Em 30 de outubro é comemorado o Dia da Merendeira. A data exalta as muitas profissionais que atuam para a garantia da alimentação de qualidade e saudável para crianças e adolescentes.
É certo que muitas crianças aprendem a se alimentar de forma equilibrada, com o trabalho dessas profissionais. Sempre com um belo sorriso a delinear o rosto, elas se esmeram em carinho para com aqueles e aquelas que irão degustar as refeições. O principal viés da data é a valorização e visibilidade dessas profissionais, que não raras vezes são responsáveis por criar memórias afetivas.
As merendeiras ocupam papel de destaque nos direitos humanos, sendo responsáveis, em muitos casos, pela preparação da única refeição do dia de crianças e adolescentes. O Brasil tem aproximadamente 150 milhões de pessoas com insegurança alimentar. Assim, elas também contribuem enormemente, garantindo o direito à educação, para que a evasão escolar não aconteça. A fome retira a vontade de frequentar o ambiente escolar, sendo a merenda um fator a contribuir para que o direito à educação ocorra. É na primeira infância que os alimentos se encontram atrelados ao desenvolvimento do indivíduo. Inclusive, as merendeiras narram histórias contadas por alunas e alunos, sobre as muitas dificuldades das famílias brasileiras, ouvidas no momento tão rápido dessa entrega alimentar.
Escassas são as profissões predominantemente femininas, sendo as exercidas na educação, principalmente as de merendeiras, um ponto alto de representação do labor das mulheres. O papel do cuidado não é destinado apenas para o gênero feminino. Todavia, a sociedade machista, patriarcal e misógina sempre as “empurra” o mister. A educação, primordialmente na sociedade capitalista, tem nelas o esteio a segurar com as mãos firmes, essa força de trabalho. A educação básica e fundamental, que oferecem a base escolar, é desenvolvida, em grande maioria, por elas.
É de fundamental seriedade a discussão no ambiente escolar sobre a misoginia, o racismo, a homofobia e a transfobia, e as suas implicações. Formar pessoas, as vendo desenvolver, é perpassar por socialização e reproduções de papéis de gênero. A função da escola e de todos os seus servidores e servidoras é primordial para (des)construir práticas fundadas em subalternizações e preconceitos.
Lembro-me, com ternura, das muitas “Tias da Escola”, como as chamávamos. Rememoro os alimentos por elas preparados, especialmente a sopa de soja e o leite com chocolate. O carinho que elas costumam nutrir pelas crianças e adolescentes é tamanho, que chamam pelo nome quando o preparo é de especial agrado. É preciso entender que o labor das merendeiras não se exaure no dia a dia, pois elas servem o almoço já pensando no preparo alimentar do próximo dia.
A única troca esperada, é o elogio à comida. Quando ouvem que o alimento está apetitoso, cumpriram com a tarefa.
A elas, todo respeito e amor!
(*) ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é Defensora Pública Estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.
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