“Eu fiquei com três fraturas na coluna e precisei urgente investigar as causas”, relembrou.
O processo para descobrir o problema foi demorado, visto que, além das dores nas costas, Márcia sentia crise de dor de cabeça todos os dias. O neurologista após os exames diagnosticou a jornalista com enxaqueca.
Depois, surgiram os refluxos com frequência. Tudo o que comia Márcia passava mal. Então a opção mais óbvia foi procurar um gastro. Resultado: gastrite nervosa.
“Mas, vi que ainda não era aquilo porque nos últimos meses eu estava com alternância no intestino. E sempre tive o intestino constipado. Então, decidi trocar de médico, após verificar todos os exames ela afirmou que estava tudo normal e me perguntou se era celíaca”, contou.
Rapidamente, Márcia falou à médica que não era, mas tinha uma irmã que apresentava este problema. “Ela me disse: vamos então fazer novos exames e todos os resultados deram positivo”, relatou.
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Mesmo identificando a doença, Márcia viajou para São Paulo para realizar uma biópsia óssea para verificar se havia uma doença mais grave, como um câncer, porque a densidade óssea que deveria atingir 20 foi avaliada em 2.
“Ou seja muito abaixo do que eu precisava de fato. Mas, não deu nada e eu me senti muito aliviada, pensando que deveria fazer apenas uma dieta para repor o cálcio e o ferro”, afirmou.
PRODUTOS
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Depois de esclarecer os fatos, Márcia começou em outra caminhada. Uma minuciosa pesquisa de todos os produtos que não continha glúten. Mas, ela percebeu que todos os produtos industrializados que não contém glúten são muito mais caros e pesaria no orçamento.
“É praticamente o dobro. Além disso, os restaurantes e padaria que oferecem os produtos podem ter a contaminação cruzada, que acaba afetando todos os intolerantes também, pois os produtos são produzidos no mesmo local e acaba tendo a contaminação”.
Diferentemente do que muitos pensam, a substância não está presente apenas nos alimentos, mas em muitos utensílios de uso doméstico que possuem a composição do trigo, centeio e cevada, por exemplo.
Com isso, a única alternativa foi Márcia começar a preparar os próprios alimentos.
“Eu sempre gostei de fazer bolo, mas eram receitas normais. Precisei pesquisar muito porque não posso comer fora, pois tudo tem glúten como, por exemplo, iogurte, biscoito. Com isso, minha vida se resumiu em analisar rótulos”.
As primeiras preparações foram os cupcakes para o aniversário da filha. Depois, veio a ideia do bolo, pão, tortas salgadas e biscoito de amendoim.
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“Um dia fiz em grande quantidade e trouxe para Assembleia Legislativa onde trabalho de segunda-feira a sexta-feira, das 7h às 13h. E, vendeu super bem e esse foi o incentivo que encontrei para fazer as receitas”.
Além de vender para as pessoas intolerantes a glúten e também lactose, porque nas receitas não é usado o leite, outras pessoas que gostam da preparação começaram a adquirir os produtos para manter uma refeição saudável.
“Não uso o leite então já consigo pegar esse segmento de intolerantes a lactose. Também não uso soja, porque não gosto e muitas pessoas também não. Além disso, uso açúcar de coco e demerara para reduzir na quantidade de açúcar”.
Todos os produtos podem ser adquiridos pelos telefones 99982-5871 e 99237-3682. Ainda segundo Márcia, deve abrir uma microempresa para divulgar e revender as receitas em cafés, restaurantes e padarias.
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“Fazendo assim as pessoas que têm o mesmo problema que eu, poderão comprar sem medo, porque os produtos estão lacrados e não vai ter a preocupação de contaminação”, concluiu.
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