O IBGE divulgou, na última sexta feira (24) a inflação apurada pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) relativo ao mês de outubro.
Esse indicador mede a variação de preços no período compreendido entre o dia 16 do mês anterior e 15 do mês de referência. Adota a mesma métrica do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor), e é visto como uma prévia da inflação cheia do mês.
Na métrica do IPCA-15, a variação dos preços de outubro foi de 0,18%, comparado com setembro. Bem abaixo de todas as expectativas dos analistas, consultorias e departamentos econômicos dos bancos. A inflação, captada pelo IPCA-15, acumulada nos últimos doze meses ficou em 4,94%.
Os principais fatores que levaram à queda da inflação foram as leves quedas de preços dos alimentos e altas moderadas de energia e bens industriais, especialmente eletrônicos e eletrodomésticos. A estabilidade de preços de bens industriais é explicada pela taxa de câmbio, com o real se valorizando perante o dólar em outubro. Em setembro e outubro, a cotação do dólar apresentou tendência de baixa, afetando os produtos mais concorrenciais, aqueles que tipicamente podem ser importados, aumentando a concorrência com a produção local e forçando levemente os preços para baixo.
No caso da energia, o alívio na inflação veio da mudança da bandeira vermelha 2 para 1. A expectativa é que, com a regularização das chuvas, a bandeira tarifária mude para a amarela, com chances razoáveis de terminar o ano com a bandeira verde. Essas alterações podem dissipar importantes pressões inflacionárias em novembro e dezembro.
Fatores climáticos menos hostis, aumento da safra de arroz e feijão, ganhos de produtividade e taxa de câmbio depreciada ajudaram a segurar e até diminuir os preços dos alimentos. O IPCA-15 registrou pequena deflação de 0,1% nos preços dos alimentos no domicílio, que guarda relação direta com os fatores citados acima. O aumento tarifário por parte da administração americana contribuiu para o aumento da oferta de alguns alimentos no mercado doméstico, colaborando para a queda dos seus preços.
Por outro lado, os preços em alta dos serviços continuam pressionando a inflação. Em outubro alguns serviços que utilizam mais intensivamente o trabalho apresentaram alta, como beleza, cuidados pessoais e saúde.
A forte injeção de recursos na economia pelo governo federal colaborou para pressionar a inflação, especialmente no setor de serviços.
A meta contínua de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional e perseguida pelo Banco Central é de 3%, com variações de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima. Assim, o teto da meta é 4,5%.
Os resultados prévios de outubro levaram boa parte dos analistas econômicos à revisão de suas estimativas iniciais, passando a admitir a possibilidade da inflação ficar abaixo do teto da meta. A mediana das expectativas passou a situar-se entre 4,3% e 4,5%, caso nenhum fator inesperado externo ou interno venha a interferir na economia e nos preços.
As sinalizações de uma inflação menor e a taxa de câmbio favorável aumentam as pressões sobre o Banco Central para redução da taxa básica de juros, atualmente em 15% ao ano.
O avanço das negociações entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, que aumentam as possibilidades de um acordo comercial entre os dois países e a possível redução da taxa de juros americanos na reunião desta semana do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, são fatores que também exercerão pressão sobre a direção da autoridade monetária brasileira para antecipar o início do ciclo de redução da Selic de abril para janeiro ou fevereiro de 2026.
A próxima reunião da diretoria do Banco Central será nos dias 4 e 5 de novembro. Nessa data já estarão disponíveis, além dos dados da inflação de outubro, os primeiros resultados do encontro dos presidentes Lula e Trump e a decisão da diretoria do Fed (a reunião será nos dias 28 e 29 de outubro) sobre os juros básicos no mercado americano.
Nessa reunião de novembro, provavelmente a direção do banco central brasileiro não anunciará o começo da aguardada redução da taxa básica de juros.
Mas é possível, ao menos, a indicação de que o início do ciclo de afrouxamento monetário poderá ser antecipado para o primeiro trimestre de 2026.
(*) VIVALDO LOPES é professor, economista e ex-secretário de Fazenda de Cuiabá e de Mato Grosso.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.








