A investigação será por meio de um procedimento disciplinar conduzido pela Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), sediado em Porto Alegre (RS). O caso aconteceu na quarta-feira, 22, e teria sido flagrado por câmeras de segurança.
O TRF4 informou que 'não se manifestará por ora'. O Estadão apurou que a Polícia Civil de Santa Catarina oficiou a Corte nesta quinta-feira, 23, comunicando detalhes da ocorrência e que os 'procedimentos cabíveis serão feitos, mas sob sigilo por se tratar de magistrado'.
Atuação na Lava Jato
Eduardo Appio se notabilizou quando assumiu a cadeira do ex-juiz Sérgio Moro, hoje senador, na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, berço da Operação Lava Jato. Appio ocupou por três meses a cadeira.
Ele herdou ações remanescentes da operação que ainda não havia sido dizimada pelo Supremo Tribunal Federal. Em meio à condução de processos envolvendo alvos da Lava Jato, Appio fez acusações graves aos trabalhos de Moro e também do então procurador da República Deltan Dallagnol, artífices da investigação que derrubou um esquema de corrupção e cartel na Petrobras (2003/2014).
Livro detona a Lava Jato
O juiz federal investigado escreveu o livro 'Tudo por dinheiro: a ganância da Lava Jato'. "Eu mal tinha tempo de realizar as muitas audiências", narra no livro. "Os lavajatistas operam no TRF da 4ª Região como uma verdadeira rede, quase como uma organização criminosa."
O TRF4 funcionou como a Corte de apelação da Lava Jato. Os recursos contra as decisões emanadas da 13.ª Vara de Curitiba tinham como destino o TRF4.
A obra é uma mistura de passagens biográficas, anedotas, relatos de bastidores e análises do sistema de Justiça, especialmente sobre os métodos da Operação Lava Jato.
Eduardo Appio nunca escondeu que discorda da forma como a investigação foi conduzida. As críticas atravessam toda a obra, acompanhadas de comentários sobre momentos-chave da operação.
Capítulo reservado para Moro
No livro, um capítulo inteiro é reservado a Moro, o protagonista da Lava Jato. Esse trecho é intitulado "Como Moro politizou o Judiciário". Os comentários endereçam desde as camisas pretas que o ex-juiz tinha o hábito de usar até sua tese de doutorado.
Em uma passagem, Eduardo Appio relembra que, ao assumir a cadeira de titular da 13.ª Vara de Curitiba, teve enorme dificuldade de se localizar no acervo de processos: "De um ponto de vista objetivo, Sérgio Moro, sem dúvida, é o pior gestor que conheci. Em vez de dar alguma organicidade aos processos, ele criou um verdadeiro cipoal, em que juízes, advogados, assessores, que fossem, se perdiam. Isso parece ter sido feito de forma dolosa, para atender a interesses pessoais."
Procurado pelo Estadão, na ocasião do lançamento do livro, o senador afirmou que a opinião de Eduardo Appio 'não tem credibilidade'. Segundo Moro, seu desafeto tem 'um comportamento extravagante que revela no mínimo falta de caráter e desequilíbrio mental'.
Queda após investigação informal
O livro foi escrito por Salvio Kotter a partir de 30 horas de entrevistas com o magistrado. Em um trecho, ele diz que: "A Vara de Curitiba é extremamente vigiada, qualquer deslize é fatal."
Appio conduziu processos remanescentes da investigação, entre fevereiro e maio de 2023, mas foi transferido depois de tentar investigar informalmente a relação entre o desembargador Marcelo Malucelli e Moro.
(Com Agência Estado)
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