Imagine ter que pagar uma dívida enorme. O problema? A dívida não é sua. Ainda assim, quem a contraiu se recusa a assumir a responsabilidade. O cobrador insiste em receber, e para isso ameaça tirar tudo o que você tem, sua comida, gás, roupas, remédios, até que a dívida seja quitada ou perdoada.
É justo? Faz sentido?
Pois é exatamente isso que está acontecendo com o Brasil. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou por carta a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto. A medida coloca em risco não só a macro economia brasileira, mas também o orçamento de milhões de cidadãos.
O problema central não é apenas a taxação em si, mas o motivo declarado: Trump citou diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), classificando como "vergonha internacional" o julgamento do ex-presidente pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em outras palavras, para defender um político, Trump estaria disposto a prejudicar mais de 200 milhões de brasileiros.
O mais alarmante não é mesmo o silêncio, mas comemoração por parte do próprio Bolsonaro e seus aliados. Em vez de se posicionarem contra uma medida que ameaça empregos, encarece produtos e desestabiliza empresas, prefererem aplaudir, gravar vídeos e usar as redes sociais para elogiar a decisão do republicano.
Mas afinal, quais são os reais riscos dessa taxação?
Empresas brasileiras que exportam para os EUA podem fechar ou reduzir drasticamente suas atividades, gerando desemprego e elevando os preços no mercado interno. Produtos como carne, café e suco de laranja, que hoje fazem parte da mesa dos americanos, podem encarecer, afetando também o consumidor daquele país.
E é aí que a situação ganha um novo tom: nas redes sociais, americanos também demonstram insatisfação com a decisão de Trump. Muitos estão preocupados com a alta dos preços. Se até parte da população dos Estados Unidos discorda da medida, por que então brasileiros estão aplaudindo algo que nos prejudica coletivamente?
O argumento de que isso representa "patriotismo" beira o absurdo. Trata-se, na verdade, de uma traição aos trabalhadores, às empresas nacionais e ao futuro econômico do país.
Os Estados Unidos lucram bilhões com produtos brasileiros. Estima-se que, em 2024, as exportações do Brasil para os EUA tenham alcançado quase 50 milhões de dólares. É uma via de mão dupla: o Brasil depende dos EUA, mas eles também precisam de nós.
A pergunta que fica é: por que aceitar que interesses pessoais e políticos valham mais do que a estabilidade e o bem-estar de um país inteiro?
(*) KEROLAYNE CHAVES é Jornalista.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
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