A companhia rompeu brevemente o valor de US$ 4 trilhões quando sua ação superou a marca de US$ 163,93 - na sequência, o valor recuou e fechou em US$ 162,88, o que avalia a empresa em US$ 3,97 trilhões.
Para efeito de comparação, US$ 4 trilhões, ao câmbio de ontem, são cerca de R$ 22 trilhões, ou quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024, de R$ 11,7 trilhões, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os últimos meses foram intensos para a companhia fundada pelo CEO Jensen Huang. Apenas no último trimestre, a empresa teve um crescimento de receita de 69% em relação ao período anterior. No balanço financeiro divulgado em fevereiro, no encerramento do ano fiscal da companhia, a Nvidia informou que o crescimento relativo a 2024 foi de 112%.
A gigante viveu incertezas com o tarifaço imposto por Donald Trump em abril. As altas taxas para o comércio internacional aumentaram o temor de executivos e investidores de que as fontes de receita pudessem encolher. A insatisfação chegou aos ouvidos do presidente americano, que recuou e isentou computadores, smartphones e semicondutores, como a GPU (sigla em inglês para Unidade de Processamento Gráfico, um circuito eletrônico especializado projetado para acelerar a criação de imagens e vídeos). Os chips especializados em IA são a menina dos olhos da Nvidia, que fabrica a maioria dos componentes em Taiwan. Isso destravou o potencial e o valor da empresa.
"Há uma empresa no mundo que é a base da revolução da IA, que é a Nvidia, com o padrinho da IA, Jensen, tendo a melhor posição e perspectiva para discutir a demanda geral de IA das empresas e o apetite pelos chips de IA da Nvidia no futuro", disse Dan Ives, consultor da Wedbush Securities.
A Nvidia passou os últimos dois anos vendo a demanda por seus chips de processamento neural estourar com o avanço da tecnologia - trazendo resultados, principalmente, no crescente aumento de seu valor de mercado, que ultrapassou o da Microsoft (empresa mais próxima da Nvidia, valia ontem US$ 3,7 trilhões) e o da Apple no clube dos US$ 3 trilhões.
O avanço da Nvidia reflete a empolgação em torno da IA. Em 2021, o seu valor era de US$ 735 bilhões. No final de 2024, a empresa já era a segunda mais valiosa do setor de tecnologia, a US$ 3,4 trilhões. Dentro do ranking da S&P 500, que lista as 500 maiores empresas do mundo, a Nvidia já aparece na frente de todas as empresas do chamado G-7 (ou Magnificent Seven, em inglês). O grupo é composto por Apple, Google, Amazon, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla.
O sucesso da Nvidia não seria possível, claro, se ela não tivesse tantos clientes interessados em seus chips de IA. O interesse pela tecnologia está longe de esfriar. As suas principais parceiras demandam quantidades grandes o suficiente para manter a empresa líder no mercado.
Fila enorme
De acordo com o jornal Financial Times, só em 2024, a Microsoft comprou cerca de 485 mil unidades de processadores da marca, mais do que o dobro do que a segunda maior consumidora da Nvidia nos EUA, a Meta, que negociou cerca de 224 mil unidades. E a fila para clientes menores é enorme. Neste ano, por exemplo, a Universidade Federal de Goiás (UFG) recebeu 64 novas unidades das GPUs B200 a um custo de R$ 40 milhões após meses de espera.
Para reduzir a dependência, várias das gigantes trabalham em seus próprios chips de IA - o Google vem fazendo avanços com a linha Tensor, enquanto a Amazon desenvolve seu processador Trainium. Já a Microsoft lançou o Maia, chip com capacidade para rodar LLMs (IA que usa grandes quantidades de dados textuais para aprender a linguagem humana) da base do serviço Azure, de nuvem. Toda essa produção ainda não é capaz de acompanhar as crescentes necessidades das gigantes. A corrida do ouro fica ainda mais rápida quando rivais, como a OpenAI, anunciam novidades quase mensalmente.
Antes do tempo
Fundada há mais de 30 anos, a companhia antecipou em algumas décadas o boom atual da tecnologia - quase sem querer. Criada em 1993, a Nvidia passou a desenvolver em 1999 chips de processamento de vídeo (ou GPUs) para computadores e videogames. Essa tecnologia se tornou essencial para processar vídeos pesados na indústria de games (abastecendo consoles como Xbox e PlayStation) e indispensável em supercomputadores - que podem ser usados em sistemas de nuvem ou de mineração de criptomoedas, duas áreas em que a Nvidia se tornou a favorita.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
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