Na medida que o tempo passa e a eleição se aproxima é interessante perceber os camuflados movimentos eleitorais por parte dos futuros já candidatos a presidência da república. Camuflados porque (ainda) não chegou o momento oficial de campanha, mas as peças do tabuleiro já estão se movimentando.
Lula costura suas alianças políticas mudo. Faz reuniões, jantares, almoços. Não compartilha ou mesmo comenta sua estratégia para convencer os demais partidos à aderirem seu projeto. A única demonstração clara de aliança – e a mais simbólica – foi a aproximação com Geraldo Alckmin, antigo protagonista tucano, e que Lula teve a oportunidade de superar na eleição presidencial de 2006. Aliás, superação é com Lula, pois Alckmin sempre representou tudo aquilo que Lula e seus aguerridos companheiros nunca suportaram na política.
E é exatamente por isso que Lula, neste momento pós anúncio de aliança com Alckmin, ao dar entrevistas direciona seu discurso áspero para os militantes da esquerda raiz, lugar da origem política de Lula nas décadas de 80 e 90. Aborto, jovens injustiçados, revogação da reforma trabalhista, são pautas que, sabemos todos, não existe um consenso de tratamento, e dificilmente farão parte da agenda do próximo governo. Ao defender aguerridamente estas posições Lula manda o recado aos seus companheiros que a parceria com Alckmin é circunstancial, mas ele, Lula, não esqueceu das suas origens.
Curiosamente (ou não) Bolsonaro adota idêntica posição. Após aquela famosa cartinha do 7 de setembro em parceria com Michel Temer, agora o presidente volta a colocar as manguinhas de fora, causando mais um embate com o STF. Para isso, distorce completamente um instrumento político/constitucional, o indulto, simplesmente para absolver seu aliado político, condenado por mais de oito anos de prisão. No dia seguinte defendeu que as Forças Armadas façam uma apuração paralela dos votos nas próximas eleições, algo absurdamente utópico. Bom lembrar que isso tudo acontece depois que ele trilhou o caminho diverso do que seu público raiz defende: entregou as chaves do cofre para o centrão, emplacou um novo auxílio aos mais necessitados, substituindo o bolsa família do governo PT, e se filiou ao PL, um dos partidos que mais simboliza a falta de compromisso com uma linha político-ideológica clara.
Por isso, Bolsonaro, assim como Lula, neste exato momento, ao radicalizar seu discurso também fala para seu pessoal de origem, o povo que o acompanha desde seus tempos de deputado, e que fica extremamente orgulhoso das atrocidades que são esbravejadas pelo presidente.
Com absoluta certeza tudo isso não é mera coincidência. Ambos traçam estratégias parecidas, e, obviamente, não são eles os pais das respectivas crianças. O marketing de campanha de ambos está a todo vapor, coletando e estudando dados e informações, e tentando acertar o timing do assunto correto e postura adequada dos assumidos candidatos.
A terceira via não mostra a que veio, ou mesmo se realmente apareceu no baile para dançar.
Mas uma coisa, de fato, une todos eles. O Brasil e os brasileiros, ao que parece, são meros e irrelevantes detalhes. Tempos (mais) difíceis no aguardam.
*LUCIANO PINTO é advogado ([email protected])
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