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Artigos Quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2020, 10:30 - A | A

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Quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2020, 10h:30 - A | A

ALIANA CAMARGO

Educar e pensar na era das novas tecnologias

ALIANA CAMARGO COSTA

Arquivo pessoal

Aliana Camargo Costa

Há uma essência do ser humano que nos dá o poder de construir nossas relações, nossa sociedade, nossas vidas: a realidade imaginada. Imaginamos algumas projeções do que necessitamos ou desejamos, essa faculdade do plano virtual ao se transformar em presencial materializa os modos como muitas pessoas vivem. Foi assim que nos impulsionamos para a construção de uma máquina que pudesse teletransportar nossas vozes, nossas ideias, nossas imagens de forma estática e agora mais intensamente em movimento. 

Fruto da materialização da imaginação, a mídia tomou um lugar cativo no cotidiano das crianças; é oferecida aos pequenos de agora uma abertura de escolha infinitamente maior do que o ofertado a qualquer outra geração. Sem dúvida, ouvimos mais o que a infância tem a nos dizer, e isso foi um grande ponto para compreendermos e melhorarmos o caminho a ser seguido. Porém, algumas indagações diante das mudanças de comportamento com a utilização de um computador portátil e o acesso às novas mídias nos impõem a refletir: como lidar com crianças tão conectadas e que possui acesso aos meios de produção? Será que as crianças, estando num mundo cada vez mais midiático, serão dominadas pela tela eletrônica? Será que esse domínio aumentará o fosso entre as gerações? Parafraseando o escritor Zigmunt Baumann: as perguntas, em muitos momentos, são mais importantes do que as respostas. 

Desde que foi compreendida a construção social da infância, há mais de 200 anos, é sempre na perspectiva do adulto. E recaía sempre o peso de que as crianças não podiam ou não conseguiam fazer (qualquer coisa) sem a supervisão de um adulto. Mas neste novo século muito se tem questionado e muitas dúvidas têm avolumado em relação à condução da educação dos filhos. Quais critérios seguir diante da individualização, diante dos interesses privados quando estes invadiram o espaço público? Em qual medida damos valor aos diálogos sobre o que os jovens e as crianças estão vendo no youtube, na televisão? E o que eles fazem com tantas informações? 

Se antes os adultos utilizavam mecanismos de controle sob a égide da proteção ao mesmo tempo em que era preciso dominar os comportamentos indesejáveis que poderiam ser uma ameaça aos adultos, hoje este modelo caiu por terra e está cada vez mais líquido. Pensemos que a ideia de infância foi construída a partir do olhar do adulto, que ela se modifica em contextos histórico, social e cultural, e nela está embutido um conjunto de significados que representam racionalmente a criança. Logo, molduras sociais ideológicas são organizadas e a mídia tem um papel finalizador na comunicação desses enquadramentos: seja no âmbito da violência, da sexualidade, de modelos feministas, de comportamentos (in)desejáveis; há sempre tensão entre a caracterização dessas mensagens serem “positivas” ou “negativas”. 

De um lado, encontram-se pesquisadores que anunciam a morte da infância, a exemplo de Neil Postman, que advoga a diluição da fronteira entre a infância e a vida adulta, resultado da inserção da televisão e de outros meios eletrônicos no âmbito familiar, escolar etc. 

Estes estudos que anunciam a decadência da infância iniciaram na década de 1980. Portanto, pouco mais de 30 anos do lançamento da televisão em nível mundial. Nesta mesma época, os processos culturais e sociais sofriam de uma forte crise de representação. Era preciso atacar para tentar impedir o declínio da família tradicional, por exemplo. 

Apoiados pelo modelo de desenvolvimento infantil do educador Jean Piaget, os críticos das mídias publicavam livros com o argumento que não se deviam acelerar os estágios de cognição das crianças sob o risco de deixá-las com sérias dificuldades para enfrentar a adolescência.

Outra tese era de que ver televisão inabilitava as crianças a alfabetização mais consciente por conta da queda da ‘cultura do livro’ resultando no desaparecimento de um ‘ser humano crítico e autônomo’. Alguns pesquisadores ancorados por uma visão política de esquerda da Escola de Frankfurt, mas também convergente a ideias dos conservadores culturais, apontavam que as mídias são responsáveis pela destruição da capacidade imaginativa, do pensamento crítico e ainda que a tendência forte ao consumo estabelecia a manipulação ideológica e uma ordem social injusta. 

Por outro lado, nova retórica sobre a construção social da infância diante das mídias e outras tecnologias se desenhava com uma perspectiva positiva, mas não menos determinista que a anterior. Entre os expoentes, Don Tapscott é o mais otimista. Baseado em Piaget, Tapscott lança seu livro Growing Up Digital (1999) para dizer que a ‘geração internet’ transforma os jovens em pessoas sabidas, autoconfiantes, analíticas, criativas, tolerantes com a diversidade, socialmente conscientes, globalmente orientadas. Tapscott afirmou que “ao contrário da televisão que era feita para elas, as crianças é que são os atores do mundo digital”, sendo verdade quando vemos canais de crianças pelo youtube sendo feito por elas e para elas, em um movimento social nunca visto antes; elas tem poder atualmente, e não somente em assistir algo, mas também em consumir algo. 

Em Tapscott (e muitos outros pesquisadores da ala otimista) o determinismo coloca na conta da era digital como única produtora de mudanças sem levar em conta contextos históricos e educacionais, negando a existência de desigualdades sociais e culturais. 

As tecnologias trouxeram grandes mudanças para o cenário social mundial e todos estavam procurando um caminho para amenizar as angústias advindas com as transformações. E como vamos nos apoiar em redes sólidas é o porto seguro para que possamos navegar com tranquilidade por águas incertas; e claro... não esquecendo de fazer as perguntas certas. 

 

(*) ALIANA CAMARGO COSTA é jornalista, Mestre em Estudos de Cultura Contemporânea pela UFMT e Doutoranda em Educação pelo Programa de pós-graduação  em Educação da UFMT.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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Anderson Ataide Costa 12/02/2020

A chupeta foi substituída por table e celulares... O choro da inquietude infantil deu lugar a um som distorcido e sintetizado de jogos... Pais anestesiado seus filhos... Tecnologia???

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