MPB: A importância da Bossa-Nova

Mayke Toscano/HiperNoticias

Sábado, dia 16 de dezembro de 2011, resolvi ver alguns programas de televisão paga. Controle remoto nas mãos, acabei vendo o programa de calouros RAUL GIL. Lembrei de minha infância em Goiânia, quando minha mãe ligava na Rádio Nacional do Rio de Janeiro – a Globo da época – e ouvíamos o programa CALOUROS DO ARY BARROSO. Lá cantaram grandes estrelas da nossa música popular. Ângela Maria, Claudete Soares, Elza Soares e tantos outros. Lembrei-me também da piadinha quando um calouro falou para o Ary Barroso que cantaria um sambinha e ele deu uma tremenda bronca no candidato por dizer sambinha de uma maneira pejorativa.

Pois bem! No programa de calouros do Raul Gil, o que vi não acreditei. A nossa música, respeitada em qualquer país do mundo, simplesmente é desprezada por nós mesmos. Inacreditável. Os calouros concorreram ao prêmio cantando música popular alienígena.

E um candidato que cantou uma música de autor brasileiro, coitado, foi infeliz. Escolheu estas músicas de quinta categoria que são veiculadas nas emissoras rádio, tv, internet, etc. Esqueceram, ou melhor, creio que nem sabem, que nos anos 50 um moço de Juazeiro, Bahia, após ficar dois anos trancado numa fazenda de uma irmã, inventou a BOSSA-NOVA, que revolucionou a música popular do mundo inteiro. O jazz, o blues, o bolero, o tango, etc., nunca mais foram os mesmos após a invenção do moço de Juazeiro, hoje com 80 anos de idade, Senhor João Gilberto Prado de Oliveira. Muito embora um jornalista famoso à época tenha inventado que a BOSSA-NOVA tinha forte influência do jazz, a verdade é exatamente o contrário.

O Brasil não sabe, mas João Gilberto é respeitado pela sua música em paises como Inglaterra, França, Suíça, Suécia, Japão e Estados Unidos e quando digo Estados Unidos é o americano de New York, da capital do país, e não daquela parte latina e tantos outros.

O Brasil não sabe, mas Frank Sinatra, ao descobrir a BOSSA-NOVA, só faltou ajoelhar aos pés de Tom Jobim, no meu humilde entendimento, o melhor músico de todos os tempos, para ensiná-lo a cantar BOSSA-NOVA.

O Brasil não sabe, mas Agostinho dos Santos, cantor de sucesso à época, ao desembarcar num aeroporto de New York, onde foi fazer um show no começo dos anos 60, ao entrar no táxi, o motorista não só o reconheceu como também lhe mostrou o LP que ele havia lançado nos Estados Unidos e lhe pediu ainda um autógrafo, isto é, o cantor brasileiro foi reconhecido na América do Norte por um popular como sendo um artista de primeira grandeza.

O Brasil não sabe, mas João Gilberto, num show em Tóquio para japoneses, após dar a segunda nota no seu violão, foi aplaudido de pé pelo público, japonês repito, por dez minutos.

O Brasil não sabe, mas a música GAROTA DE IPANEMA, letra de Vinicius de Morais e música de Tom Jobim, está entre as três músicas mais gravadas e tocadas no mundo até hoje. Esta foi a última música feita por Tom e Vinicius.

Posso citar milhões de exemplos de reconhecimento e valorização da nossa boa música popular brasileira pelos estrangeiros, mas que, infelizmente, é desprezada aqui até por pessoas que viveram, como eu, esta belíssima época.

Dizem que sou saudosista. Não sou. É só esta turminha de hoje fazer músicas bem elaboradas, arranjos impecáveis, letras bem formuladas, que, sinceramente, ouvirei com todo prazer. Enquanto isto não ocorre, continuarei ouvindo a minha turminha. E ouvirei com a mesma emoção de outrora, porque BOSSA-NOVA toda vez que você ouve sua emoção se renova.

(*) MÁRIO RIBEIRO DE SÁ é advogado em Cuiabá e amante da música popular brasileira.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.

Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.

Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM  e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.