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Lembrando algumas passagens do futebol cuiabano, há que realçar que cada clube tinha o envolvimento com o misticismo e crenças destorcidas, e nas proximidades dos clássicos, cada clube contratava o seu Pai de Santo: o Operário mandava buscar o Carrapato em Corumbá, e ele fazia aquelas oferendas de terreiros para derrotar os adversários; pelo lado do Mixto, para não ficar para trás, contratava o reforço espiritual do Pai de Santo Noêmio, que também fazia as suas mandingas e colocando as oferendas para fazer o seu time vencer e também para prejudicar os adversários colocavam os nomes de jogadores na boca de sapo, costurando-a e fincando alfinetes no corpo do animal para que os jogadores se contundissem; e para quem viveu essa bela passagem da história do nosso futebol, tenho certeza ao ler este texto vai sentir muita saudade.
O clube tem a força dos seus torcedores, em nossa memória ficaram a imagem dos grandes torcedores, que eram presença obrigatória nas tardes de domingo com a sua alegria contagiante exerciam o seu papel de líder das torcidas, agitavam as bandeiras nas arquibancadas do Dutrinha, eles faziam parte do espetáculo e davam vida ao nosso futebol. Pelo lado do Dom Bosco tinham como os seus grandes torcedores: Armindo Pipoqueiro; Henrique Palminha, Carlinhos Iéié, e lá no último degrau da arquibancada nós víamos o famoso Professor João Crisóstemo andando nervosamente de um lado para o outro, suspendendo as calças e penteando os cabelos, e não podemos esquecer também do Mexidinha, os torcedores diziam para ele assim: “mexe aí Mexidinha, e ele mexia o corpo inteiro”.
Pelo lado Operário, entre os seus torcedores, podemos citar: o grande Zarour,que aos gritos incentivava o tricolor da fronteira; dona Mariana na sua inigualável agitação e Calazans com o seu grito tradicional – “ vamos Opeeeeeeeeeeerário”.
E, pelo lado Mixto tinham as figuras de “Chincharrinha”, a grande torcedora “Nhá Barbina” com aquela enorme bandeira alvinegra a tremular e com aquela voz rouca, soltava os gritos pelo seu time do coração.
Quantas saudades daquelas tardes de domingo, era paixão pura, era emoção que nascia no fundo das nossas almas, e era uma rivalidade sadia, sem violência, tanto é que ninguém saia ferido. Ao fim dos jogos vinham somente as dores de cabeça pelas derrotas ou o prazer das alegrias das vitórias.
Mas chega de saudade, o futebol de Cuiabá tem que apoiar-se na realização da Copa do Mundo para dar um salto de qualidade e os clubes devem voltar a organizar suas diretorias com dirigentes que tenham como espelho as figuras de Joaquim de Assis, Ranulfo Paes de Barros e Rubens dos Santos, e buscando uma maneira inteligente de implantar definitivamente o regime de profissionalismo, buscando patrocinadores e desenvolvendo planejamento na administração do nosso futebol, sem ficar na dependência dos políticos e de situações transitórias.
* WILSON CARLOS FUÁH é economista e Especialista em Administração Financeira e Recursos Humanos. Fale com o Autor: [email protected]
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