O jovem Pabikyt Cinta Larga, 14 anos, nunca pensou que iria tão longe - ele cruzou o Atlântico e conheceu monumentos históricos em Madri e Salamanca. O jovem foi um dos vencedores, ao lado de mais quatro crianças brasileiras, do concurso de roteiros de curtas cinematográficos, feito pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Ontem (6), 17 crianças e adolescentes da região receberam o prêmio pelo trabalho desenvolvido.
No roteiro do seu curta, Pabikyt mostrou a cultura indígena da região. Ele mora no município de Cacoal (RO), junto com a mãe, para poder frequentar a escola – se ficasse na aldeia, não teria a oportunidade de estudar. “Foi uma surpresa quando eu soube [que tinha ganhado]. A cidade é pequena e nunca teve esse tipo de concurso. Ainda mais um indígena ganhar, foi uma emoção muito grande”, lembra.
Depois de selecionados, os roteiros foram encaminhados a produtoras de vídeo e diretores de cinema para que fossem filmados. Entre mais de 800 roteiros inscritos, 17 foram realizados. Assim como Pabikyt, todas as crianças brasileiras vencedoras do concurso optaram por contar lendas e histórias da região onde vivem. “Eu decidi contar algumas lendas que existem na minha cidade, acontecimentos, histórias de fantasma, muitas lendas”, conta Dener Oliveira, 11 anos, morador de Rio Formoso (PE) e roteirista do curta Rio Formoso.
Milane dos Santos, 14 anos, contou em seu curta uma lenda de sua cidade, Buriti Bravo (MA), segundo a qual uma baleia vive debaixo da fundação da igreja, que precisa ser reformada todo ano porque o animal se mexe sob a terra.
Na cerimônia de abertura do Congresso das Línguas na Educação e na Cultura, onde ocorreu a premiação, os vencedores se encontraram com parte da família real espanhola. Milane diz que essa foi a parte que mais gostou da viagem: conhecer uma princesa e um príncipe de verdade. “Minha mãe ficou muito feliz e orgulhosa de mim” conta a menina.
Representante do Sul do país, João Pedro Braff, 11 anos, mora em Santo Antonio da Patrulha (RS). Ele contou em seu roteiro a origem dos bailes de máscara. “O padre proibiu as pessoas de dançar porque era pecado. Aí eles não quiseram obedecer e começaram a dançar mascarados”, explica. Ele diz que ninguém precisou ensiná-lo a fazer o roteiro. “Aprendi sozinho”, conta.
Ivi Sibele de Barros, 13 anos, também ganhadora do concurso, faz planos para o futuro. Encantada com a cidade que abriga uma das universidades mais antigas do mundo - a Universidade Salamanca, que completará 800 anos em 2018 - ela diz que quer seguir estudando até chegar ao doutorado e já escolheu sua área de formação: língua portuguesa. A menina, que gosta de escrever, resolveu contar a lenda da Cobra Grande, uma das mais tradicionais da cidade onde mora, Cruzeiro do Sul (AC).
“Achei que era uma história pela qual as pessoas podiam se interessar e resolvi escrever. Quem me falou do concurso foi a minha professora. Ela me incentivou e disse que achava que eu tinha capacidade de ganhar”, conta. Assim como Ivi, todos os ganhadores foram incentivados por professores ou coordenadores escolares a participar da competição. Todos os vídeos vencedores estarão disponíveis no site da OEI a partir de segunda-feira (10).
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