A falta de chuva tem cooperado para a sensação de que o tempo está mais seco do que o normal na Capital e em boa parte de Mato Grosso. No entanto, o professor doutor em Climatologia do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Rodrigo Marques, diz que o volume de chuvas deste ano está dentro da 'normalidade', se comparado ao cenário dos anos de 2020 e 2021, quando foi registrada uma escassez pluviométrica, trazendo inclusive prejuízos à saúde. De acordo com o Clima Tempo, a média mensal de chuva atingida até 1º de setembro em Cuiabá foi de 3% em relação à média histórica de 64 mm dos últimos 30 anos. O percentual equivale a 1,87 mm.
Este ano, Cuiabá chegou a registrar 49 dias sem chuva. Após o longo período de seca e calor, com temperaturas de 40ºC, do início do ano até agosto, a Capital marcou cerca 18,2 mm de chuva nos dias 7 e 8 de agosto. Daí para frente, a chuva não se esquivou e caiu pelo menos outras duas vezes no mês, que é considerado de seca intensa, com frequentes ondas de calor. No período, os cuiabanos ainda foram surpreendidos duas vezes com o clima mais ameno e, no dia 19 de agosto, os termômetros bateram 10ºC durante a madrugada.
Segundo o especialista, a previsão de chuva para este ano, por enquanto, está dentro da normalidade. Porém, para obter um dado concreto é preciso esperar até o último dia do ano.
“Por enquanto, estamos dentro da normalidade, apesar de ainda não termos alcançado a quantidade esperada de chuva no ano. É bom esclarecer que as pessoas associam a falta de chuvas com queimadas, e não tem nada a ver. As queimadas acontecem por causa de ações criminosas, não é a falta de chuva que acende o fogo. Claro que, devido ao período de seca e com muitos focos de calor, a falta de chuva prejudica o ar, a saúde, etc. Mas não significa que é pela falta de chuva que isso acontece”, explicou o professor.
Na última quarta-feira (14), os cuiabanos foram contemplados, mais uma vez, com uma tímida chuva durante a noite. Junto à precipitação, os termômetros também caíram e a Capital registrou tempo ameno de até 19ºC, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entretanto, neste fim de semana, os termômetros já registram altas temperaturas, de até 40ºC. No domingo, a probabilidade de chuva é de 90% durante a tarde.
Já em relação à fumaça que encobriu não só Cuiabá, como cidades vizinhas do Estado no início deste mês, não foi causada apenas por focos de calor registrados em Mato Grosso - na região do Coxipó do Ouro e às margens da MT-351, na estrada do Manso -, como também no Amazonas e Acre.
CLIMA TEMPO
Do dia 1º de janeiro até 7 de setembro deste ano, Mato Grosso liderava o ranking com mais de 12 mil focos de calor, fato que contribuiu para se espalhar fumaça por todo o estado. No entanto, o auge do fumaceiro em Cuiabá foi registrado no dia 13 de agosto, de acordo com o Clima Tempo. A Capital amanheceu totalmente encoberta, com a visibilidade reduzida para 1.500 metros. Até então, não havia registro de chuva superior a 1 milímetro em Cuiabá.
Em relação a 2020 e 2021, Cuiabá sofreu com a seca climática e fumaça que encobria o céu de julho até outubro. O professor lembrou que 2020 foi o ano mais preocupante e que alcançou temperaturas mais quentes de toda a história de Cuiabá. Em setembro, por exemplo, a umidade caiu aos 11%, de acordo com o Inpe, quando, após quase 4 meses, caiu tão esperada chuva, conhecida como “chuva ácida”.
Por fim, o professor concluiu que a situação climática do Estado é de extrema preocupação para o meio ambiente e à saúde humana e animal. Ele explicou que a fumaça contém substâncias químicas, que geram poluentes.
“Nesse tempo seco que estamos, é comum ter inversão térmica, quando a camada de ar mais frio fica próxima da superfície. Para entender, é como se uma tampa de panela ficasse sobre a cidade e vai soltando a fumaça, o que acaba gerando o céu cinza. Todo essa seca, que é considerada normal neste período, fumaça e condições climáticas são prejudiciais, quando ocorrem incêndios, focos de calor. Essa fumaça no ar que se espalha e as condições meteorológicas neste período são caóticas”, finalizou.
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