Mulher denuncia filho de sócio de shopping por tortura e cárcere privado por dois anos

A Delegacia Especializada em Defesa da Mulher, pediu na última sexta-feira (15), o mandado de prisão em desfavor de Hélio Pereira Cardoso Neto, 37 anos, que manteve em cárcere privado e torturou psicologicamente e fisicamente, sua esposa por mais de dois anos. O acusado seria filho de um dos sócios de um shopping da Capital.

Marcos Lopes/HiperNotícias

 

Para não deixar marcas pelo corpo, o homem agredia a mulher na cabeça e ela era proibida de tudo, inclusive de ir ao banheiro sozinha. “Ele me acompanhava até nos momentos das necessidades fisiológicas”, relatou a mulher, que foi ouvida pelo caso no dia 18 deste mês.

A mulher, identificada como M.C.M.S, 23 anos, morava com Helio há dois anos no bairro Centro Sul, em Cuiabá. Ela relatou que a casa tinha muros altos e quando ela saia era obrigada a ficar de cabeça baixa. “Os restaurantes também era sempre os que tinham menos movimento”, relata o depoimento.

“Não tenho liberdade para nada, fazer uma compra, nada. Isso é uma prisão". Até a bíblia da mulher ele teria queimado para que ela não rezasse. Em um trecho de outra carta, ela escrevia de forma desesperada: "Mãe, pelo amor de Deus, me ajuda”.

Em outro trecho da história, a vítima conta que pediu para fazer luzes no cabelo e Hélio não deixou. “Só rapariga faz luzes no cabelo”. A mulher ainda relata que era agredida em curto espaço de tempo, às vezes até duas vezes na semana. “Ele não me deixava ficar sozinha. Até quando eu limpava, lavava louça ou cozinhava, ele estava perto de mim”, frisou a vítima. “Não podia olhar ao redor, só quando o ambiente tinha mulheres. Nem ir no portão de casa eu podia”, lembrou.

PJC-MT

Caso está sendo investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher

Em 2015, a moça conseguiu se separar de Hélio e foi para o Acre, cuidar do pai que tinha câncer. Depois ela voltou e reatou o relacionamento. Nesse período, a mulher disse que ouviu do marido: “Deu pra quantos lá?”. E depois dessa volta, ele só a tratava como “puta, rapariga e vagabunda” e sempre a comparava com “cães”.

Após o depoimento, a  vítima decidiu representar criminalmente contra o suspeito por crime de injúria, lesão corporal e cárcere privado. Por conta disso, ele passa a ser procurado pela polícia em todo território nacional.

Atualmente a mulher, com medo de algum tipo de represália, pediu que o acusado cumprisse medidas restritivas. Ela também passa por tratamento psiquiátrico oferecido pela Polícia Civil.

Na busca feita pela Polícia Militar na casa do suspeito, na última segunda-feira (18), uma arma foi encontrada com cinco munições, além de diversos medicamentos, que segundo a mulher, era usado por ele para dormir, pois ele tinha problema de insônia.

Outro Lado

Ao site Olhar Direto, o advogado de Hélio disse que ainda precisa tomar conhecimento dos fatos para comentar. “Não tenho conhecimento algum sobre o caso. Ainda vou me inteirar do assunto, pelo que sabemos está em segredo de Justiça. O que sei é que existe esta denúncia e posso te afirmar que acompanhei o mandado de busca e que foi encontrada sim uma arma, mas ao que parece, ela não é dele e tinha registro". Por fim, o advogado Anderson Nunes de Figueiredo, afirma que irá apresentar o seu cliente no momento certo.

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