O adestrador Weslley Zanotti, com 25 anos de experiência em treinamento de cães, criticou duramente a negligência de tutores nos recentes ataques de cães registrados em Mato Grosso e outras regiões do país. Segundo ele, os acidentes são resultado direto da falta de preparo, de estrutura adequada e da irresponsabilidade de quem adquire animais sem compreender suas necessidades.
“Esses acidentes são exclusivamente responsabilidade dos donos. Muitos adquirem cães por impulso, sem estudar a raça e sem entender o que ela exige. O resultado é fuga, agressividade e ataques que poderiam ser evitados”, afirmou Zanotti.
Casos recentes como o ataque de um pitbull a uma cadela e um morador em Barra do Garças, o ataque a um professor de muay thai por dois cães da mesma raça em Ponta Porã (MS) e a agressão de um husky siberiano com um cinto em Várzea Grande acenderam o alerta sobre os cuidados e o manejo adequado desses animais.
Zanotti, que treina entre 80 a 100 cães por dia em seu centro de adestramento localizado na estrada da Chapada dos Guimarães (MT-251), já trabalhou com todas as raças existentes no Brasil. Ele explica que, embora algumas raças, como pitbull, bull terrier, rottweiler, fila, doberman, cane corso, dogo argentino e chow chow, demandem atenção redobrada, qualquer raça pode apresentar comportamento agressivo se criada de forma inadequada.
“Sempre haverá cães reativos ou agressivos entre todas as raças. A diferença é que quando o problema vem de raças potentes, os danos são maiores e acabam gerando polêmica, quando na verdade o problema é humano, não canino”.
COMO AGIR EM CASO DE ATAQUE
Questionado sobre o que fazer em situações de ataque, Zanotti alerta que não existe receita pronta, pois cada situação é única. No entanto, a principal orientação é manter a calma e pedir ajuda.
“Se estiver sozinho, tente usar o que estiver à mão, uma camiseta, corda, cinto, mangueira, para separar o cão. Em caso de briga entre cães, o ideal é nunca intervir sozinho, sempre com ajuda”.
MAUS-TRATOS E ESTRUTURA PRECÁRIA
As leis muitas vezes são mal formuladas e não punem os verdadeiros culpados: pessoas irresponsáveis
Zanotti também criticou a atuação das autoridades diante de denúncias de maus-tratos, como no caso do husky siberiano resgatado em Várzea Grande. Para ele, falta estrutura, pessoal e prioridade ao tema por parte do poder público. “As leis muitas vezes são mal formuladas e não punem os verdadeiros culpados: pessoas irresponsáveis. A população denuncia, mas os órgãos públicos, como as prefeituras, nem sempre conseguem atender à demanda”.
O adestrador finalizou pedindo mais apoio das autoridades para fortalecer a causa animal e conscientizar a sociedade sobre a importância da criação responsável. O pérfil do Weslley no instagram é o @weslleylzanotti.
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