Meu querido amigo Marcelo Carpilovsky me provocou a escrever sobre lições que aprendi com meu pai, Porthos Augusto de Lima.
Foram muitas e preciosas. As mais marcantes não foram as explicitadas com palavras, mas as vivenciadas com exemplos.
Sim, as crianças observam muito e valorizam mais as atitudes que as palavras. Instintivamente sabem que as palavras podem confundir, mas as ações traduzem o que as pessoas são e como se comportam diante das circunstâncias.
Meu pai sempre tratou com respeito os mais humildes.
Meu pai sempre se indignou com as injustiças.
Meu pai sempre fez questão de honrar a sua palavra e cumprir os compromissos que assumiu.
Meu pai sempre foi generoso diante das dificuldades ou fraquezas das pessoas.
Nunca vi meu pai levantar a voz com minha mãe, minha avó ou minhas tias, nem tampouco usar palavreado chulo no ambiente familiar.
Meu pai sempre respeitou as decisões dos seus filhos e sempre esteve ao seu lado quando, vez por outra, essas decisões deram com os burros n’água.
Diante de uma situação crítica, meu pai sempre procurou manter a calma e buscar uma solução que fosse menos penosa para os envolvidos.
Meu pai sempre foi apaixonado pelo Flamengo.
Ao meu modo, procuro seguir esses exemplos e transmiti-los aos meus filhos.
Nem todas as lições foram pelo exemplo positivo. Também aprendi o que não fazer. O tabagismo de meu pai que presenciei na infância, quando me pedia para ir a padaria comprar cigarros e guardar o troco para colecionar figurinhas de jogadores de futebol, e as terríveis sequelas que isso lhe acarretou e que testemunhei na vida adulta, me fizeram jamais fumar nenhum tipo de cigarro ou assemelhado. O sofrimento do meu pai me converteu num militante antitabagista.
Em determinado momento da vida, passamos a ser amigos. Mais adiante, quando seu corpo físico foi se tornando mais frágil, sentia que a minha presença lhe dava alegria. Ao caminhar com ele de manhã cedo, por algumas vezes o meu braço o amparou, como ele tinha feito comigo todos os dias de minha infância.
Em 2013, o espírito do meu pai desencarnou e retornou à vida espiritual. Mas sinto sua presença ao meu lado todos os dias.
Hoje sou pai num mundo bastante diferente do que o meu pai viveu quando seus filhos tinham a idade que os meus filhos têm hoje. Tenho alguns poucos bons amigos e vejo neles excelentes pais. Tento também aprender com eles a complexa arte se ser pai nesses dias que estamos vivendo. Quero homenageá-los nesse Dia dos Pais, especialmente a um deles, Jan Ruzicka, cujo amado filho, Dante, desencarnou há poucos dias.
Feliz Dia dos Pais!
Sim, feliz, mesmo para os que como eu não poderão nesse dia abraçar o seu pai, ou que como o meu amigo Jan não poderão abraçar o seu filho. A fé nos ensinamentos de Jesus traz a certeza de um futuro encontro na vida espiritual, acalmando os corações e fazendo da saudade não uma vivência amarga, mas um sentimento suave, temperado por boas lembranças de momentos compartilhados com amor.
Feliz Dia dos Pais!
(*) LUIZ HENRIQUE LIMA é Conselheiro Substituto do TCE-MT.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
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