Tenho ganhado projeção nacional após iniciar um movimento nas redes sociais denunciando a atuação de artistas que fazem apologia ao crime, em especial o cantor MC Poze do Rodo. Por meio de vídeos firmes, didáticos e embasados, passei a expor letras de músicas e trechos de shows em que, na minha análise, o artista promovia práticas criminosas e exaltava o tráfico de drogas.
Por meio de vídeos firmes, didáticos e bem fundamentados, passei a expor letras de músicas e trechos de shows nos quais, ao meu ver, havia clara promoção de práticas criminosas e exaltação ao tráfico de drogas. Utilizei uma linguagem acessível e objetiva, editei os conteúdos com legendas, explicações jurídicas e contextualizações, justamente para tornar a mensagem clara ao maior número possível de pessoas.
Em poucos dias, os vídeos viralizaram. O alcance foi impressionante — milhões de visualizações e um debate que rapidamente extrapolou o ambiente digital. A repercussão foi tamanha que mobilizou a opinião pública e chamou a atenção de autoridades e instituições em diversas partes do país.
Na última semana, vimos um desdobramento importante: a Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou uma operação que resultou na prisão de MC Poze, acusado de envolvimento com o crime organizado e de promover facções criminosas por meio de sua música.
Quero deixar claro: não se trata de censura, e sim de responsabilidade. Não podemos, enquanto sociedade, normalizar que artistas usem o microfone — uma ferramenta poderosa de influência — para disseminar a cultura do crime e da violência. Há uma diferença crucial entre retratar a realidade e promover condutas criminosas. Uma coisa é relatar; outra, bem diferente, é incentivar.
A prisão do artista trouxe à tona um debate necessário, embora muitas vezes negligenciado: quais são os limites da liberdade de expressão no entretenimento? Até que ponto um artista pode se expressar livremente sem se responsabilizar pelas consequências do conteúdo que compartilha? Quando o entretenimento ultrapassa o campo da arte e passa a servir como instrumento de incitação ao crime?
Embora o cantor tenha sido liberado e responda em liberdade, o caso revelou algo ainda mais preocupante: a infiltração de organizações criminosas em espaços culturais e midiáticos, muitas vezes disfarçada de sucesso ou autenticidade. A arte não pode ser usada como escudo para a prática de crimes.
Tenho convicção de que é possível combater esse fenômeno com coragem, informação e ação dentro dos limites legais. E é isso que tenho buscado fazer: alertar, informar e agir, sempre respeitando a Constituição e os princípios do Estado Democrático de Direito.
Mais do que um episódio isolado, acredito que esse caso pode representar um marco. Um sinal de que a sociedade está disposta a discutir, com maturidade, os impactos da cultura no comportamento coletivo — e de que é possível sim, promover mudanças significativas quando agimos com firmeza, responsabilidade e verdade.
(*) FREDERICO MURTA é delegado de polícia há 15 anos. Pós-Graduações em Ciências Criminais e em Gestão Estratégica Aplicada à Segurança Pública. Graduado pela Academia Nacional do FBI, em Quantico, nos EUA. Atual Coordenador de Operações e Recursos Especiais - CORE, da Polícia Civil de Mato Grosso.
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