Depois de mais de doze horas de audiência de instrução dos acusados de executarem a adolescente Maiana Mariano Vilela, 16 anos, Paulo Ferreira Martins e Carlos Alexandre, ambos presos na Penitenciária Central de Cuiabá desde maio, mudaram a versão e inocentaram o empresário, suposto mandante e ex-namorado da menor, Rogério Amorim. A alegação é que Maiana estava arquitetando plano para roubar cerca de R$ 20 mil de Amorim, além de uma caminhonete. A menor foi morta em 21 de dezembro de 2011, mas o seu corpo só foi encontrado em 25 de maio deste ano.
Mas para a promotora de Justiça Lindinalva Rodrigues Dalla Costa e o defensor público José Carlos Evangelista, a mudança de versão é uma clara tentativa de inocentar Rogério Amorim. Testemunhas que prestaram depoimento disseram que um advogado (não identificado) foi até a penitencária e ofereceu dinheiro para que inocentassem Rogério. Além da verba, a família do preso receberia um salário mensal. Mayke Toscano/Hipernoticias Assassinos mudaram a versão para inocentar o ex-namorado de Maiana, Rogério Amorim (primeiro a esquerda)
Evangelista disse que ficou surpreendido com a declaração dos acusados e enfatizou que “mais uma vez o poder econômico, como em todas as esferas, se sobrepõe à verdade no Brasil. Isso é muito triste”, afirmou.
Já a promotora Lindinalva Rodrigues disse que nos autos há provas de que o mandante foi Rogério Amorim. “Todas as provas produzidas confessam que o mandante é Rogério. A versão apresentada na audiência é fantasiosa e não será acolhida. É fácil agora colocar a culpa na vítima porque ela não está mais aqui. Temos provas de favorecimento econômico a eles (réus) e à família”, falou.
VERSÕES
O depoimento prestado pelo acusado Paulo Ferreira é de que o plano de roubo era de Maiana e o dinheiro seria dividido igualmente entre Paulo e Carlos Alexandre e com a adolescente ficaria a caminhonete, que já tinha destino certo. Ferreira disse que Maiana morreu porque houve uma discussão entre os dois e ele ficou com medo de ser prejudicado.
“Foi uma covardia o que fiz, estou arrependido. Matei a Maiana quando vi que o plano não ia dar certo. Não tínhamos combinado de matar ela”, resumiu friamente.
O depoimento de Carlos Alexandre teve o mesmo teor do de Paulo Ferreira, que também confirmou plano entre o trio para roubar o empresário. “Eu ajudei a enterrar a Maiana. O Paulo me falou que tinha um plano com ela para roubar R$ 20 mil do Rogério. Eu estava precisando de dinheiro e por isso fiz isso”, destacou, ressaltando que é pedreiro e ganhava apenas R$ 400 por semana e que estava muito endividado.
Em depoimento, Rogério Amorim disse que não mandou matar Maiana e confirmou que no começo do relacionamento com a adolescente foi conturbado, mas à época de seu “sumiço” as coisas tinham se ajeitado. Marcos Lopes/HiperNotícias O corpo de Maiana Vilela foi enterrado no mesmo momento em que acontecia a audiência dos envolvidos na morte dela
Rogério começou a namorar Maiana quando ela tinha 15 anos e o empresário nutriu outros relacionamentos com a menor. “Eu tinha interesse em dar continuidade no relacionamento”, disse Amorim, confirmando que na mesma noite do desaparecimento da adolescente foi dormir na casa de sua ex-esposa, Calisângela de Moraes, que também está presa desde maio.
Calisângela também negou que tenha participado da execução de Maiana, apenas confirmou que quando ficou sabendo do relacionamento da menor com o seu “marido” foi procurar saber quem era. “Fui atrás dela e parei em frente a casa de Maiana e xinguei ela. Eu e o Rogério não estávamos separados. Pelo menos umas três vezes por semana ele dormia comigo. Ele (Rogério) ficou tranquilo com o sumiço da Maiana”, frisou.
PEDIDOS
Após todas as oitivas, o defensor público José Carlos Evangelista fez requerimento à magistrada Tatiane Colombo, para que transfira o acusado Carlos Alexandre para outro complexo prisional, pois o mesmo alegou se sentir ameaçado.
Já a defesa do empresário e sua ex-esposa, Waldir Caldas, pediu a revogação da prisão preventiva de Calisângela.
A representante do Ministério Público Lindinalva Rodrigues disse que no primeiro requerimento acata o pedido, mas sugeriu que o acusado Carlos Alexandre cumpra pena no Carumbé. Já quanto ao segundo requerimento, a promotora atestou que tem que analisar os autos para dar a decisão.
A audiência de instrução aconteceu durante todo o dia de terça-feira (31), na 2ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, no Fórum de Cuiabá. No total, foram ouvidas 16 pessoas, entre testemunhas arroladas para a defesa e acusação. Os trabalhos foram presididos pela juíza Tatiane Colombo.
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