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Abordar temas políticos em Mato Grosso, especialmente sob o foco da análise específica dessa atividade, é uma empreitada onde, inevitavelmente, se é obrigado a resvalar para o viés do noticiário policial. Difícil encontrar meio termo, a separação entre um assunto e outro.
Quanto a isso, os últimos acontecimentos que estão eclodindo na praça, não me deixam mentir. Tamanha a avalanche que os fatos já não causam mais estupor, talvez porque o sentimento de leniência extrapolou das esferas onde acontecem, espraiando-se por toda a sociedade já cansada de presenciar os descalabros, sem que punições à altura ocorram.
Ao ponto de cauterizar a consciência coletiva, fazendo com que não tenha mais capacidade ou força para se indignar. Apenas assistindo, e não de camarote, mas aboletada em jiraus mambembes, improvisados de arquibancadas, o desenrolar do noticiário dando conta de prisões temporárias de contadores, fiscais, um ou outro lobista – tudo “arraia miúda”! Enquanto a festa prossegue, animada como sempre, para os que se postam no andar de cima.
Portanto, está mesmo uma barra pesada fugir desse contexto policialesco, considerando a sucessão de escândalos exalando podridão moral e falta de compromisso com o interesse público, de respeito a valores cívicos e éticos, que permeiam essa seara. Infelizmente.
E, ao invés de lamentar, estaria aqui, senão batendo palmas, ao menos animado com a perspectiva de trabalho pela frente, se minha profissão, por exemplo, fosse a de um bom advogado criminalista. Para estes, o mercado – suponho – deve estar ótimo, haja vista a clientela que surge a todo instante.
Alegre também estaria se tivesse o talento de um Mário Puzzo, autor do livro O Poderoso Chefão (e que rendeu uma trilogia cinematográfica famosa), quando sou apenas outro Mário, o Marques de Almeida. Coitado de mim! Coitados dos contribuintes, que bancam a farra!
Nesse aspecto, considerem, prezados leitores, a enormidade de matéria-prima que poderia ser aproveitada por um escritor talentoso, extraída do cenário em que se desenrola a atividade política! Mais apropriada, convenhamos, para quem se dedica à descrição de personagens de filmes de máfia, do tipo Al Capone, do que para avaliações eminentemente relacionadas com questões políticas e a eterna luta pelo poder. Como as que, despretenciosamente, vez que outra, costumo fazer neste espaço e onde, eventualmente, mesclo esses textos com algumas crônicas.
Cuidar, pois, desse assunto, o exclusivamente político, me parece, nessas alturas do campeonato, mais talhado para profissionais da Imprensa mais jovens e sacudidos, especializados em cobertura policial – uma editoria, por sinal, que nos idos tempos (e lá já se vão cerca de quatro décadas) em que ingressei no jornalismo, para a qual eram remetidos os chamados “focas”, os iniciantes na profissão que, cumprindo pauta de editores rabugentos da área, saiam correndo, pelas delegacias, atrás das ocorrências.
Com a dificuldade de que não havia centrais de flagrantes, concentrando os BOs, como existem hoje.
(*) MÁRIO MARQUES DE ALMEIDA é jornalista. www.paginaunica.com.br. E-mail: [email protected]
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