Nascida em 18 de abril de 1931, em Cuiabá, Osvaldina dos Santos era professora e exerceu o magistério dos 19 aos 46 anos. Filha de Maria Madalena dos Santos. Casou-se e, em seguida divorciou-se. Após manteve uma vida em matrimônio ao longo da vida com um português, Antônio Viana de Amorim, dos quais viveram juntos por 40 anos. Como mãe teve duas filhas, Albina de Oliveira Tibaldi, do primeiro casamento e Maria Auxiliadora de Amorim, da convivência com o português. Deixou oito netos, três bisnetos, sendo um em memória.
Quando pensava em se aposentar como professora primária, descobriu as artes plásticas como nova atividade a ser desenvolvida. Em uma idade considerada avançada para adestrar as mãos para a pintura, não desistiu. Seguiu em frente. Aposentou-se e, seguiu a sua meta, para tornar-se uma artista plástica. Foi uma construtora das artes plásticas no seu tempo. Deu vida e cores as artes plásticas mato-grossenses.
Assim, na década de 70, a professora Osvaldina dos Santos iniciou os seus estudos no Ateliê da antiga Fundação Cultural de Mato Grosso - FCMT, atual Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer - SECEL. Nessa época, a sua frequência e os ensinamentos recebidos contaram com a supervisão da renomada artista plástica Dalva de Barros, que logo no inicio percebeu uma pedra bruta a ser lapidada, a ser transformada em um belo talento. Dalva investiu e se dedicou. Osvaldina percebeu e se esmerou. Tudo resplandeceu. Mato Grosso enriqueceu. As artes plásticas iluminaram.
Em 1983, Osvaldina recebeu o prêmio no VI Salão Nacional de Artes Plásticas e, outros em salões no interior de São Paulo-SP, além de vencer, em 1989, a Concorrência Fiat, com o conjunto de telas homenageando os casarios cuiabanos.
Passados os anos, Dalva de Barros apontou Osvaldina dos Santos como “uma artista popular, a qual começou pintando em casa, mas que tinha muita criatividade”. A professora primária aposentada no magistério transformou-se em uma artista plástica que recebeu homenagens em vida, à exemplo do renomado Gervane de Paula.
Viveu em Corumbá-MS e teve gosto pelas coisas mato-grossenses, sempre traduzidas em suas telas. Participou de várias edições do Salão Jovem Arte Mato-Grossense, onde obteve premiações em 1982 e 1984.
Osvaldina foi participante de inúmeros Salões de Artes Plásticas em Mato Grosso e recebeu premiação no Salão Jovem Arte Mato-grossense, com a tela “São Benedito”, o santo milagroso cuiabano. De “aluna” do Ateliê Livre da FCMT, a artista passou a ser orientadora e lá trabalhou por quase 20 anos.
Fez vestibular com quase 70 anos para Educação Artística, na UFMT. Ela é reconhecida como uma das principais representantes do primitivismo, ou arte naïf. O cotidiano no bairro Centro Político Administrativo - CPA, na capital, era uma de suas inspirações.
Personagem alegre, divertida. Retratou as águas que brotam de todos os cantos de Cuiabá, em um movimento ondular, indo do Ribeirão Prainha às águas do Cuiabá, como fonte de vida que alimenta, revigora e pune. O rio eterno que serve de acesso, de caminhos, de folclores, de festas e de lembranças. O rio que dá vida a cidade de Cuiabá e que necessita ser cuidado, assim como, Osvaldina o representou. Retratou e honrou as cachoeiras e as suas belezas.
No final dos anos 90, o ateliê onde atuava foi batizado com o nome de Ateliê Livre Osvaldina dos Santos, mais uma homenagem a este importante nome da arte mato-grossense. Por ocasião da apresentação do catálogo Artistas do Século, em maio de 2000, no Museu de Arte e Cultura Popular, da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, Gervane de Paula escreveu vários nomes importantes das artes mato-grossenses, inclusive, o de Osvaldina dos Santos.
Em 2001, apresentou a individual “Lembranças”, no Museu de Arte e de Cultura Popular, da UFMT. Participou do projeto “Panorama das artes plásticas em Mato Grosso no século XX”, realizada de 17 de dezembro de 2003 a 17 de janeiro de 2004, no Studio Centro Histórico, em Cuiabá-MT.
Em 2018, Osvaldina dos Santos recebeu homenagens pós morte, na Casa do Parque, em Cuiabá-MT, onde uma exposição composta de 43 obras de artes foi exposta, junto aos artistas plásticos regionais Nilson Pimenta e João Sebastião, cujo título era "Na mão junto ao peito", uma homenagem aos grandes nomes das artes plásticas do estado que influenciaram gerações de artistas regionais.
Se viva estivesse, neste 18 de abril completaria 90 anos de idade, dos quais 40 deles foram dedicados a Cultura. Foi uma artista mato-grossense movida pelo amor de sua terra, suas obras traziam marcas da tradição, fé, cultura cuiabana e as cores que ainda podem ser automaticamente reconhecidas em suas pinceladas por aí. Quem pode conviver com ela aprendeu sobre arte de maneira singular. Sua trajetória foi marcada por várias premiações e até hoje é possível lembra-la nos centros históricos da nossa Cuiabá. Ela que foi uma mulher forte, mãe, avó, amiga e artista por excelência nos trazendo aquela certeza de que se é feliz fazendo o que se ama, talvez por isso segue eternizada nas lembranças e admiração que nem o tempo conseguiu apagar depois de sua partida, informou a sua neta Tabatta Amorim dos Santos.
Osvaldina dos Santos estava com 79 anos de idade e sofria do mal de Alzheimer quando faleceu no dia 28 de agosto de 2010. Há informações que a sua filha Albina está seguindo os seus passos, porém não consegui confirmar essas informações.
(*) NEILA BARRETO é Jornalista. Mestre em História. Membro da AML e atual presidente do IHGMT.
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Marijane Costa 30/04/2021
Neila Barreto, a filha mais velha da D. Osvaldina ,a Halbina Terezinha é psicologa e artista plastica tambem, por sinal, participa de exposições e já recebeu premios. vou avisa la atraves do meu facebook sobre sua lindissima homenagem Abraços fraterno
Tabatta Patrick de Amorim Santos 30/04/2021
Ahhh, gratidão e emoção por cada palavra escrita acima! Ela viverá pra sempre na história e cultura cuiabana!
Maria Auxiliadora 30/04/2021
Obrigada pela homenagem a minha tão querida mãe, fico imensamente grata a Deus por ter tido o privilégio de tá lá ao meu lado e que muitos tb tiveram.
3 comentários