Com mais de 30 anos dedicados ao estudo de segurança, Jacqueline foi diretora da Secretaria de Segurança Pública do Rio, atuou na elaboração de protocolos da Polícia Militar do Estado e na formulação e implantação de políticas públicas de segurança em âmbito estadual e nacional.
Jacqueline virou alvo de ataques, perseguições e ameaças de morte após afirmar em entrevista à Globonews que um policial teria condições de render um bandido com uma pedra ao explicar a superioridade tática e técnica das forças policiais em uma operação como a que ocorreu na semana passada na zona norte do Rio.
O trecho, de cerca de 15 segundos, foi recortado e difundido por perfis nas redes sociais, impulsionado por políticos bolsonaristas e alinhados ao tema da segurança pública, para ridicularizar e ironizar a professora.
"Era um exemplo didático, de documentação. Eles pegaram isso e passaram a dizer: "a professora manda o policial jogar uma pedra no criminoso com fuzil". Isso é patético. Recortaram 15 segundos de uma explicação tática e técnica de que um criminoso não tem o padrão tático, o treinamento e o condicionamento das corporações policiais para portar um fuzil. Meus alunos policiais sabem disso", explica.
O trecho foi recortado e divulgado por bolsonaristas nas redes sociais e ganhou escala com o apoio de políticos, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que chegou a levar uma pedra para a Câmara para ironizar a declaração de Jacqueline.
As críticas e ironias se converteram, rapidamente, em ataques, perseguição e ameaças de morte. A professora conta que passou a receber cerca de 300 mensagens por dias via redes sociais e e-mails. No sábado, 1º, ela foi fotografada enquanto almoçava em um bairro da zona sul do Rio. A imagem passou a ser compartilhada com "sugestões" de crimes a serem cometidos contra ela.
"Eles afetam a mulher Jacqueline, mas não vão destruir uma reputação de mais de 30 anos de contribuições e pesquisas sobre segurança", diz.
Com a intensificação dos ataques, o vereador do Rio Leonel de Esquerda (PT) e o advogado Carlos Nicodemos protocolaram o pedido de proteção no Ministério de Direitos Humanos. A professora passou a ser monitorada e recebeu acompanhamento de segurança e psicológica.
"A violência política de gênero que estou sofrendo é também um ataque deliberado a liberdade de cátedra, a independência da produção do conhecimento, a liberdade de opinião, de expressão e de imprensa, uma vez que os ataques ambicionam silenciamento, negacionismo e censura a abordagem jornalística que escolhe trazer os vários lados de uma questão para informar e formar a cidadania", diz.
A Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, por meio do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), manifestou solidariedade à professora, "reconhecida como referência nacional no debate sobre segurança pública e políticas de enfrentamento à violência."
"O Programa informa que estabeleceu contato com a professora e que o caso está sendo acompanhado conforme os procedimentos legais e técnicos previstos para avaliação de eventual inclusão no sistema de proteção", diz em nota.
(Com Agência Estado)
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.




