Os policiais da Gerência de Operações Especiais (Goe), da Polícia Judiciária Civil (PJC), impediram um assassinato por meio da detonação de um quilo e meio de explosivos de dinamite em um açougue no CPA III. Os autores da ação são integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV).
Os agentes conseguiram interceptar o artefato explosivo (montado em uma mochila) escolar graças às investigações da Delegacia de Roubos e Furtos (Derf) e evitou a provável morte de várias pessoas. A intenção era fazer uma chamada bomba suja, pois além do explosivo havia vários cacos de vidro junto. Esse tipo de bomba é muito utilizado em áreas de conflito bélico urbano, pois é uma técnica bastante conhecida de guerrilha. Criada pelos nazistas alemães ainda nos anos 1930, foi fartamente utilizada na Guerra Civil Espanhola (que durou de fins de 1935 até 1939), por exemplo.
Polícia Civil
Bomba de guerrilha estava pronta para causar banho de sangue no CPA III
O açougue alvo do CV está localizado na Avenida Doutor Ulisses Guimarães, próximo ao Terminal do CPA III e o alvo seriam, de acordo com as informações da assessoria da PJC, o dono do açougue e um funcionário. O comércio é o mesmo local onde, por volta das 15h do dia 30 de setembro, houve uma tentativa de assalto na qual o proprietário reagiu sacando um revólver 38, atingindo e matando um dos ladrões com um tiro na boca.
O assaltante fora identificado como sendo Valter Lopes da Silva, 40 anos, e ele, sempre de acordo com as informações da PJC, seria integrante da facção criminosa nascida no Rio de Janeiro, mas que há anos tem sua versão local, batizada de Comando Vermelho de Mato Grosso (CV-MT), que atua de dentro de presídios do Estado, com liderança vivendo dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE).
À época da morte do ladrão pelo comerciante, Valter ficou exposto na rua, agonizando por quase uma hora, enquanto moradores faziam imagens com celulares e tablets fartamente divulgadas pela imprensa. O ato teria sido visto pelo Comando Vermelho MT como afronta e gerado a tentativa de represália contra o açougueiro. “A ordem era matar o dono do açougue, o funcionário e explodir depois o artefato dentro do estabelecimento, para que atingisse o maior número de pessoas, já que estava cheio de cacos de vidros grossos”, disse o delegado da Derf, Rodrigo Azem.
Foi ele quem montou a operação para conter o ataque guerrilheiro e neutralizar os assassinatos. Tudo começou com uma equipe do GOE se dirigindo de maneira preventiva à região do açougue enquanto policiais da Derf simultaneamente cercavam a casa no Jardim Maringá II onde estava escondida a bomba suja. Lá também foram encontrados um quilo de maconha e Jonailson Antônio Ferreira de Oliveira, 28 anos, Rafael Ferreira da Silva, 20 anos, e Gilney Silva Marcondes, 21. Eles irão responder por tráfico de drogas, associação criminosa, e posse de artefato explosivo.
“Ontem [sexta-feira] à noite o alvo montou o artefato seguindo orientação do detento do presídio. O artefato ficou na casa e hoje (ontem, sábado) outra pessoa (Joanilson) iria buscar e entregar para quem iria executar o proprietário do açougue e explodir o artefato”, explicou o delegado.
Participaram da operação todas as equipes de investigadores da Derf, núcleo de inteligência, coordenados pelos delegados Daniel Lemos Valente, Rodrigo Azem Buchdid e Marcelo Miranda Muniz, em conjunto com o delegado do Goe, Guilherme de Carvalho Bertoli, e equipe de explosivista da unidade.
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