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Artigos Sexta-feira, 04 de Julho de 2025, 15:20 - A | A

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Sexta-feira, 04 de Julho de 2025, 15h:20 - A | A

NILSON HASHIZUMI

Fama é Barulho, Reputação é Raiz

Por que a popularidade momentânea não garante permanência — e como a reputação se constrói no longo prazo

NILSON HASHIZUMI

Vivemos em um tempo curioso: nunca foi tão fácil ser famoso — e nunca foi tão difícil ser respeitado.
A fama hoje se conquista em 15 segundos, com um vídeo viral, uma polêmica fabricada ou uma frase de efeito estrategicamente vazada.

Mas o respeito… Ah, o respeito leva anos, às vezes décadas, e pode desaparecer em um tropeço mal administrado.

A diferença entre fama e reputação é simples, mas muita gente que se diz especialista em política ainda insiste em misturar as duas coisas, como se marketing digital e construção de reputação fossem sinônimos. Não são.

Fama é barulho. Reputação é raiz.
E entender isso é vital para quem quer não apenas vencer eleições — mas permanecer relevante quando os holofotes se apagam e o cenário político muda de tom.

A ilusão do barulho
A política brasileira sempre teve seus personagens midiáticos. De Jânio Quadros a Enéas Carneiro, passando por Collor, Ciro, Bolsonaro e tantos outros, aprendemos que carisma, frases impactantes e momentos de ruptura geram atenção quase instantânea.

Hoje, com redes sociais, essa atenção virou espuma digital. Vídeos editados, cortes de entrevistas, lives inflamadas e memes se espalham em segundos. Resultado? Fama. Seguidores. Engajamento.

Mas atenção não é reconhecimento. E reconhecimento não é confiança.
A fama, sozinha, gera apenas uma ilusão: o falso conforto de ser popular.
Mas a popularidade construída apenas no volume, no marketing ou na polêmica, é como fogueira feita de papel — esquenta rápido, mas vira cinza na primeira ventania.

O que sustenta uma reputação verdadeira
Já a reputação… Essa não se compra, não se improvisa e, definitivamente, não se terceiriza para agência de comunicação.
Reputação é o que o outro percebe de nós — e, mais importante, é o que o outro acredita quando as versões se confundem.

É aí que muita liderança política se perde: acredita que controla a narrativa apenas com estética, quando na verdade a narrativa legítima nasce das escolhas consistentes, do histórico, da coerência entre o que se fala e o que se pratica.

Reputação é raiz.
Demora a crescer, se desenvolve sob a terra, longe dos olhos, exige cuidado, exige tempo. Mas quando se fortalece, sustenta o peso das tempestades — e a política, como sabemos, é um território de tempestades frequentes.

Exemplos para quem observa além da superfície
Nos últimos anos, vimos políticos e partidos ascenderem com velocidade impressionante — e sumirem com a mesma pressa.
O fator comum? Fama baseada em imagem artificial, discursos contraditórios ou moral de ocasião.

Basta um escândalo, uma contradição exposta, uma gravação reveladora — e a casa cai.
Por outro lado, quem construiu reputação com base na trajetória, mesmo diante de crises, resiste. Pode até sair arranhado, mas não desaparece do mapa.

Lula é um caso clássico: enfrentou desgaste, prisão, descrédito em parte do eleitorado. Mas voltou ao poder, em parte, porque sua reputação — goste-se ou não — estava enraizada em décadas de atuação pública, coerente aos olhos de sua base social.

O mesmo se aplica a outras figuras públicas que, mesmo impopulares em determinados momentos, se mantêm relevantes porque o que fizeram ao longo do tempo ressoa mais do que o barulho do momento.

Marketing salva imagem, mas não resgata confiança
Muitos profissionais vendem a ilusão de que uma campanha bem feita pode construir reputação. Não pode.
Campanha gera exposição, mobiliza sentimento, empacota ideias. Tudo importante, claro.
Mas se o conteúdo real não sustenta o discurso, cedo ou tarde a percepção pública desmonta o personagem.

Quantos candidatos já vimos prometer o "novo", o "diferente", o "ético", apenas para, meses depois, revelarem a mesma prática velha, fisiológica ou autoritária?

Quantos surfaram na onda das redes sociais e, na primeira crise real, sumiram ou se enredaram em contradições impossíveis de justificar?

Reputação verdadeira não nasce no vídeo editado.
Ela se revela no confronto com a realidade.

O que a política precisa plantar — e colher
Se reputação é raiz, a pergunta que fica para cada agente político, partido ou instituição é simples: o que você está plantando?

✔ Está plantando aparências, slogans, promessas vazias?
✔ Ou está plantando trajetória, posicionamentos claros, coerência ao longo do tempo?

A tentação da fama rápida é enorme. Ela dá ibope, gera manchete, viraliza.
Mas o custo da fama sem reputação é altíssimo: desconfiança crônica, cinismo social, ciclos de rejeição acelerados.

Quem planta reputação verdadeira colhe algo muito mais estratégico: confiança, capital simbólico, permanência, margem de manobra em tempos difíceis.

Reputação é política de longo prazo
Construir reputação exige paciência.
É preciso saber que nem sempre se ganha a curtida, mas se ganha o respeito.
É preciso entender que cada escolha, cada fala, cada omissão, contribui ou desgasta o que o outro enxerga de você.

No mundo hiperexposto da política atual, não existe neutralidade. Até o silêncio comunica.
Por isso, reputação não se constrói apenas com o que se diz, mas com o que se faz — e com o que se evita fazer, mesmo quando ninguém parece olhar.

A diferença? O público sempre está olhando.
Talvez não no primeiro dia, talvez não na bolha da sua assessoria, mas, cedo ou tarde, a percepção se forma — e ela é implacável.

Conclusão: O legado invisível — e inegável
Fama é barulho que desaparece quando a maré vira.
Reputação é raiz que sustenta a árvore, mesmo quando os ventos políticos sopram forte.

A escolha parece óbvia, mas na prática, muitos ainda preferem o atalho da fama à estrada longa da reputação.
O problema é que o atalho, em política, costuma levar direto ao esquecimento — ou ao descrédito irreversível.

Então, da próxima vez que alguém oferecer uma estratégia baseada apenas em exposição, likes ou frases de impacto, lembre-se:
Popularidade se compra. Reputação se constrói.
E só quem planta reputação colhe permanência — e, com ela, o raro privilégio de atravessar o tempo com credibilidade.

No final das contas, a política não premia o mais barulhento — premia o que cria raízes. 

(*) NILSON HASHIZUMI é Estrategista de marketing político e corporativo, jornalista, fotógrafo, gestor de cultura e preparador de candidatos, grupos e agremiações políticas, com MBA em Comunicação Governamental e Marketing Político. Co-fundador da Alcateia Política, orientou, coordenou e defendeu candidatos majoritários em São Paulo e Pará e candidatos proporcionais em São Paulo e Minas Gerais. Orientado a resultados, trabalha com visão de processos na gestão da comunicação on e off-line para a construção de reputação, imagem e formação de opinião. Atuou por mais de 30 anos na iniciativa privada, organizações da sociedade civil e entidades de classe antes de atuar em favor de entes políticos. Associado ao CAMP.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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Comente esta notícia

Marcelo senise 04/07/2025

O Nilson e toda sua alcateia são faixa preta quando o assunto é reputaçao!

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1 comentários

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